AIIan
Kardec
Editorial
Reformador
(FEB) Setembro 1925
Muito se há escrito a propósito da personalidade
do Mestre a quem rendemos vivas homenagens de gratidão e respeito, toda vez que
se comemora o aniversário da humanização de seu alevantado Espírito. Já não há
mister, quando celebramos o transcurso de cento e vinte anos de sua reencarnação,
realçar de novo os dotes do ínclito missionário,
que de todos nós são conhecidos, mas reputamos da maior necessidade evocarmos,
nesta quadra difícil da nossa vida de propugnadores da doutrina que nos ele
legou; a regra a que se cingiu, no labor árduo da implantação da doutrina espírita
no mundo,
malgrado a veemência da pirronice (desconfiança permanente) e à intolerância
dos espíritos fortes e árbitros do progresso.
Queremos, ainda uma vez, relembrar a
fórmula vitalizadora do seu esforço: trabalho,
solidariedade e tolerância.
Também nossa deve ser essa regra de
ação. Se temos a missão de vulgarizar o Espiritismo nos rincões de Santa Cruz,
jamais o faremos sem a solidariedade dos nossos Espíritos sem o trabalho
perseverante, que desconhece fadiga e desânimo sem a tolerância, que é o apanágio
dos Espíritos esclarecidos.
Não, de certo, a implantação do Espiritismo
no seio das grandes coletividades, exige que os seus obreiros se unam em vasta
cadeia, onde todos operem para um mesmo fim, de tal sorte, porém, que a atividade
seja impessoal e uniforme.
É contra o Insulamento que devemos reagir
sempre, porque no próprio instante em que da cadeia romper-se um só elo, a
confusão se estabelecerá e com ela a divisão. Todo o reino dividido não
subsistirá, diz Jesus; não poderá, pois, a operosidade divergente dos que
propagam o Espiritismo contribuir para a sua generalização, vencendo a
barreiras dos que o combatem.
O exemplo da união é eloquente mesmo
entre os adversários das nossas crenças. Ninguém contestará a supremacia do fraco
contra os fortes, quando arrimados uns nos outros, unidos pelos sentimentos heroicos.
Dificilmente desbaratam, porque o espirito de solidariedade sabe despertar-lhes em a
natureza profunda a energia vitoriosa.
E, quando a luta é em prol da verdade,
quando se busca servir a Jesus Cristo, esclarecendo a Cristandade, restaurando
o Evangelho, os coxos e esfarrapados a quem foi assignada tamanha tarefa,
deverão permanecer unidos como o foram outrora os apóstolos e primeiros cristãos.
Unidos pois, solidários, coesos c firmes, a coberto dos assaltos do homem velho,
devemos nós nos encontrar, colocando a doutrina acima dos interesses, servindo-a
como o nosso Mestre desejava dos espíritas do seu tempo.
Essa a forma expressiva de comemorarmos
dignamente e a data da reencarnação
desse gênio benfazejo: é inspirando-nos nos exemplos de abnegação de que deu sobejas
provas.
E, se difícil foi a revelação da doutrina
ao mundo, pelo que se abroquelou (resguardou) no lema que deixou á posteridade, ele
o Espírito de escol, quão mais difícil não o será para nós outros o cumprimento
do dever que temos de propaga-la, sentindo-nos, como nos sentimos, ainda tão
presos a um passado de paixões! Acolhamo-nos à sombra do estandarte: trabalho,
solidariedade e tolerância, e teremos feito, na hora presente, o que de nós
pode e deve ele esperar e com ele Jesus, seu e nosso Mestre.
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