A posição do Espírita
Sayão
Reformador (FEB) Maio 1976
Desça sobre
nós o amparo da Virgem Santíssima.
Serenemos
nossos corações diante
das rudezas que o mundo nos reserva, sem que nos afeiçoemos à serenidade enganosa do remediado está o que não tem remédio, uma vez que já
entendemos que sempre haverá, dos Céus, o
acréscimo
de misericórdia, porque Deus prevê os
acréscimos de nossa intolerância.
Consideremos a
posição do Espírita de rara importância diante das renovações sociais que, aos poucos, se
impõem às estruturas
esgotadas de nossa sociedade em
decadência.
Não decaem os
homens, pois o Espírito não retrograda;
decaem os conceitos da maioria, em
ligação com a influência agressiva dos que ainda não se
elevaram. Os que já se libertaram não
retornarão ao poço das culpas.
Consideremos a medição do
grau das tensões mundiais, através do
termômetro do Cristianismo: este é, em suma, o dever
primordial do Espírita; avaliar para oferecer solução, exemplificando. É a temperatura do corpo que
acusa o medicamento a ser ministrado. Remédio correto para a moléstia clara. Vale isso para o corpo humano,
limitado; só em caráter extremamente relativo poder-se-á aplicá-lo às moléstias sociais: os males do mundo, se costumam resumir-se
numa só origem - orgulho -, exigem tal complexidade de considerações, para que sejam sanados, que
não poderemos considerar nada relativamente: precisaremos
ser absolutos em nosso relativismo, uma vez que não podemos
ser essencialmente absolutos. Não haverá planos incomunicáveis para a cura
lenta da ferida social. Necessitaremos aliar a atuação
junto ao indivíduo
à ação constante e incansável nos alicerces da sociedade: há que se
agir do indivíduo para o grupo, assim como,
concomitantemente, do
grupo para o indivíduo. E será este o meio único de encontrarmos quanto de intersecção entre as necessidades do homem e as imperiosidades da sociedade, de que aquele vem a ser uma parcela.
grupo para o indivíduo. E será este o meio único de encontrarmos quanto de intersecção entre as necessidades do homem e as imperiosidades da sociedade, de que aquele vem a ser uma parcela.
Há de ser o
Espiritismo - e só ele - o Grande Apóstolo
dos tempos novos, o único capaz de manter a serenidade perante os
desafios do quotidiano; há de ser ele
o só bálsamo a que a sociedade será
permeável, não em
razão de ser o Espiritismo a panaceia que creem muitos, mas, sim, a
organização divina que age sobre o íntimo de cada criatura, levando-a à reformulação de antigos
preconceitos;
o único fio de pensamento capacitado a
manter-se lúcido ante as loucuras dos tempos modernos,
que de novos só têm a reação que,
finalmente, se faz vista, mas que procede de velhas aberrações da humanidade.
Caberá ao Espírita não permitir que o Espiritismo
se transforme em mais uma seita, em mais um punhado de dogmas e preconceitos. Caberá ao Espírita zelar pela manutenção da base doutrinária, que é a
sua pureza. Que,
no entanto, a vigilância dê o alarma, quando,
para neutralizar um exagero, estivermos
penetrando em outro; e que jamais se entenda por pureza doutrinária
quer a estagnação
quer a fantasia, ambas primacialmente contrárias
aos princípios codificados por Kardec, e que outros não
vêm a ser, senão os que foram estabelecidos não pelos
homens, mas em razão dos homens, e sempre em consonância com planos que nos escapam de
muito à compreensão, e que nos cabe, aos poucos, segundo as necessidades das épocas, filtrar, sem idéias personalíssimas, e
cumprir, com a perfeição possível, porque também
neles o selo divino se estampou por
presciência, a favor dos homens.
Cumpramos,
pois, com nossas tarefas, certificados de que o
Senhor não indagará de nós a que pensamento nos filiamos,
senão a que obras de amor nos demos, com
todas as forças de nosso Espírito.
Sayão
(Mensagem recebida na reunião do Grupo Ismael, na FEB, em
12-12-1975.)
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