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terça-feira, 5 de agosto de 2014

O Pensamento de Hermínio Miranda


                       "Precisamos de mais pesquisas, mas não precisamos de repetir incessantemente as velhas formas de experiências de laboratório que os parapsicólogos vêm reproduzindo há tantos anos. Todos concordamos em que os fenômenos psíquicos de fato existem. Não podem ser postos de lado como fraudes ou alucinações. Uma vez que existem, os cientistas devem examiná-los, devem admitir que eles se enquadram no domínio da lei natural e devem estudá-los.

            Mas, para nós, como cristãos, tais coisas são importantes porque são da mesma natureza da que deu poder à Igreja primitiva e, na verdade, a todas as religiões do mundo. Estamos interessados em todas as experiências relatadas na Bíblia e que possam ser repetidas hoje. Durante os 40 anos em que tenho realizado esse tipo de trabalho, presenciei, em manifestações psíquicas, quase que todas as espécies de "milagres" registados na Bíblia.

Hermínio Miranda
Trecho de artigo sob o título ‘Lendo e Comentando’ 
in Reformador (FEB) Fevereiro 1962

O Pensamento de Hermínio Miranda


                         ... o leitor pode ver nitidamente que os nossos irmãos das religiões dogmáticas - pelo menos os mais esclarecidos - estão sentindo que é preciso fazer alguma coisa para salvar a ortodoxia da falência. A solução que indicam com tanta veemência é um exame criterioso do Espiritismo, para ver o que de autêntico possui esse grande movimento filosófico-religioso. E muita gente vai ficar surpresa ao verificar que há coisas maravilhosas no Espiritismo. Sempre sustentamos esse ponto de vista de que é irracional para as chamadas religiões oficiais combaterem o Espiritismo, justamente, porque dele lhes poderá vir o sopro de vitalidade de que tanto necessitam para sobreviver da tremenda luta contra o materialismo.

Hermínio Miranda
Trecho de artigo sob o título ‘Lendo e Comentando’

in Reformador (FEB) Fevereiro 1962

O Pensamento de Hermínio Miranda


         ...demonstrando conhecer na intimidade o pensamento do próprio Deus, o Prof. ... acrescenta, muito doutoral: "Deus não escondeu a verdade tão profundamente que ninguém possa desenterrá-la." Mas, afinal de contas, bem pensado,o Prof. ... tem alguma razão neste ponto. De fato, a verdade do Espiritismo não está enterrada nas profundezas do mistério e do desconhecido. A cada momento estamos todos nós, crentes e descrentes, tropeçando com ela em nossos caminhos. O que nos falta, quase sempre, são aqueles maravilhosos "olhos de ver" de que nos fala a palavra do Mestre.


Hermínio Miranda
Trecho de artigo sob o título ‘Lendo e Comentando’

in Reformador (FEB) Fevereiro 1962

Conversa com os Médiuns



Conversa com os Médiuns
Percival Antunes (Indalício Mendes) 
Reformador (FEB) Fev 1962


            Entre as obras de alto valor doutrinário que a Editora da Federação Espírita Brasileira tem divulgado, encontra-se "Ensinos Espiritualistas", de William Stainton Moses, médium de diversas mediunidades, que desfrutava de enorme prestígio em sua época, não só por sua erudição como por sua esmerada educação moral.

            Médium do nobre Espírito "Imperator", pode ele legar ao mundo um dos livros mais interessantes e elevados da literatura espírita.

            Dele vamos reproduzir, para esclarecimento dos leitores que ainda não o conhecem, algo relativo aos médiuns. São conselhos de "Imperator", que devem ser seguidos à risca.

A atitude dos médiuns

            "Todos os médiuns muito desenvolvidos devem ser circunspectos; é sempre perigoso, para eles, fazer parte de grupos submissos a influências que lhes são desconhecidas. Forcejai por vir ao Centro com o vosso espírito paciente e passivo, e assim obtereis mais facilmente o que desejais."

            Nota - Esse perigo, de que fala "Imperator", também pode atingir os médiuns incipientes, mal orientados ou rebeldes, que não sigam as instruções do Guia ou do seu Diretor de trabalhos mediúnicos. O médium somente deve trabalhar sozinho depois que para isso estiver autorizado pelo Guia. E somente os médiuns desenvolvidos se encontram capazes disso. Os outros, inexperientes ainda, não devem fazê-lo, pois ficariam sujeitos a perturbações nocivas e a contratempos perigosos.

Cuidados necessários

            "Imperator" fez com Stainton Moses o que o igualmente nobre Espírito Emmanuel sói fazer com Francisco Cândido Xavier: ampara-o, orientando-o. Em sua ausência, outros Espíritos igualmente dedicados, como "Rector" e "Prudens", faziam-lhe às vezes, com idêntica elevação de propósitos. "Deveríeis sempre preparar-vos no moral e no físico para ficar em estado de vos comunicar. Já vos dissemos que não podemos operar quando o estômago está repleto de alimento e hoje acrescentaremos que o organismo não deve estar enfraquecido.”

            "É tão inconveniente debilitar as forças vitais, deixando de se nutrir, como embrutecer-se pela gulodice e pela bebida. O ascetismo e o completo abandono aos desejos são extremos que nada produzem de bom. O estado intermediário deixa as forças corpóreas em perfeito equilíbrio, enquanto as faculdades mentais são nítidas e calmas. Requeremos uma inteligência ativa, nem débil nem sobre excitada, e um corpo vigoroso, sem excesso nem desfalecimento...

            "Cada homem pode, pelo exercício de uma fiscalização judiciosa sobre si mesmo, chegar a esse estado, que o torna ao mesmo tempo mais apto a desempenhar a sua tarefa na Terra e a receber as instruções que lhe são enviadas. Os hábitos cotidianos são muitas vezes mal dirigidos, o que torna doentes os corpos e os espíritos. Não indicamos regimes fora da recomendação de ter, em tudo, cuidado e moderação. Quando estamos em contato pessoal, podemos então dizer o que convém às necessidades particulares. Cada um deve procurar o que melhor lhe convém.

            "Ensinar a higiene do corpo como a da alma, faz parte da nossa missão. Declaramos a todos que o cuidado judicioso do corpo é essencial ao progresso da alma.

            "O estado de existência artificial que prevalece; a ignorância quase total do que concerne à nutrição e ao vestuário; os viciosos hábitos de excesso, que estão muito espalhados, são obstáculos sérios para atingir a verdadeira vida espiritual."

            Nota - Soberba lição, essa. E muito oportuna também em nossos dias. É ideal que os médiuns, ao se dirigirem ao trabalho mediúnico, levem o corpo e a alma limpos. Tudo que contraria a higiene constitui forma de vibração negativa.

Receptividade do médium

             A tarefa mais difícil para nós é escolher um médium pelo qual as comunicações de Espíritos elevados possam tornar-se públicas. 

            "O médium deve ter faculdades receptivas, pois não podemos inocular em seu cérebro maior número de informações do que as que pode receber; além disso, ele deve afastar-se de estultos preconceitos mundanos, convindo que tenha retificado os erros da sua mocidade e provado que pode aceitar uma verdade, ainda que seja impopular.

            "Ainda mais: deve estar livre do dogmatismo teológico e de ideias sectárias preconcebidas. Não deve estar sob a influência de noções terrestres, nem permanecer ligado à enganadora ilusão de que ele sabe, pois isso é ser ignorante de sua própria ignorância."

Conselhos aos médiuns

            "Mantende-vos tão passivo e tranquilo quanto o puderdes, e não experimenteis comunicar-vos conosco quando estiverdes excitados pelo trabalho, agitado por aflições ou com o corpo fatigado. Auxiliai para que aperfeiçoemos a nossa experimentação, em em vez de intervirdes para corrompê-la

            "Um corpo excitado ou inerte e um espírito vago e inativo impedem-nos de operar livremente.

            "Para nós, tudo está subordinado à educação do espírito, que deve desenvolver-se sem cessar."

            Nota - Depreende-se dai quão importante se torna também o ambiente de trabalho. Há necessidade de que os assistentes colaborem com boa-vontade, mantendo pensamentos puros e voltados para a tarefa que se realiza. Só pode trazer resultados satisfatórios a comunhão de ideias elevadas.

            Nestas poucas linhas retiradas de uma das obras mais notáveis do Espiritismo, terá o médium uma ideia pálida da enorme importância do trabalho que foi chamado a realizar."


domingo, 3 de agosto de 2014

A palavra de Mark Twin

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                     "Pensamento de Mark Twain, o grande humorista americano: 

"Esforcemo-nos por viver de tal forma que, 
quando morrermos, até o dono da casa funerária fique sentido. ""

citação de Hermínio de Miranda 
no artigo  “Lendo e Comentando”
Reformador (FEB) Novembro 1962

A Decadência do Espiritismo


A Decadência do Espiritismo

            Entendemos, ..., que o homem encarnado deve procurar por seus próprios recursos, limitações e possibilidades, as respostas às suas dúvidas, lutando pelo seu aperfeiçoamento moral e intelectual. Não obstante, a colaboração dos desencarnados é preciosa e indispensável. Convém não esquecer, aliás, que a Doutrina Espírita, no que tem de mais puro - a codificação de Allan Kardec -, é uma súmula dos ensinamentos professados pelos Espíritos desencarnados. Se essas relações nos fossem taxativamente prejudiciais, então os poderes superiores que, indiscutivelmente, orientam o Universo, não teriam colocado os encarnados ao alcance dos desencarnados e vice-versa, desde a madrugada da História. O objetivo dessa intercomunicação foi certamente o de facilitar o desenvolvimento espiritual da criatura, fazendo saber aos homens encarnados que a vida continua do outro lado; que a existência na carne é simples e curto acidente na estrada infinita e ascensional. Se é assim - e disso temos abundante evidência - então é tola e ridícula toda essa conversa de decadência. Se uma corrente espírita entra em declínio, arrastada pela miopia intelectual e moral de seus dirigentes, outra logo renasce mais pura e mais viva, porque os objetivos superiores do plano da vida não são assim facilmente abandonados pelos seres de elevadíssima hierarquia espiritual. Se a finalidade da vida humana, na carne e fora dela, é conduzir o homem para Deus - e nisso todos estamos de acordo -, o método ou os métodos de chegar àquela finalidade vão sendo postos em prática em acordo com os homens, em desacordo com eles ou a despeito deles. Lá chegaremos, disso podemos todos estar certos.

trecho de artigo sob o títuloLendo e Comentando
de Hermínio de Miranda

Reformador (FEB) Novembro 1962

sábado, 2 de agosto de 2014

Entes inesquecíveis


Entes
Inesquecíveis
Scheilla
por W. Vieira
Reformador (FEB) Novembro 1962

            Tu que hoje recebes o consolo e a orientação do ensino redivivo do Senhor, em espírito e Verdade, lembra-te amorosamente dos companheiros que retornaram, antes de ti, à Pátria Espiritual, muitos deles presentemente em amargurosos conflitos consigo mesmos.

            Legiões de irmãos desencarnados somente conseguem renovar o próprio destino, pejado de sombra, com as vibrações mentais de carinho e de apoio que lhes são endereçados pelos corações que lhes iluminam a memória na esfera dos homens.

            O teu próximo igualmente vive do lado de cá...

            O parente e o amigo que já partiram, não desapareceram...

            Encasulado que ainda te encontras na carne, não sigas indiferente à vida diversa em que te aguardam, necessitados de simpatia.

            Quantos deles te ensinaram! Quantos te serviram....

            Muitas das tuas brilhantes conquistas de agora foram levantadas na base das vigílias, das aflições, do suor e das lágrimas que sofrerem...

            Agradece-lhes a solicitude e o devotamento.

            Sê reconhecido à boa vontade daqueles que te instruíram.

            Falta eventual de notícias não exprime constante ausência.

            Entre os que ficam na Terra e os que demandam o Além, as relações pessoais continuam.

            Todas as almas afins já viveram milênios em comunhão afetiva e prosseguirão vivendo reunidas na Eternidade, que, aliás, nos expressa o caminho para a ascensão comum.

            Reencontrarás, proximamente, todos os que se foram...

            Não lhes removas a presença do templo íntimo.

            Não só as ondas emocionais de recriminação ou sarcasmo lhes torturam a vida, mas também o esquecimento e a frieza lhes martirizam as fibras da alma.

            Através da lembrança, envia-lhes motivações de estímulo e coragem que lhes soergam as forças!..

            Tua mensagem mental de ternura e gratidão ser-lhes-á abençoada luz no nevoeiro, porta aberta à libertação, vigorosa energia ao refazimento.

            Reconfortam-se em tuas meditações.

            Socorrem-se no culto de amor que lhes consagras.

            Aliviam-se em tuas preces.

            Mentaliza construtivamente todos aqueles que relacionas como sendo os teus queridos finados, os teus entes inesquecíveis, os mortos imaginários que te encharcam a alma de fel e pranto, fazendo que a tua saudade possa render bons pensamentos, em favor deles, por intermédio das boas obras.

            Se hoje não lhes consegues ver a forma nem auscultar lhes as dores íntimas, tanto quanto ontem, podes amparar e atender aos desventurados que te renteiarm os passos na existência diária, por eles considerados qual nova família do coração.

            Faze da caridade incansável o ponto marcado de reencontro ideal, cada dia, com todos eles, e interroga a ti mesmo:

            - De quantos não sou cúmplice dos enganos e das quedas que neste momento os fazem chorar?


Deveres Sociais


Deveres Sociais

Ismael Gomes Braga

Reformador (FEB) Novembro 1962

            O Espiritismo não se detém nas fronteiras da sociologia materialista, porque proclama a continuidade da vida social depois da morte do corpo.

            No capítulo 41 de "Justiça Divina" lemos que há bens que não podem ser monopolizados por ninguém, por serem patrimônio comum de todos, justamente como reconhecem os socialistas de todas as escolas, mas, onde estas encontram suas fronteiras intransponíveis, o Autor continua, porque a sociedade humana é muito mais vasta e sensível do que o Materialismo supõe.

            Leiamos algumas linhas:

            "Não retenhas, assim, os valores que entesouraste.
            Não desconheces que o pão excessivo é o prato do vizinho em necessidade.
            Entretanto, há diferentes recursos por dividir.
            Ladeando mesas fartas, há corações semi sufocados no desespero.
            Por trás dos gestos que te golpeiam, há tramas obscuras de obsessão.
            Na retaguarda dos crimes que te revoltam, há influências que não desvelas, de pronto."

            Vivemos fazendo amigos ou inimigos, pela nossa conduta, e esses amigos ou inimigos não morrem, como parece aos materialistas; eles continuam no Além-Túmulo colaborando para nossa felicidade ou desventura, com seus pensamentos e sentimentos, como nossos protetores ou perseguidores.

            Os problemas urgentes do pão, da habitação e da instrução são proclamados pelos socialistas e a sociedade vai caminhando a passos rápidos para resolvê-los. Há países que efetivamente já não conhecem tais problemas, como a Suécia, a Dinamarca, a Suíça e outros; mas a sociologia espírita não se detém aí, reclama a continuação dos esforços: - o amor a todos os seres, a colaboração dos dois mundos, do visível com o invisível.

            Esse belo capítulo 41 se encerra com estas linhas:

            "Felicidade, no fundo, é bondade crescente, para que a alegria se faça maior. E, sem dúvida, todos nós podemos dividir parcelas de bondade e alegria, mas a multiplicação vem dos outros.”

            "Justiça Divina" é um código de boa conduta que todos devemos conhecer e pôr em prática.


Nosso Irmão - 10


Nosso Irmão – 10
Casimiro Cunha
por Chico Xavier


Diante de todo aquele
Que sofre na provação,
O Cristo pede em silêncio:
"Ampara, que é nosso irmão".


Fim

Nosso Irmão - 9


Nosso Irmão – 9
Casimiro Cunha
por Chico Xavier


A quem te peça um favor,
Embora dizendo "não",
Sem grita e sem aspereza,
Atende, que é nosso irmão.


Nosso Irmão - 8


Nosso Irmão – 8
Casimiro Cunha
por Chico Xavier


Tiveste do adversário
Pedradas de ingratidão...
Calando, segue servindo;
Desculpa, que é nosso irmão.

Nosso Irmão - 7


Nosso Irmão – 7
Casimiro Cunha
por Chico Xavier


Viste o doente sozinho
No braseiro da aflição;
Não percas tempo em conversa,
Socorre, que é nosso irmão.


Nosso Irmão - 6



Nosso Irmão – 6
Casimiro Cunha
por Chico Xavier

Enxergaste o pequenino,
Sem roupa, sem lar, sem pão.
Não permaneças de longe,
Acolhe, que é nosso irmão.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Nosso irmão - 5


Nosso Irmão – 5
Casimiro Cunha
por Chico Xavier


Padece e chora o vizinho
Problemas em profusão.
Não te demores no auxílio;
Coopera, que é nosso irmão.

Nosso Irmão - 4



Nosso Irmão – 4
Casimiro Cunha
por Chico Xavier


O amigo a quem mais estimas
Ofendeu-te sem razão...
Não te dês ao derrotismo:
Perdoa, que é nosso irmão.


Nosso Irmão - 3


Nosso Irmão – 3
Casimiro Cunha
por Chico Xavier

Transformou-se o companheiro...
Agora, rixa, brigão.
Não te afastes, nem censures,
Suporta, que é nosso irmão.

Nosso Irmão - 2


Nosso Irmão – 2
  Casimiro Cunha
           por Chico Xavier

            Ouviste o parente em casa
            Gritando em voz de trovão,
            Não te aborreças por isso,
            Tolera, que é nosso irmão. 

sábado, 26 de julho de 2014

A Responsabilidade do Espírita


A Responsabilidade
do Espírita

Indalício Mendes
Reformador (FEB) Jan 1964

            Quando afirmamos que o estudo constante da Doutrina é indispensável à verdadeira compreensão do Espiritismo, não o fazemos sem uma base sólida. A orientação doutrinária somente será possível com a disseminação dos princípios que concorrem para o aperfeiçoamento moral do indivíduo. Se a explanação da Doutrina não for adequada à assimilação completa de cada um, seus efeitos serão insuficientes ou nulos. A só explicação da Doutrina não é bastante, bem o sabemos. Todavia, o esclarecimento das consequências benéficas, que a exemplificação de tais princípios pode proporcionar, será capaz de levar muitas pessoas a se tornarem realmente integradas no programa constante da Doutrina.

            O importante, portanto, é estudar cada ponto com paciência, explicá-lo bem, enriquecendo a explicação com exemplos comuns da vida cotidiana. Mas o essencial é exemplificar cada vez melhor.

            O Espiritismo não possui um corpo doutrinário complexo e ininteligível, pois nele tudo é claro. Mas precisamos compreender que o grau de assimilação intelectual de cada indivíduo varia muito. É preciso, portanto, que o explanador da Doutrina use uma linguagem simples e procure observar se as suas palavras estão sendo realmente bem interpretadas. Caso tenha qualquer dúvida a respeito, o melhor será repisar o ponto estudado, citando fatos como exemplo do que ocorre na vida diária, quer para evidenciar os benefícios do respeito à Doutrina, quer para deixar positivado que a não exemplificação dos preceitos doutrinários levará o homem a provações ásperas, que podem ser atenuadas ou evitadas com a mudança para melhor do seu comportamento em casa, no trabalho, onde quer que esteja.

            Se o Espiritismo não for utilizado para reformar aqueles que necessitam de progresso moral, então é porque não está sendo devidamente pregado nem se socorre de exemplificações adequadas para ilustrar a sua influência salvadora na vida terrena.

            Ninguém pode negar que estamos passando todos por provações sérias e que essas provações tendem a multiplicar-se, porque o panorama cármico do mundo terreno, nestes tempos que antecedem a alvorada do Terceiro Milênio, está sombrio.

            Pensa-se muito no Mal e pouco no Bem.

            Os descontentamentos fermentam a alma humana, predispondo-a a pensamentos e ações incompatíveis com a ordem e a paz. Fala-se muito em paz, pensando-se na guerra. Se todos aqueles que possuem problemas graves, de ordem moral ou material, procurarem orientar-se pelas lições prodigiosas de "O Evangelho segundo o Espiritismo", poderão, sem dúvida nenhuma, substituir suas inquietações por uma confiança maior em si mesmos, porque o que está faltando no mundo de hoje, mais do que no passado, é uma comunhão maior com Deus.

            A ambição malsã vem constituindo a base de quase todos os pensamentos. Por causa dela, redobram-se os conflitos, crescem as dores. A tolerância vai desertando dos corações e não são poucos os que supõem poder alcançar a justiça que reivindicam, semeando ódios, ferindo sentimentos e socalcando direitos alheios para valer o que acreditam ser os seus "direitos", "direitos" nem sempre justificados.

            Se é natural que todos busquem defender direitos legítimos, é absolutamente certo que todos são obrigados, antes de os reclamarem, a demonstrar que atenderam integral e corretamente aos seus próprios deveres. É justamente o bom cumprimento dos deveres que cria os direitos legítimos. Não será com violência, nem espezinhando o próximo, que cada qual conseguirá gozar bem o seu direito. Este é sempre uma decorrência direta do dever. Além disto, há outras obrigações de ordem moral que devem levar os homens a atitudes mais serenas e tolerantes, conciliadoras mesmo, quando tiverem de fixar as suas reivindicações. O que for obtido irregularmente, provocará consequências igualmente irregulares. Todos teremos sempre a colheita a que fizermos jus, tudo de conformidade com a semeadura que houvermos feito.

            Eis porque o espírita que deseja ser feliz em Deus deve, antes de tudo, condicionar sua conduta aos princípios que constituem a Doutrina Espírita, com base no Evangelho, certo de que as vitórias alcançadas, por outros meios, só lhe darão transitória satisfação, pois será fatalmente substituída por derrotas determinadas pela "lei de Retorno", isto é, pela Lei de Causa e Efeito, que é uma Lei de Justiça.

            É de grave importância o papel daqueles que assumem a responsabilidade de pregar a Doutrina Espírita e o Evangelho em Espírito e Verdade. Devem levar sua tarefa ao máximo de interesse e sacrifício, porque a Humanidade está jogando a sua sorte. Ela terá de mudar de rumo, pensando mais no Bem, policiando seu próprio comportamento, se pretende fugir com êxito de provações mais amargas que o futuro lhe poderá reservar.


A Queda dos Grandes Impérios

A Queda dos
Grandes Impérios
Cristiano Agarido / (Ismael Gomes Braga)
Reformador (FEB) Maio 1962

            Em todo o curso da História observamos a queda de poderosos Impérios que pareciam destinados à eternidade e, no entanto, corromperam-se e caíram.

            Vamos examinar aqui a constituição de tais organizações a fim de descobrirmos a causa de sua ruína.

            Ali está um vastíssimo Império. Já conquistou e submeteu à coroa todas as nações menores de sua vizinhança. Ocupa hoje um território que se estende por dois continentes. Dispõe de uma classe de fidalgos estreitamente ligados ao Imperador. Só dessa classe recruta ele oficiais para suas forças armadas, porque os fidalgos são fiéis à coroa pela sua própria conveniência vital.

            O Imperador concede os privilégios e títulos de fidalgo aos mais inteligentes, fiéis e abastados de seus súditos, incorporando-os assim à classe dos governantes. A esta classe pertencem todos os bens do Império, inclusive as escolas.

            O povo é abandonado à sua própria sorte, à ignorância, à enfermidade, à pobreza e não possui nenhum meio de defender-se contra os fidalgos, porque depende deles como escravo.

            Essa organização é fortíssima e vence séculos, mas o excesso de riqueza e de gozos materiais enfraquece moralmente os fidalgos que formam as classes armadas e a dos proprietários. Simultaneamente as dificuldades e privações dão rigidez moral à plebe.

            Vem uma longa guerra e o Império é invadido pelos exércitos inimigos, apesar de possuir poderosos aliados. Suas classes armadas revelam sua fraqueza e sua profunda divergência com o povo que lhes fornece os soldados. O povo sofredor se levanta e toma o poder, liquidando com seus inimigos de classe e com a própria família imperial.

            Correm rios de sangue. Os fidalgos verificam que suas forças armadas realmente não existem, porque não têm soldados, só têm oficiais e estes são corruptos, incapazes de manter a disciplina num exército de amotinados. Os soldados são os filhos do povo revoltado e não disparam suas armas contra seus próprios pais e irmãos, preferem atacar seus oficiais, sempre muito odiados e pertencentes à classe dos opressores. Todo o Império está reduzido a pó. As classes dominantes são mortas ou fogem para o exterior, onde vão recomeçar humildemente sua vida, como simples trabalhadores.

            Porque tudo isso ocorreu?

            Somente porque foi violada a Lei Divina de amor universal. O Império era baseado no bem-estar apenas de uma parte dos cidadãos, com abandono da grande maioria do povo.

            Hoje o mundo compreende que nenhuma ordem social é estável, se não cogitar do bem de todos, sem exceção, sem nenhuma espécie de privilégio de castas.

            Compreendido que as leis morais não podem ser violadas sem pavorosas consequências, tudo está mudando no mundo.

            Ouvimos e lemos com imensa esperança as declarações oficiais de nosso governo, no sentido de haver uma única meta a alcançar na administração dos bens públicos - a Meta Homem, à qual já nos referimos num artiguete publicado em "Reformador" de Outubro de 1961, páginas 231/2. A proteção ilimitada ao homem que até agora viveu no abandono, ao homem desajustado, ao homem inepto por falta de educação, de saúde, de meios de trabalho, tem que ser a cogitação constante dos governos.

            Essa mudança de mentalidade é mundial e transformará o Planeta de "mundo de expiações e provas" em "mundo regenerador".

            Chegaremos ao ideal de Guerra Junqueiro, de podermos dormir tranquilamente deixando a nossa casa aberta, porque ninguém necessitará de nossos bens. Dentro de cada homem haverá um policial sempre alerta - sua própria consciência.

            Mencionamos acima como exemplo a queda de um único Império, mas o Leitor inteligente se lembrará de muitos outros que já caíram ou estão caindo.

            A Doutrina Espírita reclama amparo social para todos, e acusa a sociedade de responsável por grande parte dos crimes que são consequência do abandono do homem, sem educação, sem proteção, sem meios de vida honesta.

            Em vez de lançar a primeira pedra no criminoso, examinemos nossa própria consciência como membros da sociedade que o deixou abandonado.

            Se é verdade que muitos Estados estão caindo como vítimas de seus próprios carmas coletivos, temos o consolo de verificar também o contrário, povos que já se aproximaram do ideal humanitário e atravessaram ilesos as grandes calamidades de nosso século de guerras e revoluções cruentas. Parece-nos que a Suíça e a Suécia só tomaram parte ativa nas guerras deste século como Cruz Vermelha, para socorrer vítimas, abrigar desamparados dos países beligerantes, amadas e respeitadas por todos eles.

            Se não estivermos enganado, a Suíça e a Suécia, que há mais de um século não entram em guerra e tomam parte ativa em todos os movimentos humanitários do mundo, são povos modelares para as organizações políticas do futuro. Pouco terão que melhorar em suas próprias instituições para serem perfeitos e se enquadrarem nos ideais do Terceiro Milênio.

            No Brasil e nos outros países da América tem-se ainda muito que fazer para alcançar esse ideal, mas já estamos dando os primeiros passos nessa direção.




quinta-feira, 24 de julho de 2014

Nosso Irmão - 1


Nosso Irmão - 1
Casimiro Cunha
por Chico Xavier
 Reformador (FEB) Novembro 1962

Se alguém te fala na rua,
Deitando lamentação,
Não passes despercebido
Escuta, que é nosso irmão.