“A
encarnação fluídica do Cristo”
Trecho do livro:
“A queda original segundo o Espiritismo”
por J-Guillet
(Pesquisa e
coordenação de
Jorge Damas Martins - Ed. CRBBM –
RJ)
CRBBM – Casa de
Recuperação e Benefícios Bezerra de Menezes – RJ -
Brasil
“Resta-nos para falar, como corolário da queda, a encarnação fluídica do Cristo, dito de outro modo, do “mistério da Encarnação”.
É nos Evangelhos de J. B. Roustaing,
tão ricos, aliás, em documentos espíritas, que se acham as explicações mais
completas sobre esta teoria que, sempre, tem apaixonado as inteligências, e
que, ultimamente ainda, tem provocado, muito inutilmente, um tão grande número
de objeções.
Com efeito, de duas uma: ou o Cristo
teve um nascimento comum, ou teve um nascimento “misterioso”. A primeira
hipótese deve ser absolutamente descartada por todo aquele que crê no
Evangelho, visto que o Evangelho é claro a este respeito. Em todo caso, e ainda
que se diga isso, é impossível considerar Jesus como um ser normal de nosso
planeta; tudo em sua vida, em seus atos, prova o contrário; sua entrada e saída
do mundo, tudo nele tem um caráter de tal modo estranho, que se é forçado a
reconhecer nele uma existência extra-humana.
Quanto ao seu nascimento “miraculoso”,
é uma outra questão. O Cristo não pode ter nascido materialmente, carnalmente,
sem intervenção humana; também essa maneira de ver tem ela por consequência
inevitável a negação da “maternidade” de Maria, no sentido usual da palavra.
Essa
opinião é confirmada pelo próprio São Paulo que vê em Jesus “o soberano
sacrificador, sem pai, nem mãe, sem genealogia! (He. 6:20 e 7:1), e para quem
Deus formou um corpo (He. 10:5), não um corpo comum, porque há corpos celestes
e corpos terrestres (I Cor. 15:40). Porém, ela é formulada no Evangelho, por
essas palavras de Jesus a sua “mãe”: “Mulher, o que há de comum entre vós e
eu? (Jo. 2:4), e por esta outra em que, falando de João Batista, Jesus
disse: “Não há maior do que ele entre os que são nascidos de mulher” (Mt.
11:11 e Lc. 7:28).
O próprio Cristo afirma, assim, seu “nascimento”
extraterrestre, dando a entender que ele não é nascido de mulher.
Aos racionalistas que contestam a
autoridade ou a veracidade do Evangelho, nós lhe diremos isto: Jesus, do qual
não se pode negar a existência na Terra, só é conhecido historicamente pelo
Evangelho; ora se negais o Evangelho, negais também a existência de Jesus.
Devemos então tomar o Cristo tal
como nos é apresentado, porque a negação do Evangelho sobre este ponto arrasta
a possível negação de todo o Livro; e uma vez por esse caminho, o que resta dos
profetas e da tradição hebraica?
Jesus
é então um personagem histórico real, visto que sua doutrina foi a base de uma
das maiores religiões que tenham existido na Terra, sua ação está manifesta no
estabelecimento que Ele prometera e anunciara.
Segue-se que seja necessário
prender-se à letra na leitura da Santa Escritura? Não. Diz-se que a Vulgata,
redigida por São Jerônimo, só contém, por assim dizer, o resumo do ensinamento
evangélico. Apesar disso, para a obra de são Jerônimo, todo espírita cristão
não pode se recusar a admitir a intervenção medianímica tanto quanto e talvez
melhor do que para “O Livro dos Espíritos, e que, por consequência, os Evangelhos
que ele redigiu são a reprodução quase fiel do pensamento de Jesus e dos
eventos que acompanharam seu “nascimento”, sua “vida” e sua “morte”.
O espiritismo tem sua base na palavra de Jesus, e “O Livro dos Espíritos” afirma que sua missão consiste em explicar esta palavra e em tornar a verdade inteligível para todos (627). Ora, onde encontrar a verdade se essa não está no Evangelho?
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