A Redação
Reformador (FEB) 16 de Fevereiro de 1937
Metonínia:
figura de retórica que consiste no uso de uma palavra fora do seu contexto
semântico normal.
Não pode
o crente espírita, por servir à causa da humanidade, que é de Jesus, eximir-se
a contingências de tempo e meio, jamais adequadas ao seu testemunho.
Dessarte,
por mais ásperas que se antolhem as provas, individuais ou coletivas, não
haverá como iludi-las para conceitua-las oriundas de um cego arbítrio humano.
Os males que
afligem a alma contemporânea, negrejando-lhe todas as clareiras de esperança,
representam simplemente o patrimônio de erros acumilados por sucessiva gerações
e que precisam, podem e devem ser retificados e resgatados.
E para que o
sejam, de direito e de fato, não valem idealismos de pura ficção, incapazes de
abranger a vida no sentido de uma realidade imanente, por elevar o homem acima
do mundo e de si mesmo.
Porque,
prefixar valores de harmonia e felicidade temporais, na só concepção
mecânica-biológica da criatura racional, é desconhecer-lhe a natureza íntima e
negar a própria história de su evolução planetária.
De parte o ascendente
de uma origem extra-terrena, que nos não propomos aqui alegar em abono de tese,
mesmo considerando instrumento automático de forças cegas e fatalistas, ainda
assim, não pode relegar-se o ser pensante à condição de elemento plástico, suscetível
de padronizações sistemadas.
Ainda
que conceituada a alma epifenômeno (produto
acidental, acessório, de um processo, de um fenômeno essencial, sobre o qual
não tem efeitos próprios) de funções orgânicas, tão rica, fecunda e multifária (que se
diz ou se exprime de muitos modos) se nos apresenta ela em seu complexo de atividades
e imperativos morais, que impossível, senão intulto, fora o pretender
imprimir-lhe rumos lineares definitivos e definidos.
A
história da humanidade em flutuação permanente de idéias e conquistas, a
repelir hoje o que afagou ontem, para desprezar amanhã o que hoje consagra por
melhor, é de modo a convencer os ideólogos e teóricos de uma sociologia
premonitória que a criatura de Deus não é pão de fornada por dosar-se,
conformar-se e cozer-se por termometrias (ciência e tecnologia da
medição de temperaturas e do estabelecimento de padrões para essa medição) mais
ou menos abstrusas e fantasistas.
Vem
daí, em grande parte, o maior mal que nos assoberba, partindo não tanto de
materialistas agnósticos (ateus), quanto de espiritualistas gnósticos (teístas), que,
estimando na criatura humana um princípio abmaterial, lhe negam, contudo, todo
um patrimônio psíquico de preformação orgânica, ou seja anterior e transcendente
ao corpo.
Segundo
a doutrina da Igeja, a alma é criada com o corpo, destinados uma e outro a uma
existência única, quanto efêmera e decisiva, na Terra.
Lógico,
então, se lhes figura facetar almas a seu nuto (consentimento),
porque em todas estima um cabedal primário original e substamncialmente
idêntico, tal como veem os mecanicistas fatlists, para os quais o cosmos não
passa de grande usina de energias cegas, despercebidos, todos, de que não
concorrem na natureza dois seres específica e absolutamente iguais, na essência
como na forma.
Uma
diferença, contudo, é de justiça assinalar a prol dos fatalistas, qual a de
pretenderem violentr a consciência alheia, reconhecendo-lhe prerrogtivas de
liberdade natural.
O grande
caso, porém, é que uns e outros não se forram de ilusionismo, supondo-se
agentes quando, na verdade, não passam de pacientes, incapazes de abranger as
consequências, não diremos remotas, mas até imediatas de seus planos e
convenções.
Admitamos,
também nós, o fator educativo, a infância mesológica (mesologia
- estudo das relações entre os seres e o meio ou ambiente.),
tudo enfim que possa contribuir para dignificar a espéie e felicitar a
existência material; mas, tenhamos em vista e de perto que os meios não podem,
jamais, superar os finsde ordem divina, providenciais.
A felicidade
humana não é progrm de um escola, de uma seita, para ser fixado e resolvido em
uma nem em dez gerações. Essa felicidade, fruto da evolução do Espírito, antes
que se possa definir-se em graus coletivos, tem que ser individual e parcial ou
relativamente realizada, pois ninguém concebe uma sociedade sã, composta de
indivíduos doentes.
Orientar,
esclarecer, sintonizar as criaturas de Deus em função de seus destinos é dever
que incumbe, não apenas aos genitores e pedagogos, mas a todo homem de ação e
consciência, no sentido de que o mundo é uma escola ativa e permanente, na qual
todos vivemos e morremos aprendendo, não para morrer, mas para viver
eternamente.
Cada época
acarreta os seus fatores seriais e providenciais.
Compreender
a sua época, pismatizar esses fatores contando com o só arbítrio humano, é o
que nos parece estultícia (estupidez) só justificável pela
imprecisa noção de nossos destinos.
Abstrair (não
levar em conta) esse objetivo congenial (conforme
o gênio, a natureza, a essência da) da
vida é iludir o conceito de felicidade humana, que se não prende à conquista de
efêmeros tesouros, de instintivos e precários, quão frequentes regalos, tão
certo é que presto degeneram se suicidam as civilizações mais refinadas.
Outra não é
a milenar lição da História.
Hoje,
entretanto, novas clareiras se rasgam à marcha dos povos, à proporçãao que se
generaliza um novo sentido de vida eterna, consciente, solidária e responsável.
A
Providência divina já nãp é uma simples expressão anfigurista (desordenada) ao
serviço de doutrinas mais ou menos metafísicas e oportunistas, de vez que se
impõe como fato palpável e tangível, inconteste, nas mínimas como nas máximas
soluções e diretivas mundanas.
Dir-se-ia
que a razoura da fé vai nivelando as consciências. O Cristo de Deus reivindica
o sei cetro, e não há escolas filosóficas, nem parlamentos, nem ágoras, nem exércitos
que possam abalar as vozes do Além, modificando de uma linha, para retardar de
um minuto, o rítmo dos seus desígnios.
Deixemos, pois,
aos cegos a presunção de senhorear o mundo, e não queiramos revidar no tumulto
das paixões que se entrechocam, nelas intermitindo-nos quando, em boa espécie,
só podemos considerá-las aquele levedo que fermenta toda a massa.
Aos mortos é
que importa o cuidado de enterrar seus mortos.
Nosso
combate, nossa atitude, nosso papel à face do mundo em derrocada só pode ser
reparador e construtivo.
Tem de
circunscrever-se e aferir-se na lei do amor, única força ativa no plano das realidades
eternas.
Haverá quem nos
julgue anódina e até ridícula a nossa tática...
Mas, que nos
importa o juízo apaixonado do mundo em convulsões, quando temos por nós a voz
da consciência, a voz dos nossos Guias e o juízo de Deus?
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