Fala o
Líder
G. Mirim (Antonio Wantuil de Freitas)
Reformador (FEB) Agosto 1944
Em entrevista concedida ao “O Globo”
de 7 do corrente mês, o prestigioso líder e chefe civil do Catolicismo
brasileiro, Sr. Tristão de Ataíde, acaba de declarar:
“As manifestações de ordem sobrenatural podem ser explicadas ou como manifestações angélicas ou como manifestações demoníacas através de meios humanos”.
Essa declaração é categórica. Afirma que, por intermédio dos meios humanos, ou seja, através de médiuns, os chamados mortos se comunicam com os vivos. Em duas classes divide o ilustre líder essas manifestações: angelicais e demoníacas. À primeira, segundo o criador da classificação, devem pertencer as que são recebidas pelos médiuns católicos, como a atual Teresa Neuman (*); e, demoníacas, todas as transmitidas através de criaturas que não pertençam à Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana.
Muito respeitável é o ponto de vista
do distinto líder, visto que a história das religiões nos apresenta outras
opiniões, todas, também, dignas de respeito. Assim, os sacerdotes do Judaísmo
só admitiam o que era pregado e ensinado pelos seus maiores e negavam qualquer
valor às palavras e ensinamentos do humilde Nazareno, chegando, mesmo, com o
poder de que dispunham, a condená-lo à morte, como impostor, herege e revolucionário.
Há, todavia, um ponto em que o
referido líder deve estar um pouco atrasado, apesar dos seus afamados dotes de
cultura e de inteligência. Os fenômenos não são sobrenaturais, como afirma.
Nada existe de sobrenatural nessas manifestações. Elas aí estão porque fazem
parte da obra divina, logo, não são sobrenaturais. E se assim as denominaram os
antigos, pela sua tendência ao misticismo e ao milagre, não podem os homens
atuais, que já lhes conhecem as leis por que se realizam, chamar-lhes sobrenaturais,
mas, naturalíssimas, e classificadas cientificamente por centenas de sábios
pertencentes àquele grupo que estudou o movimento da Terra, a circulação
sanguínea, o para-raios e outros fenômenos que os, mesmos líderes da Igreja
Católica classificaram, então, como demoníacos.
O Sr. Tristão de Ataíde prestou ao
Espiritismo um grande serviço. Os nossos irmãos católicos necessitam, de quando
em vez, ouvir a repetição dessa afirmativa da sua Igreja: “Os fatos são reais”. E necessitam porque, constantemente, lemos
artigos de certos figurões que se dizem católicos, os quais procuram negar a
existência desses fatos, apesar de se dizerem católicos e de apresentarem as
suas homenagens à Igreja a que estão ligados. É preciso que esses negativistas
saibam que a sua Igreja admite o fenômeno e que, negá-lo, é ofensa à infalibilidade
do Catolicismo.
Os nossos agradecimentos, pois, ao
líder católico.
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Um estudo psicanalítico de Neumann sugeriu que seus estigmas resultaram de sintomas de estresse pós-traumático expressos em auto-mutilação inconsciente através de uma autossugestão anormal.
Ela alimentou-se durante mais de
36 anos somente da Eucaristia.
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