Bilhetes
G.
Mirim (Antonio Wantuil de Freitas)
Reformador
(FEB) Outubro 1944
Seria contrário à ordem que preside
ao desenvolvimento de toda a criação, e isso podemos verificar em todos os
setores do progresso humano, quer no presente, quer no passado, oferecer ao
homem uma dose excessiva de conhecimentos, para os quais ainda não se encontra
preparado. Assim como afirmamos que a Natureza não dá saltos, também podemos
assegurar que a criatura não pode, de um pulo, passar da ignorância para a
sabedoria completa.
Os espíritas observamos, aliás com
tristeza, que alguns dos que aderiram ao Espiritismo, sem a, devida preparação
religiosa, sem a passagem pela escala espiritual evolutiva, caminham entre as
luzes da Terceira Revelação, qual cegos, tal como o médico, o engenheiro ou o
advogado que burlasse a lei e conseguisse diplomar-se sem percorrer os bancos
primários, ginasiais e superiores.
Temos, desse modo, no Espiritismo,
criaturas habituadas às promessas e aos pedidos de toda sorte, autorizados pela
religião donde vieram, a dirigirem aos Espíritos aqueles mesmos pedidos de auxílio
material. E outros que, vindos dos chamados meios materialistas, procuram
satisfazer aos seus desejos e neles ficam a vida inteira, não encontrando no
Espiritismo senão o prazer de ver e observar os fenômenos físicos, sem deles
tirarem qualquer proveito para o progresso espiritual que deveriam realizar.
Nada disso, porém, está errado, porque o caminho de
cada criatura, apesar de evolutivo, deve ser lento e metódico, de encarnação em
encarnação. Essa evolução e consequente salvação de todas as criaturas, sem que
uma única seja abandonada à eternidade do imaginário inferno, é o ensinamento
básico do Espiritismo, a única filosofia religiosa, aliás, que prega e
documenta essa verdade, até então desconhecida pelas velhas interpretações
religiosas que não puderam compreender a bondade e a justiça do Criador e Pai.
Toleremo-nos reciprocamente e
amemo-nos como recomendou o Mestre e, assim, conseguiremos não só a nossa
própria salvação, mas, também, a da coletividade que deve caminhar conosco,
através de todos os obstáculos surgidos de nossas imperfeições, até alcançarmos
a felicidade da conquista da sabedoria, compreendendo a finalidade da nossa
existência e a perfeição das Leis Divinas.
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