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quinta-feira, 1 de agosto de 2019

O problema de N.C.S.




O problema de N.C.S.
Newton Boechat
Reformador (FEB) Janeiro 1951

O nosso amigo N. C. S. é uma criatura inteligente e boa, mas, de há muito queima os fosfatos para de um "modo positivo", achar o “x” do problema que o atormenta.

Perguntou-nos ele se encarávamos “u'a morte violenta”, ou melhor, uma catástrofe que vitimasse inúmeras pessoas, trazendo para as suas famílias o manto negro da dor, como “uma fatalidade”, “um destino”, ou, ainda, “uma predestinação". (1)

(1) As palavras e trechos entre aspas, foram transcritas da própria carta do inquiridor.

Se filiados à concepção religiosa de uma única existência no mundo em que respiramos, ou presos às filosofias materialistas do século atual, houvéramos, certamente, encontrado dificuldade em responder ao amigo do nosso coração, numa palavra: estaríamos na impossibilidade de resolver o problema que o intriga...

Entretanto, usando de benditos esclarecimentos que nos confortam a alma, menos difícil será, portanto, aventurar-nos à resposta.

O amigo N.C.S. é católico (direito que lhe assiste, por sinal) e se esquece de que os segredos guardados por muitos anos entre os iniciados das antiquíssimas doutrinas secretas, quer no Egito, na Pérsia, na Grécia, milenar e legendária ou,  mesmo, na época dos Druidas, foram exteriorizados numa doutrina - o Espiritismo - que Kardec (2) codificou, dando cumprimento assim à promessa de Jesus de que enviaria mais tarde o Consolador Prometido que “ficaria conosco eternamente" (3).

(2) Dr. Leon-Hippolyte Denizard Rivail, poliglota e médico francês, discípulo direto de H. Pestalozzi.
(3) João, 14:16-17; 14:26; 15:26 e 16:7-15.

Com a Excelsa Doutrina dos Espíritos dissipou-se a bruma de nossos olhos e melhormente pudemos ver e analisa os problemas do Ser, do Destino e da Dor.

Se a reencarnação foi a chave, a comunicabilidade dos Espíritos com os  humanos foi a porta que nos abriu o pórtico da Imortalidade, mostrando-nos,
qual estupendo e exuberante facho de policrômicas luzes, a sobrevivência da alma e a existência de Deus.

Usando das revelações do Senhor, temos uma resposta para o amigo N. C. S. - a melhor entre as as melhores - que encontramos na sublime obra mediúnica que é "Os Quatro Evangelhos” recebida pela médium Emillie Collignon, de Bordéus (França) e coordenada pelo advogado J. B. Rounstaing que, juntamente com Léon Denis, Gabriel Delanne e Camille Flammarion, fora designado, pela Espiritualidade Superior, para coadjuvar o Dr. Léon Hypolyte, no seu extraordinário esforço de síntese (4):

(4) Vide a obra "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", de autoria do Espírito de Humberto de Campos, ditada ao médium Francisco Cândido Xavier, capítulo 22.

Aquele que, ao encarnar, escolheu por provação a morte violenta, precedida das angústias e alternativas que cercam os últimos momentos do náufrago, sujeito a se debater entre a submissão ao Criador, a resignação, o remorso das faltas pessoais, a confiança da bondade divina e o pavor, a blasfêmia, a raiva insensata que se apodera de alguns nessa hora terrífica, será levado, pelo seu próprio espírito, a preferir um navio a outro, a se ver urgido por um negócio a embarcar em determinada ocasião, a contar mesmo com um acaso feliz, com a sorte, com a sua boa estrela. E partirá, porque, durante o desprendimento a que o sono dá lugar, o seu Espírito se torna consciente das sérias obrigações que contraiu e toma de novo a resolução de conduzir o corpo à situação em que, unidos, devem ambos terminar suas provas, voltando este à massa comum e libertando-se ele, o Espírito, da escravidão corporal e readquirindo a liberdade. A resolução assim retomada e da qual não resta lembrança no estado de vigília deixa no homem uma impressão vaga que vem a constituir o que ele chama a sua inspiração, a determinante de seus atos.”

Esclarece, mais, “Os Quatro Evangelhos", no seu tomo II, o seguinte:

“Assim como não pode prever o seu naufrágio, também o homem não prevê a hora em que as chamas de um incêndio lhe devorarão a casa em que será sepultado pelo desabamento da escavação, da mina, pedreira onde trabalhe e os que tem de perecer desse modo, perecem. Porquê? Porque semelhante ao naufrágio, escolheram, para terminação da vida terrena, a morte violenta, cercada das angústias e alternativas das daquele e precedida na mesma luta entre a submissão ao Criador, a resignação, o remorso, a confiança na bondade divina e o pavor, a blasfêmia, o desespero. Como o náufrago, foram levados, pelos seus próprios Espíritos, a preterir uma habitação a outra em certa ocasião, a preferir, para trabalhar, esta escavação à aquela.  

“Os que tenham de perecer de qualquer desses modos, por haver soado a hora final de suas provas terrenas e por serem de qualquer desses gêneros a provação e a expiação que escolheram, perece inevitavelmente.”

E finalizando, por agora:

“Os que devem escapar à morte, por não haver soado ainda aquela hora, escapam. Os meios de salvamento lhe são facultados pela influência e pela ação dos Espíritos prepostos.”

Posto isto, consideramos, em nossa vida diária as múltiplas circunstâncias:

Porque aquela nossa indisposição e cancelamento da viagem no avião sinistrado?

Qual foi a razão de havermos perdido o navio que fora afundado em alto mar?

Por que motivo não tomamos o noturno que descarrilara serra abaixo, vitimando os seus passageiros?

São situações qualificadas pelos incrédulos e indiferentes como “as meras coincidências”, “as sortes” e as “fatalidades cegas”, mas que para nós outros, esclarecidos pela Doutrina que abraçamos, nada mais representam do que o dedo da, Providência, supervisionando tudo e todos, na marcha da vida.


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