Inspirações – 10
por Angel
Aquarod
Reformador (FEB) Outubro 1923
VISANDO A FRATERNIDADE
ESPIRITA
Queridos meus: Cumprindo a
missão que me impuserem, e por mim aceita com a máxima satisfação, continuemos
ocupando-nos com o que interessa à boa marcha do Espiritismo.
Não se pode exigir dos
adeptos da Nova Revelação, nem tampouco dos de qualquer outra escola, um
proceder impecável. Isso está fora do alcance do homem atual, por mais evoluído
que se ache e por maior que seja sua vontade de progredir. Porém, aos espíritas
se pode pedir que se esforcem, mais do que atualmente o fazem, para conformar
seu proceder com a doutrina que professam.
A primeira coisa que vos
deve prender a atenção e a de todos vossos confrades é a relação de perfeita
fraternidade em que deveis estar uns para com os outros e umas para com as
outras as coletividades.
Tomem para si os espíritas
aquelas memoráveis palavras do Redentor do mundo, que constituíram o seu último
mandamento: “Amai-vos uns aos outros,
nisso conhecerão os homens que sois os meus discípulos, se vos amardes
mutuamente como eu vos amei.”
Este mandamento divino
geralmente o olvidais, o que é causa de imensa perturbação em vosso campo,
impedindo maior esforço pelo desenvolvimento dos novos princípios, pois que não
se pode confiar labores de ordem mais elevada, que esperam ocasião oportuna, a
servidores que realizam com sensível imperfeição a tarefa que lhes cabe, não
porque lhes falte aptidão para aperfeiçoá-la, mas porque se deixam dominar por
baixas paixões, que deveriam estar extintas para sempre, para sempre sepultadas
nas profundezas do panteão do olvido.
Quando conseguirá a família
espírita viver em completa e exemplar fraternidade? Longe está o dia em que
isso se possa conseguir. Outros Espíritos terão que incarnar na terra e que
invadir as fileiras espíritas trazendo muito desenvolvido o sentimento da
fraternidade, a fim de indicarem o verdadeiro rumo para a solução de todas as
vossas questões, encaminhando-as a porto seguro, estabelecendo o padrão que
deverão imitar nas suas relações os adeptos e os núcleos coletivos. Os adeptos
atuais reencarnarão novamente, para seguir o exemplo que verão implantado,
aproveitando melhor que agora as lições dos grandes Mestres.
Estais atualmente executando
um labor de aprendizes aliás pouco adiantados. Esse labor é o que corresponde ao
atual estado do Espiritismo e o que hoje se pode conseguir na terra, dado o
modo de ser da sociedade contemporânea. Quando chegar a hora, os obreiros fieis
e práticos no bom labor serão escolhidos e se confundirão com os espíritos
superiores, que hão de implantar os novos moldes. Os outros, por ineptos ou
infiéis, serão excluídos, ficando, porém, como servidores de última categoria,
para desempenhar funções subalternas. Porque, sempre, e em toda a espécie de
organizações, são necessários espíritos dessa categoria, os quais, exercitando-se
nos trabalhos que lhes são adequados, aprendam com os Mestres e se tornem aptos
a prestar serviços úteis, de acordo com a capacidade e os merecimentos que vão
adquirindo.
Mas, a era em que tudo isso
se dará poderá ter seu advento mais ou menos apressado, na medida em que os
espíritos que se forem sucedendo, aproveitarem dos ensinamentos do Espiritismo,
para por este pautarem seu proceder.
O que mais urge, pois, nas
fileiras espíritas, para apressar o advento desse período que anunciei, é o
desenvolvimento do sentimento da fraternidade, que abrange o da mais completa benevolência.
Entre os espíritas de todos
os países se nota uma espécie de desconsideração, até mesmo de desprezo, pelos
confrades que dissentem do modo de apreciar certos pontos doutrinários, que se
entregam a determinadas práticas, ou que carecem da cultura de que os outros se
julgam possuidores. E o que ocorre no terreno individual, ocorre também na
ordem coletiva.
0s que se consideram com
maiores possibilidades intelectuais olham com verdadeira indiferença, quando
não com censurável desdém, para os que se lhes afiguram mais ignorantes. Os que
colocaram a razão como Senhora absoluta do seu modo de apreciar, rendendo-lhe
culto de Deusa, têm por fanáticos quantos creem no que se lhes ensina, sem
fazerem trabalhar muito a inteligência na análise da doutrina e práticas que se
lhes mostrem como indispensáveis, necessárias ou recomendáveis á do
Espiritismo.
As coletividades, em geral,
se olham como rivais, presas de fanatismos censuráveis, em luta com a razão e o
bom senso. Todas se julgam as únicas organizadas conforme a reta doutrina espírita
e consideram as práticas que adotam como as melhores, reprovando as preferidas
por outras entidades, desde que sejam diversas.
E assim é em todos os
aspectos que oferece a vida espírita. Esta má predisposição para a fraternidade
e para a benevolência aproveita-a o espírito da discórdia que inspira a umas e
outras coletividades o isolamento, fomentando, primeiro, antagonismos irredutíveis.
Tudo isso é necessário que
acabe, devendo contra isso reagir os que estão à frente das coletividades espíritas,
as quais precisam pôr-se em guarda contra as perversas sugestões do espírito de
discórdia, representado por algumas entidades que se comunicam em suas respectivas
sociedades.
Porém, tal coisa não se
conseguirá, se não se procurar que o sentimento religioso domine em todas as manifestações
individuais e coletivas; mas, sentimento bem sentido, não de pura formula. Com
esse sentimento, não se excluirá a oração, antes se apelará para ela e, mediante
esse entendimento com a Divindade e as Potências superiores, se conseguira
tirar todo o poder ao espírito da discórdia. Com o sentimento religioso se desenvolverá
paralelamente o de fraternidade e então a benevolência se instalará nos
corações espíritas. Com o sentimento de fraternidade e a benevolência inspirando
todas as relações individuais e coletivas, forçosamente se logrará a orientação
mais conveniente ao progresso do Espiritismo.
Pode-se, pois, considerar
completo o fracasso de todos quantos, militando no campo espirita, não levam em
conta estes fatores no desenvolvimento e prática do ideal. São valores perdidos,
inúteis, para o cumprimento da missão que lhe está reservada.
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