O problema de
N.C.S.
Newton Boechat
Reformador (FEB) Janeiro 1951
O
nosso amigo N. C. S. é uma criatura inteligente e boa, mas, de há muito queima os
fosfatos para de um "modo positivo", achar o “x” do problema que o
atormenta.
Perguntou-nos
ele se encarávamos “u'a morte violenta”, ou melhor, uma catástrofe que vitimasse
inúmeras pessoas, trazendo para as suas famílias o manto negro da dor, como “uma
fatalidade”, “um destino”, ou, ainda, “uma predestinação". (1)
(1) As palavras e trechos entre aspas, foram transcritas da própria carta do
inquiridor.
Se filiados
à concepção religiosa de uma única existência no mundo em que respiramos, ou
presos às filosofias materialistas do século atual, houvéramos, certamente,
encontrado dificuldade em responder ao amigo do nosso coração, numa palavra:
estaríamos na impossibilidade de resolver o problema que o intriga...
Entretanto,
usando de benditos esclarecimentos que nos confortam a alma, menos difícil será,
portanto, aventurar-nos à resposta.
O
amigo N.C.S. é católico (direito que lhe assiste, por sinal) e se esquece de
que os segredos guardados por muitos anos entre os iniciados das antiquíssimas
doutrinas secretas, quer no Egito, na Pérsia, na Grécia, milenar e legendária
ou, mesmo, na época dos Druidas, foram
exteriorizados numa doutrina - o Espiritismo - que Kardec (2) codificou, dando cumprimento assim à
promessa de Jesus de que enviaria mais tarde o Consolador Prometido que “ficaria
conosco eternamente" (3).
(2) Dr. Leon-Hippolyte Denizard Rivail, poliglota e
médico francês, discípulo direto de H. Pestalozzi.
(3) João, 14:16-17; 14:26; 15:26 e 16:7-15.
Com a
Excelsa Doutrina dos Espíritos dissipou-se a bruma de nossos olhos e melhormente
pudemos ver e analisa os problemas do Ser, do Destino e da Dor.
Se a
reencarnação foi a chave, a comunicabilidade dos Espíritos com os humanos foi a porta que nos abriu o pórtico da
Imortalidade, mostrando-nos,
qual estupendo e exuberante facho de policrômicas
luzes, a sobrevivência da alma e a existência de Deus.
Usando
das revelações do Senhor, temos uma resposta para o amigo N. C. S. - a melhor
entre as as melhores - que encontramos na sublime obra mediúnica que é "Os
Quatro Evangelhos” recebida pela médium Emillie Collignon, de Bordéus (França)
e coordenada pelo advogado J. B. Rounstaing que, juntamente com Léon Denis,
Gabriel Delanne e Camille Flammarion, fora designado, pela Espiritualidade
Superior, para coadjuvar o Dr. Léon Hypolyte, no seu extraordinário esforço de
síntese (4):
(4) Vide a obra "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do
Evangelho", de autoria do Espírito de Humberto de Campos, ditada ao médium
Francisco Cândido Xavier, capítulo 22.
“Aquele que, ao encarnar, escolheu por
provação a morte violenta, precedida das angústias e alternativas que cercam os
últimos momentos do náufrago, sujeito a se debater entre a submissão ao
Criador, a resignação, o remorso das faltas pessoais, a confiança da bondade
divina e o pavor, a blasfêmia, a raiva insensata que se apodera de alguns nessa
hora terrífica, será levado, pelo seu próprio espírito, a preferir um navio a
outro, a se ver urgido por um negócio a embarcar em determinada ocasião, a
contar mesmo com um acaso feliz, com a sorte, com a sua boa estrela. E partirá,
porque, durante o desprendimento a que o sono dá lugar, o seu Espírito se torna
consciente das sérias obrigações que contraiu e toma de novo a resolução de
conduzir o corpo à situação em que, unidos, devem ambos terminar suas provas,
voltando este à massa comum e libertando-se ele, o Espírito, da escravidão
corporal e readquirindo a liberdade. A resolução assim retomada e da qual não
resta lembrança no estado de vigília deixa no homem uma impressão vaga que vem
a constituir o que ele chama a sua inspiração, a determinante de seus atos.”
Esclarece,
mais, “Os Quatro Evangelhos", no seu tomo II, o seguinte:
“Assim como não pode prever o seu naufrágio, também o homem
não prevê a hora em que as chamas de um incêndio lhe devorarão a casa em que será
sepultado pelo desabamento da escavação, da mina, pedreira onde trabalhe e os que tem de perecer desse modo, perecem. Porquê? Porque
semelhante ao naufrágio, escolheram, para terminação da vida terrena, a morte
violenta, cercada das angústias e alternativas das daquele e precedida na mesma
luta entre a submissão ao Criador, a resignação, o remorso, a confiança na
bondade divina e o pavor, a blasfêmia, o desespero. Como o náufrago, foram levados,
pelos seus próprios Espíritos, a preterir uma habitação a outra em certa
ocasião, a preferir, para trabalhar, esta escavação à aquela.
“Os que tenham de perecer de qualquer desses modos, por haver
soado a hora final de suas provas terrenas e por serem de qualquer desses gêneros
a provação e a expiação que escolheram, perece inevitavelmente.”
E finalizando,
por agora:
“Os que devem escapar à morte, por não haver soado ainda
aquela hora, escapam. Os meios de salvamento lhe são facultados pela influência
e pela ação dos Espíritos prepostos.”
Posto
isto, consideramos, em nossa vida diária as múltiplas circunstâncias:
Porque
aquela nossa indisposição e cancelamento da viagem no avião sinistrado?
Qual
foi a razão de havermos perdido o navio que fora afundado em alto mar?
Por
que motivo não tomamos o noturno que descarrilara serra abaixo, vitimando os
seus passageiros?
São
situações qualificadas pelos incrédulos e indiferentes como “as meras
coincidências”, “as sortes” e as “fatalidades cegas”, mas que para nós outros, esclarecidos
pela Doutrina que abraçamos, nada mais representam do que o dedo da, Providência,
supervisionando tudo e todos, na marcha da vida.
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