Nossas limitações
Lino
Teles (Ismael Gomes Braga)
Reformador
(FEB) Janeiro 1941
Em
palestra com um dos nossos mais caros e esclarecidos confrades, ouvimos estas proposições
que merecem meditadas por outros: “As
antigas escolas espiritualistas cometem, o erro de pensar que seja mais fácil
subirmos aos Espíritos Superiores, do que descerem eles até nós;
justamente o contrário é a verdade: para tudo tem aquele muito mais facilidade
do que nós”.
As
aparências iludem. Nunca a razão esta integralmente com uma das partes em litígio.
Quase sempre, quem parece não ter razão ainda tem uns dois ou três por cento de
razão e quem nos parece tê-la toda só tem 98 ou 99 por cento.
Sem
dúvida, os Espíritos Superiores têm muito mais facilidades de descer até nós,
do que nós subirmos até eles, pois que nos é impossível improvisar uma ascensão
incompatível com o nosso grau de evolução; no entanto, a nossa falta de preparo
torna inútil a descida dos Espíritos Superiores. Não os entendemos, não lhes
damos atenção e, não raro, os crucificamos, se encarnam.
Só
nos é dado o pouco que podemos aproveitar, do mesmo modo que um professor de
Universidade não perderia suas preleções com alunos do curso primário, porque
sabe de antemão que não seria entendido. A obra do mestre-escola tem que preceder
à do lente de Ginásio e esta à da Universidade.
Os
adversários do Espiritismo tiram contra ele argumento do fato de que os Espíritos
só nos dão literatura humana, não operam prodígios, não nos trazem as grandes
descobertas que deveriam transformar o mundo da noite para o dia, como se eles
tivessem por encargo forrar-nos a todo esforço; a todo trabalho,
transformando-nos em autômatos. Verdade, porém, é que já nos dão muito mais do
que a média dos nossos intelectuais pode assimilar: proclamam e demonstram a
sobrevivência da alma humana e a lei das reencarnações evolutivas. Quantos por
cento dos homens que cursaram escolas superiores no mundo presente aceitam e se
adaptam aos ensinamentos já mil vezes repetidos na literatura mediúnica dos últimos
cinquenta anos?
Sem
vencermos as nossas próprias limitações, a obra dos grandes Espíritos não pode
produzir os desejados efeitos. Disso temos prova tristemente expressiva no
emprego dado à Revelação Cristã durante os dez séculos da Idade Média. Os "cristãos"
se serviram de sua poderosa organização para os fins mais opostos ao ensinamento
dos Evangelhos!
Outro
triste exemplo encontra-se na Revelação Antiga. Moisés recebe as Tábuas da Lei,
com o mandamento expresso; "Não matarás", e o primeiro dos seus atos é
determinar uma grande matança entre seus próprios compatriotas (1)!
O
progresso não se Improvisa. Os Guias não podem antecipar os tempos. Nossas
limitações lhes opõem barreiras intransponíveis dentro de certo momento.
Nada
vale a nossa Impaciência! São imensas as nossas limitações!
(1)
Vide: “Êxodo”, cap 32, v 25 a 28
Nenhum comentário:
Postar um comentário