O enigma de Maria Madalena
A Redação
Reformador
(FEB) Agosto 1955
Sob este título, “O Século Ilustrado”, de
Lisboa publicou, aos 11 de Junho do corrente ano, a notícia referente ao
interessantíssimo caso que registramos em “Reformador” do mês de Julho, a
páginas 154.
Como os leitores de novo verão, só a teoria
reencarnacionista traz, por enquanto, uma solução plausível e racional para o
extraordinário fato.
"A pequena Maria Madalena Marinho,
nascida em Fevereiro, no Recife, oferece toda a aparência física de uma criança
da sua idade, mas com imensa estupefação de todos, ela exprime-se como uma rapariga
de 7 anos! Tem, apenas, três meses, mas dispõe de um vocabulário de,
aproximadamente, trezentas palavras - e diz, com a mais segura oportunidade:
"Tenho fome... Tenho sede; papá,
dá-me água... Estou fatigada... Quero ir para o sol... Não estou bem aqui...
", etc.
Outra diferença, talvez mais subjetiva,
mas, também sensível: o olhar da criança possui um brilho e uma expressão que
mostram, claramente, que ela compreende, julga e se ressente - e que as
palavras que pronuncia baseiam-se num pensamento absolutamente extraordinário
num bebê da sua idade.
Nada na hereditariedade desta criança
explica a sua insólita precocidade: os avós são humildes trabalhadores, e os
seus pais não denotam possuir disposições ou faculdades particulares. O papá é
um modesto relojoeiro e a mamá uma brava doméstica que um pouco inquieta por
ter deitado ao mundo uma espécie de menina-prodígio, tenta protegê-la do mal,
pondo lhe, ao pescoço, uma respeitável quantidade de amuletos, mais ou menos
consagrados.
Uns, opinam pela simples manifestação de
uma precocidade desconcertante; outros, diagnosticam um desenvolvimento anormal
do hemisfério esquerdo do cérebro:
essa assimetria origina, geralmente, disposições psíquicas particulares.
Mas as teorias que tendem a provar localizações
ou relações entre a morfologia cerebral e certos dons naturais são, igualmente,
discutidos. Com efeito, sabe-se, através de observações recentes, que, contrariamente
a uma opinião quase universalmente aceite, os mecanismos que condicionam a
função da linguagem não se encontram localizados no único hemisfério dominante.
Uma doente de 53 anos, operada pelo cirurgião americano Dr. Zollinger,
corroborou a asserção. Esta paciente, atingida por um tumor no hemisfério
esquerdo dominante, não podia falar. O audacioso médico tirou-lhe,
completamente, o hemisfério doente (peso: 700 gramas), e, três dias após a
operação, a doente começou a emitir palavras - que não podia articular desde o
começo do mal. E - coisa notável! - ela aplicava essas palavras com pertinência,
encontrando, assim, as possibilidades que perdera. O hemisfério dominante não
era, portanto, indispensável à função da linguagem.
Por consequência, é possível que o cérebro
da jovem Maria Madalena não ofereça nenhuma particularidade material que a
diferencie dos outros. Mas, sem dúvida, antes de tudo, é preciso encontrar-se a
solução do caso."
- Que a procurem, pois.
Nenhum comentário:
Postar um comentário