"Perdoai-lhes, Pai!"
Vinélius
DI Marco (Indalício Mendes)
Reformador
(FEB) Agosto 1955
Abrimos o Evangelho e comecemos a ler o capítulo
10 e respectivos versículos de João. E repetimos os versículos: "11 - Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a
sua vida pelas ovelhas. 12 - O que é mercenário e não pastor, a quem não
pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as
arrebata e dispersa. 13 - O mercenário foge, porque é mercenário, e não se
importa com as ovelhas. 14 - Eu sou o bom pastor, conheço as minhas ovelhas, e
as que são minhas me conhecem a mim, 15 - assim. como o Pai me conhece e eu
conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas, 16 - Tenho também outras
ovelhas que não são deste aprisco, estas também é necessário que eu as traga;
elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um pastor". etc.
Meditamos sobre a significação dessas
palavras de Jesus, enquanto nossa vista pousava melancolicamente sobre uma foto
publicada em "O Globo", desta capital, na primeira página do segundo
caderno da edição de 9 de Junho último, sob o título "A freira instrutora
militar", o cliché mostra um grupo de menores uniformizados, de armas ao
ombro, em marcha militar, tendo ao lado uma irmã de caridade, sua instrutora na
arte de matar o próximo. Como legenda, lê-se: "A Irmã Joan Marie,
diretora
do curso primário da Academia Militar de Bishop Quarter em Oak Park., Illinois,
Estados Unidos, além de ensinar as matérias do curso aos seus alunos, ainda
ajuda na instrução militar, como se vê na fotografia, embora não fosse
preparada especialmente para isso. (Foto U.P. especial para O GLOBO)."
Temos visto sacerdotes, imponentes em suas
vestes talares, abençoar instrumentos de guerra, aspergindo água benta em
espadas destinadas a derramar sangue humano. Temos visto também, em festas militares,
as manifestações de regozijo de autoridades eclesiásticas quando se comemoram fastos
bélicos, numa indisfarçável concordância com os atos de guerra que determinaram
a vitória sangrenta de determinados grupos humanos sobre outros. E nos
lembramos, então, daquelas palavras inolvidáveis
de Jesus: "Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos... Em face da
religião, todos os homens, independentemente de sua nacionalidade e de sua raça
são, antes de tudo, e apesar de tudo, seres humanos, filhos de Deus.
Uma irmã, dita de caridade, instilando no coração
da juventude o pendor para a guerra! Abandonando sua missão religiosa de unir
as criaturas pelo amor, dentro da paz e pela paz, para ajudar na instrução
militar! E sempre a repercutir em nossos ouvidos as palavras do meigo Nazareno:
"Bem-aventurados os misericordiosos" . .. E quando lemos coisas como
essa que vimos de transcrever ou quando vemos pretensos representantes de Deus
na Terra e pseudo seguidores da trilha de Jesus abençoarem armas de guerra, não
compreendemos como, depois de tantos e tantos séculos, o Sermão da Montanha ainda
não encontrou acesso no coração dos que falam em nome do Mestre e que trazem
sempre Deus nos lábios, mas longe do coração! "Amarás o teu próximo como a
ti mesmo. " Esta a Lei Áurea, que Jesus considerou base, fundamento,
alicerce da sua Doutrina.
Ó Espíritas de todo o Brasil, de todo o
mundo! Elevai os vossos corações banhados na justa compreensão do Evangelho de Jesus
e orai por esses irmãos nossos, desviados da verdadeira senda cristã! Pedi a
Deus para que eles sejam iluminados pela razão e retrocedam para o reencontro
do caminho justo traçado pelo Cristo! A Doutrina de Jesus é de amor e de
caridade, é de paz e fraternidade! Ela tem por fim unir todas as criaturas num único
sentimento de afeto, para glória do sacrifício inenarrável de Jesus! Se o Mestre
preferiu sacrificar-se, a fim de deixar aos pósteros o exemplo do amor, da
dedicação, da renúncia, como é que os pregadores de seu credo, que se inculcam os
únicos representantes das verdades cristãs na Terra, insistem em subverter seus
belos e edificantes exemplos!
Ó Jesus amado! Pedi a Deus, como o fizestes
no alto do Gólgota:
- Perdoai-lhes Pai! Eles não sabem o que
fazem!...
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