Leitura como dever religioso (parte)
Cristiano
Agarido (Ismael Gomes Braga)
Reformador
(FEB) Outubro 1955
Um dos deveres religiosos dos judeus é ler
a Bíblia e os livros de orações, e uma de suas glórias é ser versado na Lei. O
BEN TORAH (filho da lei), bom conhecedor das Escrituras, goza de grande
consideração nos meios israelitas, e assim já era há milênios passados. O judeu
tem orações a ler para diversas horas do dia e para todos os atos que pratica:
ao comer, ao beber, ao lavar-se, ao encontrar um sábio, ao ver o mar, ao
avistar um árvore com frutos, ao encontrar um mendigo etc. etc., Muitos tópicos
da Bíblia não têm que ser apenas lidos no culto, são cantados.
Não saber ler é coisa inconcebível para o israelita,
principalmente para o varão, porque ele tem deveres religiosos que não podem
ser cumpridos sem a leitura.
Essa tradição deveria ter passado dos
judeus para os cristãos, mas infelizmente assim não foi: a Igreja Católica
abandonou a tradição israelita e durante séculos a Bíblia foi um livro
esquecido pelos católicos leigos; porém a Reforma repôs as coisas em seus
lugares: restabeleceu a leitura da Bíblia para todos. O resultado cultural foi
excelente: nos países em que predomina o Protestantismo, foi abolido o analfabetismo:
Inglaterra, Alemanha, Holanda, Suécia, Noruega, Dinamarca, Estados Unidos,
Austrália, Nova Zelândia, não têm analfabetos. Tristemente o nosso país é
reputado a maior nação católica e tem um número assombroso de analfabetos. As
estatísticas demonstram as duas coisas: predominância do Catolicismo e do
analfabetismo no Brasil. .
As missões protestantes, infelizmente não
alcançaram êxito em nossa terra. Ficaram circunscritas a colônias estrangeiras
e a seus descendentes. O número de protestantes brasileiros, de origem
portuguesa, é insignificante em comparação com os esforços empregados durante
séculos pelas missões protestantes enviadas para o Brasil
Parece que a destinação do Brasil é
diferente da que tiveram outros povos.
A leitura como dever religioso está
surgindo entre nós com alguns milênios de atraso em comparação com a terra dos
profetas e com séculos de atraso em confronto com os países protestantes. A
procura surpreendente do livro espírita, o número de revistas e jornais
doutrinários que circulam no País demonstram que o grande movimento
literário-religioso no Brasil está começando pela Terceira Revelação, depois
passando para a Segunda e finalmente alcançando a Primeira.
Os fenômenos psíquicos nos despertam para o
Espiritismo, depois estudamos o Novo Testamento e finalmente lemos também o
Velho Testamento.
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Para o espírita a leitura é dever religioso,
como para o protestante e o israelita, mas, em vez de um único livro, nosso
dever é estudar uma grande biblioteca sempre crescente.
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