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segunda-feira, 23 de abril de 2018

Vigilância Evangélica



Vigilância Evangélica
Indalício Mendes
Reformador (FEB) Dezembro 1955

Sempre que realizamos o auto exame das nossas ações, verificamos, melancolicamente, o atraso em que ainda nos encontramos em face dos princípios evangélicos. Nossa condição humana, marcada por deficiências que ainda não puderam ser erradicadas, nos faz demorar na caminhada, embora reconheçamos a necessidade imprescindível da exemplificação cotidiana, único meio de permitir ao Espirito o almejado progresso. Nossos escritos são lições que recebemos, e que divulgamos apenas porque poderão também ser úteis a outros caminheiros, como nós retardados no avanço para o Mestre Jesus. Pela repetição frequente, acabaremos, sem dúvida, por assimilar o aprendizado diário, embora, falhemos a cada instante e a cada instante tentemos penitenciar nos da infidelidade aos elevados conceitos evangélicos. Como é difícil ser espírita!

            De que precisamos? De disciplina evangélica, exercida ininterruptamente, quer nos pensamentos e nos atos, quer na palavra falada e escrita. É muito fácil aparentar sabedoria e dizer ou escrever coisas belas e edificantes. O difícil, porque é o que realmente vale, é exemplificar e só a exemplificação pode conferir-nos a condição de espirita. Muitas vezes julgamos estar firmando os passos no terreno e logo este foge sob nossos pés, porquanto nos deixamos escorregar na invigilância. Orar e vigiar não é uma frase banal, mas uma regra de conduta, uma advertência importante nem sempre bem interpretada. Se tivermos o mérito da tenacidade em busca do aperfeiçoamento moral e espiritual, nosso esforço não terá sido em vão. Temos de vigiar constantemente, apoiando-nos na serenidade e na fé. Desesperar seria pior ainda que a fraqueza de propósitos que estivermos revelando no transcurso da jornada. A disciplina evangélica concede ao Espírito os recursos de que ele carece para se manter no rumo certo. A vigilância, portanto, é um aspecto dessa disciplina, tão útil ao fortalecimento moral. Multas vezes, supomos andar com segurança e ao primeiro ensejo nos apercebemos trilhando atalhos que desejaríamos evitar! Entretanto, abençoamos os irmãos que compreendem o nosso desvio e nos advertem da mudança de rumo. Isto constitui também uma forma de caridade, de caridade muito fraterna, porque interessa intimamente ao nosso futuro espiritual.

Todas as vezes que nos distraímos, surpreendem-nos deficiências que supúnhamos já haver superado há muito tempo. A disciplina evangélica adquirida através de O Evangelho Segundo o Espiritismo é a bússola de que todos precisamos. Esse livro benemérito, que tem construído a felicidade de milhares e milhares de criaturas de Deus, contém a palavra de Jesus interpretada em Espírito e Verdade. Constitui, juntamente com O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns de Allan Kardec, e Os Quatro Evangelhos, de J.-B. Roustaing, a base sólida do conhecimento espírita. Todavia, é O Evangelho segundo o Espiritismo o bálsamo de todos os corações, fermento admirável da Doutrina Espírita. Jesus nos deu o prometido no Evangelho: aí está o Espiritismo, o Paracleto por Ele anunciado, que os fariseus dos velhos tempos não entenderam nem o entendem ainda os fariseus dos tempos novos!

Disciplinando-nos evangelicamente, estaremos promovendo a própria iluminação. E tenhamos sempre vivo em nossa mente que "o Espiritismo, simbolicamente, é Jesus que retorna ao mundo, convidando-nos ao aperfeiçoamento individual, por intermédio do trabalho construtivo e incessante.” (André Luiz - "Nos Domínios da Mediunidade").  


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