terça-feira, 24 de abril de 2018

Leitura como dever religioso (parte)


Leitura como dever religioso (parte)
Cristiano Agarido (Ismael Gomes Braga)
Reformador (FEB) Outubro 1955

Um dos deveres religiosos dos judeus é ler a Bíblia e os livros de orações, e uma de suas glórias é ser versado na Lei. O BEN TORAH (filho da lei), bom conhecedor das Escrituras, goza de grande consideração nos meios israelitas, e assim já era há milênios passados. O judeu tem orações a ler para diversas horas do dia e para todos os atos que pratica: ao comer, ao beber, ao lavar-se, ao encontrar um sábio, ao ver o mar, ao avistar um árvore com frutos, ao encontrar um mendigo etc. etc., Muitos tópicos da Bíblia não têm que ser apenas lidos no culto, são cantados.

Não saber ler é coisa inconcebível para o israelita, principalmente para o varão, porque ele tem deveres religiosos que não podem ser cumpridos sem a leitura.

Essa tradição deveria ter passado dos judeus para os cristãos, mas infelizmente assim não foi: a Igreja Católica abandonou a tradição israelita e durante séculos a Bíblia foi um livro esquecido pelos católicos leigos; porém a Reforma repôs as coisas em seus lugares: restabeleceu a leitura da Bíblia para todos. O resultado cultural foi excelente: nos países em que predomina o Protestantismo, foi abolido o analfabetismo: Inglaterra, Alemanha, Holanda, Suécia, Noruega, Dinamarca, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, não têm analfabetos. Tristemente o nosso país é reputado a maior nação católica e tem um número assombroso de analfabetos. As estatísticas demonstram as duas coisas: predominância do Catolicismo e do analfabetismo no Brasil.     .

As missões protestantes, infelizmente não alcançaram êxito em nossa terra. Ficaram circunscritas a colônias estrangeiras e a seus descendentes. O número de protestantes brasileiros, de origem portuguesa, é insignificante em comparação com os esforços empregados durante séculos pelas missões protestantes enviadas para o Brasil

Parece que a destinação do Brasil é diferente da que tiveram outros povos.

A leitura como dever religioso está surgindo entre nós com alguns milênios de atraso em comparação com a terra dos profetas e com séculos de atraso em confronto com os países protestantes. A procura surpreendente do livro espírita, o número de revistas e jornais doutrinários que circulam no País demonstram que o grande movimento literário-religioso no Brasil está começando pela Terceira Revelação, depois passando para a Segunda e finalmente alcançando a Primeira. 

Os fenômenos psíquicos nos despertam para o Espiritismo, depois estudamos o Novo Testamento e finalmente lemos também o Velho Testamento.

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Para o espírita a leitura é dever religioso, como para o protestante e o israelita, mas, em vez de um único livro, nosso dever é estudar uma grande biblioteca sempre crescente.

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