quinta-feira, 26 de abril de 2018

O Enigma de Maria Madalena



O enigma de Maria Madalena
 A Redação
Reformador (FEB) Agosto 1955


Sob este título, “O Século Ilustrado”, de Lisboa publicou, aos 11 de Junho do corrente ano, a notícia referente ao interessantíssimo caso que registramos em “Reformador” do mês de Julho, a páginas 154.

Como os leitores de novo verão, só a teoria reencarnacionista traz, por enquanto, uma solução plausível e racional para o extraordinário fato.

"A pequena Maria Madalena Marinho, nascida em Fevereiro, no Recife, oferece toda a aparência física de uma criança da sua idade, mas com imensa estupefação de todos, ela exprime-se como uma rapariga de 7 anos! Tem, apenas, três meses, mas dispõe de um vocabulário de, aproximadamente, trezentas palavras - e diz, com a mais segura oportunidade: "Tenho fome... Tenho sede; papá, dá-me água... Estou fatigada... Quero ir para o sol... Não estou bem aqui... ", etc.

Outra diferença, talvez mais subjetiva, mas, também sensível: o olhar da criança possui um brilho e uma expressão que mostram, claramente, que ela compreende, julga e se ressente - e que as palavras que pronuncia baseiam-se num pensamento absolutamente extraordinário num bebê da sua idade.

Nada na hereditariedade desta criança explica a sua insólita precocidade: os avós são humildes trabalhadores, e os seus pais não denotam possuir disposições ou faculdades particulares. O papá é um modesto relojoeiro e a mamá uma brava doméstica que um pouco inquieta por ter deitado ao mundo uma espécie de menina-prodígio, tenta protegê-la do mal, pondo lhe, ao pescoço, uma respeitável quantidade de amuletos, mais ou menos consagrados.

Uns, opinam pela simples manifestação de uma precocidade desconcertante; outros, diagnosticam um desenvolvimento anormal do hemisfério esquerdo do cérebro: essa assimetria origina, geralmente, disposições psíquicas particulares.

Mas as teorias que tendem a provar localizações ou relações entre a morfologia cerebral e certos dons naturais são, igualmente, discutidos. Com efeito, sabe-se, através de observações recentes, que, contrariamente a uma opinião quase universalmente aceite, os mecanismos que condicionam a função da linguagem não se encontram localizados no único hemisfério dominante. Uma doente de 53 anos, operada pelo cirurgião americano Dr. Zollinger, corroborou a asserção. Esta paciente, atingida por um tumor no hemisfério esquerdo dominante, não podia falar. O audacioso médico tirou-lhe, completamente, o hemisfério doente (peso: 700 gramas), e, três dias após a operação, a doente começou a emitir palavras - que não podia articular desde o começo do mal. E - coisa notável! - ela aplicava essas palavras com pertinência, encontrando, assim, as possibilidades que perdera. O hemisfério dominante não era, portanto, indispensável à função da linguagem.

Por consequência, é possível que o cérebro da jovem Maria Madalena não ofereça nenhuma particularidade material que a diferencie dos outros. Mas, sem dúvida, antes de tudo, é preciso encontrar-se a solução do caso."

- Que a procurem, pois.



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