Desdobramento
e Perispírito
Hermínio C
Miranda
Reformador (FEB) Maio 1959
Tenho tido ultimamente a satisfação
e o privilégio de tomar contato com as mais interessantes obras de autores
não-espíritas sobre os problemas do espírito. Continuarei, pois, contando com a
benevolência do leitor para estes comentários que, a despeito das naturais
limitações do articulista, creio terão sempre a oferecer algo de construtivo e
aproveitável.
A mais recente obra que me foi dado
examinar, chama-se “The Projection of the
Astral Body”, ou seja, em tradução muito livre, “O desdobramento do corpo astral”. O seu autor é Sylvan J. Muldoon e
o livro foi prefaciado e minuciosamente revisto pelo Dr. Hereard Carrington, profundo conhecedor dos problemas psíquicos. A
obra surgiu, pela primeira vez, em 1929 (duas edições). Teve reedições em 1939,
1950, 1952, 1954, 1956. A mais recente é de Julho de 1958. As datas indicam o
recrudescimento no interesse pelo assunto, de 1950 para cá.
*
O autor não pretende convencer
ninguém da sua tese. Na verdade, nem mesmo defende uma tese: limita-se a expor
os fatos observados nas suas amiudadas experiências de desdobramento. Não
implora a ninguém que acredite nele; usa de recurso muito mais convincente, desafiando
quem quer que seja a perfazer as mesmas experiências. Quem não acreditar,
experimente; quem não quiser experimentar; não terá direito de negar o
fenômeno. Para que o leitor possa reproduzir a experiência, o autor fornece sua
receita. Chega mesmo a admitir que possam existir outras fórmulas; a que ele
empregou, no entanto, é a que relata, com todos os pormenores elucidativos.
A propósito, para encerrar a
discussão, ele usou uma expressão muito típica da língua inglesa, dizendo: “The proof of the puding is in the eating”.
(A prova do pudim está em comê-Io). E desafia o leitor! “Se você quiser provas, pode obtê-las e eu o ensinarei
como, mas você mesmo terá que experimentar. Nada mais que isso poderei fazer.
*
Como o leitor já percebeu, Mr. Muldoon
tem a faculdade de projetar (desdobrar) seu perispírito, conservando, na maioria das vezes, consciência perfeita do que vê
sente e experimenta.
Resolveu escrever o livro após ter
lido obras do Dr. Carrington, como “Modern Psychical Phenomena” e “Higher Psychical
Development”, nas quais era tratado, sumariamente, o assunto do desdobramento
do perispírito.
Achou Mr. Muldoom que teria muita
coisa a acrescentar ao que havia lido e que certamente suas observações teriam
algum valor como contribuição ao estudo do problema. De fato, tem um valor
incalculável, exatamente porque o livro não é especulativo, nem se baseia em
experiências alheias: é todo ele vivido, fundamentado no que o próprio autor
observou consigo mesmo, num período considerável de tempo, sob as mais diferentes
condições.
*
Mr. Muldoon começa por apresentar um
resumo histórico do assunto, demonstrando bons recursos de exposição e
argumentação. Criticando o materialismo, que ridiculariza a ideia do
desdobramento do corpo astral, fala sobre a famosa deusa Razão, “divina tocha
da Razão”. ídolo balofo. “Há - diz o autor - somente uma dúvida com essa tocha
divina: ela não derrama luz alguma sobre os mistérios da vida.”
A existência do corpo astral,
longamente aceita como ponto pacífico pela antiga ciência oculta, está hoje
sendo demonstrada pelos experimentos e investigações dos pesquisadores
modernos.
Mr. Muldoon previne ainda o leitor
de que não discutirá o fenômeno espírita propriamente dito, de vez que
numerosos livros tratam do assunto. É bom que se diga, porém, e logo de início,
que o autor está firmemente convencido da sobrevivência. Ele não seria coerente
se não o estivesse; no entanto, seu relato somente cuida do problema do
desdobramento, enquanto o perispírito se acha unido ao corpo físico, isto é,
durante a vida terrena da criatura humana.
Embora muitas vezes falte ao autor
certo conhecimento mais aprofundado e objetivo da questão espírita - o que
certamente iluminaria determinados ângulos de sua exposição - suas intuições
suprem algumas falhas no quadro que ele pretendeu traçar. Diz, por exemplo, que
nos consideramos fisicamente vivos, quando, na realidade, a nossa parte
material é “tão morta como um prego”. A energia que sustenta o mecanismo físico
é que é viva. Alguns têm levantado a hipótese de que o corpo astral é produto
de mero processo de criação mental. Sendo assim, argumenta Mr. Muldoon, como é
que a criatura, morta por acidente, instantaneamente arranjaria seu corpo
astral? Por outro lado, se assim fosse, somente aqueles que tivessem ouvido
falar nesse processo de criação mental poderiam possuir seu corpo astral,
depois do que se chama morte. No entanto, o corpo astral tem sido visto, vezes
sem conta, no momento da morte e depois dela, conservando, em tudo e por tudo,
a mesma forma da pessoa morta.
*
Seus comentários iniciais sobre o
corpo astral são dignos do melhor exame, pela lúcida objetividade das ideias
que apresenta. Esclarece, por exemplo, que o homem está contido numa faixa
vibratória relativamente estreita, que não se estende sobre toda a Criação;
consequentemente, ignoramos muitas das realidades que nos cercam. Os olhos do
corpo astral, que - adverte ele – “você está, usando mesmo ao ler estas linhas”,
passam a vibrar numa faixa muito mais dilatada, mal se desprende o astral do
corpo físico. Vemos, então, não somente as coisas familiares que habitualmente
nos cercam, como, também, muito daquilo que não poderíamos perceber quando
mergulhados na carne.
Talvez isso possa parecer paradoxal,
diz Mr. Muldoon, porque nos acostumamos, erroneamente, a achar que o consciente
faz parte do mecanismo físico. Na verdade, porém, o corpo material não tem o
que se chama mente; a sede do psiquismo, do ego, é no corpo astral. Diríamos
que o corpo físico é simples cabides para a entidade superiormente constituída,
que é o períspirito.
“Sua mente normal, consciente - tudo
quanto ela contêm - é você, o indivíduo, agora e através da eternidade, aprendendo à medida que caminha." (pág.
49.)
Outra noção errônea que o autor
procura destruir, é a de que basta morrer fisicamente para nos transformarmos
em super-homens. Não. Continuamos, após o desatamento definitivo dos laços carnais
a ser a mesma criatura humana que fomos até então, conservando a mesma identidade.
O corpo físico é feito de “um material não-inteligente, como se fosse uma vestimenta
do corpo astral”.
*
Entretanto, como dizíamos atrás, e
já dissemos em comentários anteriores, falta a estes autores, que vimos
estudando, certo conhecimento básico, não só da filosofia espírita, como da própria
filosofia geral. Tais falhas os levam, às vezes, a inconcebíveis “cochilos”, já
não digo doutrinários - que eles não têm obrigação de conhecer doutrinas
religiosas ou morais - mas de simples lógica. Diz Mr. Muldoon, a certa altura
(ainda na pág. 49), que “é lógico supor que, no ato do nascimento, o corpo
astral - o Ego - foi trazido para a vida (criado) pela Inteligência Onipotente,
que sempre foi, é e será; enquanto que o consciente desse corpo é uma espécie
de folha em branco, pronta para receber impressões, aprender, crescer.”
Vemos aí uma concepção exata - a do
ponto de partida para a formação de um novo consciente no espírito reencarnado
- ao lado de outra errônea: e insustentável filosoficamente, qual seja a da
criação do espírito no instante do nascimento. Ainda aqui poderemos reconhecer
a estupenda superioridade da doutrina espírita sobre qualquer outra filosofia
religiosa ou profana.
O tema é demasiado fascinante para
algumas palavras de raspão; melhor seria que a ele fosse dedicado estudo à
parte, em que se examinasse o consciente tal como o concebem os cientistas, os
pensadores das religiões dominantes e, finalmente, os espíritas. Veríamos, com
luminosa clareza, que só o Espiritismo, com a doutrina reencarnacionista, com
os fenômenos anímicos e espíritas, poderia explicar satisfatoriamente as
manifestações do Inconsciente.
*
Voltemos, porém, a Mr. Muldoon.
Com paciente e minucioso espírito
didático, vai ele explicando o fenômeno do desdobramento, as causas que podem
provocá-lo, como se desloca o perispírito desatada da massa física. Apresenta
gráficos, estuda as condições físicas que ajudam ou impedem a projeção do corpo
astral, esclarece miudamente todas as dúvidas que o leitor curioso possa ter em
mente. Seu objetivo é sempre o mesmo, através de todo o livro; não deseja
forçar ninguém a acreditar no que diz; quer apenas deixar bem clara a exposição
dos métodos que empregou para obter aqueles resultados, de forma que qualquer
pessoa esclarecida e livre de preconceitos possa repetir suas experiências. e “provar
o pudim”.
Seus esclarecimentos sobre o cordão
perispiritual são precisos, descendo a pormenores que jamais tive oportunidade
de encontrar em outra obra. Fala sobre sua inacreditável elasticidade, sobre
sua aparência física, localização, dimensões, tudo. Quando o perispírito se
acha ligeiramente afastado do corpo físico (“slightly out of coincidence”), o cordão tem o diâmetro de um dólar
de prata (cerca de 35 milimetros). Sua notável elasticidade, no entanto,
permite que ele alcance o infinito, reduzindo-se a espessura mínima, desde 4
metros e meio de distância do corpo físico até o infinito.
Este é um capitulo excelente do
livro, pois contém preciosos esclarecimentos. Aqui insiste o autor na
importância do corpo astral, dizendo que a vida está nele contida. “Embora
possamos crer que somos um corpo vivo, somos, na realidade, como dizia Moisés,
uma alma viva.” Informa, ainda, que as pulsações do coração e o fenômeno da
respiração se realizam no corpo astral e são transmitidas através do cordão, ao
corpo físico, da mesma forma acontecendo quando ambos se acham unidos.
Isto vem apenas confirmar
experiências de Crookes e outros que contaram as pulsações e mediram a
temperatura de Espíritos materializados e, como é óbvio, encontraram-nas
diferentes das dos médiuns presentes.
O autor acredita que o corpo astral
se separa ligeiramente do corpo físico, durante o sono, a fim de se reabastecer
de energia cósmica, tal como delicada e complexa bateria elétrica. Daí admitir
que praticamente todo mundo poderá, com algum treino e esforço, seguindo suas
instruções e sugestões, obter o desdobramento, isto é, tornar-se consciente
fora do corpo físico.
*
Passa então a analisar, metodicamente,
os diferentes tipos de sonho, pois que o sonho seria o ponto de partida para a
obtenção do desdobramento consciente. Muitas ideias apresenta ele, mas seria
impraticável examiná-las num comentário limitado como este.
Ao estudar, de passagem, os
fenômenos de de faquirismo, informa que tais fatos se devem ao desdobramento do
corpo astral. Em muitos deles, o médium, em tais condições, é assistido por Espíritos
amigos (desencarnados) (pág. 132)
Ao comparar o cordão astral com o
cordão umbilical, tem uma frase feliz, quando diz que o céptico considera, o
nascimento como fenômeno natural e o desdobramento como fenômeno sobrenatural,
quando, na prática, não pode explicar nenhum deles. Sua conclusão é a de que,
com o nascimento, nos tomamos familiarizados, enquanto que, com o
desdobramento, ainda não.
Continua o autor a estudar nos
capítulos seguintes, as ligações do corpo astral com o corpo físico, seus
pontos de contato, o papel das glândulas.
Retomando à tese da energia cósmica,
esclarece, em palavras simples e com perfeita clareza, suas ideias sobre o
assunto. A energia que usamos - diz o autor - não é criada por nós, é condensada
da energia cósmica que se acha espalhada por toda a parte. Não vem nem mesmo da
alimentação, como muita gente pensa, pois que, em tal caso, quando nos
sentíssemos cansados, bastaria ingerir certa quantidade de alimento adequado e
prescindir do sono. “O alimento é material, tal como o corpo físico, e o
constrói porque a força cósmica opera sobre ele, não porque ele produza energia
por si mesmo.” (pág. 143).
Passa, então, a examinar o problema
da alimentação e sua influência sobre o desdobramento do perispírito. Diz mais
adiante que, na sua opinião, por observações feitas, “o grande armazém de energia condensada no ser humano está localizado na
região do plexo solar.”
Como se vê, mesmo partindo de
premissas algo distanciadas da Doutrina Espírita, o autor frequentemente
apresenta conclusões já confirmadas pelos autores espírítas, encarnados e desencarnados.
Isto se repete inúmeras vezes
através do livro, como, por exemplo, à página 183: “os fantasmas dos mortos,
por algum tempo após entrarem no plano astral, se conduzem de maneira
semelhante à dos fantasmas desdobrados dos vivos. Alguns ficam inconscientes
por certo tempo: outros se tornam conscientes, mesmo antes de se romper o cordão astral, e outros vagueiam como se sonhassem,
parcialmente conscientes”.
E aqui está outro autor que falha
lamentavelmente na explicação de certos fenômenos justamente por desconhecer a
diferenciação entre o Animismo e o Espiritismo. Observa-se Isto no capítulo 13,
a que chamou “The Cryptoconscious mind.”
(pág. 249 e seguintes). Diz ele que, em
muitos médiuns, a mente cripto consciente opera, produzindo falsos fenômenos
espíritas. Em tais casos, o Espíritos desencantados são tidos como produtores
do fenômeno, quando se trata de mero desdobramento. É claro que o autor
observou corretamente o fato mas faltou-lhe conhecimento específico para explicá-lo,
pois que os fenômenos provocados pelo Espírito encarnado - médium ou qualquer
outro - são anímicos e não de Espiritismo propriamente dito.
Contudo, justiça seja feita, o autor
faz sua ressalva logo abaixo, informando o leitor de que não se iluda: os
Espíritos dos mortos também podem produzir tais manifestações.
*
Como temos observado em outros
livros desta natureza, de autores não-espíritas, o verdadeiro calcanhar de Aquiles
de suas obras são as conclusões. Mr. Muldoon não foge à regra.
No momento de concluir e filosofar
sobre os fatos que estudou tão bem, apresenta-se com absurdas e insustentáveis
hipóteses.
Vejamos algumas.
Ao estudar a relação do corpo físico
com o espírito, não sei por que razão conclui que a função do corpo físico é a
de dar forma ao corpo astral e aí está o disparate, digno de qualquer autor
materialista: “esta deve ser a finalidade do corpo físico: dar forma ao nosso
espírito. (Pág. 277) Paradoxalmente, cita o próprio Cristo, em apoio de sua
tese absurda, repetindo as palavras do Divino Mestre, ao dizer: “O corpo é o
templo do espírito.” E de fato é mas daí a admitir que a massa física possa dar
forma à substância quintessenciada do perispírito, vai este mundo e o outro. Exatamente
o contrário é que se dá, como estamos cansados de saber: o perispírito é o
moldeJo do corpo físico, colhendo, em suas delicadíssimas malhas e linhas de
atração magnética, as partículas materiais que vão permitir ao espírito obter o
instrumento de sua atividade física, essencial ao seu desenvolvimento a caminho
da luz suprema.
Faltou a Mr. Muldoon, como a
tantos outros autores menos avisados, aquela parcela de “insight” necessária à
nítida percepção de verdade tão óbvia. A própria citação em que se apóia e,
ainda mais, a que apresenta a seguir, de Andrew Jackson Davies, desmentem sua
estranha conclusão. Começa Andrew Jackson, no trecho citado, a dizer que a
organização mental é o resultado de um
refinamento material. “O objetivo do osso físico é fazer o osso espiritual; o do músculo físico, fazer o músculo
espiritual - não a essência, mas a forma (sic).” Por fim, conclui: “Numa
palavra: todo o corpo externo é uma representação daquele que é imperecível.”
Aí está uma contradição filosófica palmar. Se o corpo físico é uma representação
do astral, como poderia aquele - que é transitório e perecível - criar um que fosse
imperecível Ww? Nem Mr. Jackson nem Mr. Muldoon esclarecem o ponto.
O próprio autor, após especular em
torno de suas ideias, conclui contraditoriamente seu capítulo, dizendo que não
se poderia explicar, dentro da concepção de Davies o fato da formação e
conformação daquelesque morrem antes de alcançar a maturidade. Por conseguinte, diz Mr. Muldoom, “temos que aceitar
a teoria de que o ser pode também ser formado no astral, independentemente do
corpo físico (pág. 278).
Donde se conclui, sem sombra de
dúvida, dizemos nós, que toda a teoria do corpo astral, formado pelo corpo
físico, é destruída pelo seu próprio autor ...
*
Suas páginas finais contêm bastante
substância moral de interesse para qualquer leitor, espírita ou não,
descontando-se um que outro deslize doutrinário.
Informa, primeiro, que o plano
astral é profundamente influenciado pelo pensamento. “A man thinks, so is he!” O homem é o que pensa.
Seguindo essa linha de raciocínio,
discorre com segurança sobre as zonas purgatoriais, dizendo que a mente cria
seu próprio ambiente; contudo, esse ambiente é real. “Essa condição
(permanência no purgatório) não poderia, por certo, durar indefinidamente; é
uma espécie de purgatório, onde temos que aprender a pensar corretamente (pág.
287)”. Aí está um pensamento que poderia
ser subscrito por autor espírita da mais pura linhagem, como André Luiz.
Continua dizendo que não podemos “comprar” nossa liberação desse ambiente; o
único recurso é deixar de pensar erradamente.
A realidade da condição purgatorial
é seguramente estabelecida nas “baixas zonas austrais (expressão do próprio
autor), que se situam aqui mesmo na atmosfera da Terra.
*
Mais adiante, estuda Mr. Muldoon o fenômeno
da obsessão, informando, logo de inicio, que nele acredita firmemente. Lembra
um caso típico que levou o famoso Prof. Hyslop a declarar que, “após lutar
durante dez anos contra a ideia, ficou finalmente convencido de que a
sobrevivência estava provada” (pág. 295).
Discute, a seguir, as ricas possibilidades
que esse campo contém à disposição da medicina do espírito, pois que muitos
casos de alienação mental não passam de fenômenos de obsessão espiritual. Neste
ponto, como em tantos outros, repete conceitos espíritas, aos quais
eventualmente terão que se render os ainda orgulhosos homens de ciência.
Alguns já se convenceram da
evidência, como o Dr. CarI Wickland, que, no seu hospital de Los Angeles. curou
um número incontável de obsidiados, utilizando métodos consagrados pelas
doutrinas espiritualistas.
Nos últimas páginas, desculpando-se “pela
pregação moral”, que não é sua intenção, o autor recomenda, a bem do próprio
espírito, que se procure levar uma vida honesta e limpa. É da maior importância
- diz o autor - que vigiemos nossos pensamentos e não pensemos nenhum mal de
nossos semelhantes, porque nossos pensamentos criam um ambiente astral em torno
de nós e a vingança é um traço não desconhecido entre os habitantes do mundo
astral.”
Seria desejável que, na oportunidade
deste livro tão interessante, o autor pregasse abertamente a moral que ressalta
das entrelinhas de sua obra; não, porem, como simples prevenção contra
possíveis vinganças de habitantes do astral, mas como condição do próprio
desenvolvimento espiritual da criatura humana. Praticar o bem pelo próprio bem,
sem esperança ou ambição de recompensa; evitar o mal ainda por amor ao bem,
porque o mal desequilibra o psiquismo, retarda a evolução e recai sobre nós
mesmos. Afinal de contas, o bem encontra sua recompensa em si mesmo, independente
das consequências morais que posso acarretar. Na prática da vida temos
observado que nenhum gesto de bondade se perde neste grande e maravilhoso mundo de Deus. Por mais anônimo,
tímido e insignificante que seja, um dia, lá na frente, vamos encontrar à nossa
espera um prêmio desproporcionalmente generoso pela diminuta parcela de bem que
praticamos num momento e esquecemos no instante seguinte.
Esse é outro “insight” que faltou ao
autor.
No final, como conclusão, diz que
ainda que ele nunca tivesse ouvido falar em imortalidade ou sobrevivência,
ainda que nunca tivesse escrito um livro ou pronunciado uma conferência sobre
esse tema, ainda que nunca tivesse assistido a uma sessão espírita ou visitado
um médium, ele acreditaria firmemente na sobrevivência, porque experimentou
pessoalmente o fenômeno do desdobramento do corpo astral.
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