Carta a um Indiferente
Ojuara
Reformador (FEB)
Agosto 1954
Meu
irmão:
Tu, que segues pela vida afora, tão
indiferente, tão despreocupado dos assuntos de natureza espiritual, tu, que
vives totalmente absorvido por múltiplos e complexos problemas, todos de ordem
exclusivamente material, com a manutenção da família, que queres assegurar; com
as riquezas, que queres conquistar, com honrarias e posições sociais, que
queres escalar; com os prazeres mundanos, que queres desfrutar; com os apetites
da carne, que queres contentar. Tu, que, ignorante ou esquecido das altas
finalidades da existência, resumes apenas nisso todo o ideal da tua vida, em
que consomes todo o teu tempo, essa bênção divina que para fins bem diversos te
é concedida por Deus, sem poderes dispor de um momento sequer para dedicar ao
estudo e à reflexão de assuntos mais importantes que te dizem respeito, ou
seja os de natureza espiritual, pois que envolvem todo o teu futuro eterno, escuta e medita atentamente naquilo que te vou dizer:
- Como não és ateu nem materialista,
crês certamente que em ti existe um sopro divino, quer lhe chames alma ou espírito,
que sobreviverá à tua morte e que, mesma que o quisesses, nunca se extinguirá.
Esse sopro, alma ou espírito, é o que constitui tua personalidade espiritual,
ou seja o teu próprio "eu", cuja vida será eterna.
Quando chegar o fim da tua
existência corporal, ou seja o dia da tua morte, o teu corpo baixará à
sepultura por entre lágrimas e lamentações descabidas dos teus parentes e
amigos, mas o teu espírito, plenamente consciente, com toda a tua inteligência,
todos os teus conhecimentos, opiniões, virtudes, recordações, vícios e defeitos, enfim, tu mesmo, apenas
despojado do corpo pesado que vai apodrecer, continuarás a viver, empreendendo
aquilo a que muitos impropriamente chamam a derradeira viagem.
Sabes, assim, com toda a certeza,
que essa viagem tem que ser realizada; seja dentro de dois, dez, vinte anos ou
mais, tens que empreendê-la. Disto deves estar absolutamente certo, não
obstante a incerteza da data da partida.
Agora, pergunto-te: Já sabes para
onde vais? Já conheces o porto do teu destino? .Já estás providenciando a aquisição do teu bilhete de passagem? Já estás procurando informar-te sobre as
condições de vida nas regiões que vais habitar? sobre a índole, hábitos e
costumes dos seus habitantes e com os quais vais conviver? Já estás procurando
travar relações de amizade com algum deles, para que no dia da tua chegada te
vá receber, ajudar, orientar, ou mesmo hospedar-te em sua casa?
Bem sei que tais perguntas, não
obstante a suma importância de que se revestem, terão todas uma resposta
negativa, ou ficarão sem resposta. É que não tiveste ainda o tempo necessário
para refletir sobre tais assuntos. Andas demasiadamente ocupado com os teus
negócios. Se és moço, dirás, com certeza, que somente depois de velho pretendes
cogitar desse assunto, Mas, pergunto-te ainda: Tens certeza de que chegarás à
velhice? Quem te garante que amanhã, na próxima semana, no mês ou no ano
vindouro, não terás que empreender tal viagem? E se assim é, meu irmão, porque
não inicias a preparação enquanto é tempo? Porque não começas, desde logo, a
arrumar a tua bagagem? Porque não te vais logo informando de todos os detalhes
necessários? Porque essa demora em traçar o teu programa, estabelecer o
itinerário e o destino da tua viagem?
Que dirias de alguém, que, ao
apanhar um navio ou avião para viajar, desconhecesse o porto do seu destino,
nada soubesse da rota e duração do percurso, ignorasse tudo o que se relacionasse
com a sua viagem, não soubesse enfim para onde se dirigia? Como classificarias
a imprevidência de outro alguém que, rumando para uma região desconhecida,
talvez para a Sibéria ou para os Polos, talvez para a zona tórrida da África,
desdenhasse de obter informações seguras sobre o clima daquela região e outras
particularidades, a fim de munir-se de agasalhos adequados para o primeiro
caso, ou de roupas claras e leves, no segundo, evitando assim a terrível
surpresa de deparar-se, desprevenido, justamente com o que não previu, seja o
frio insuportável, ou o calor intenso e asfixiante?
Pois bem: por maior que fosse o
espanto que pudessem causar tais atitudes, reveladoras de completa loucura da
parte de quem as adotasse, não é outra a situação em que te encontras, é
exatamente isso o que ocorre contigo. Sabes, com toda a certeza, que tens de
partir; mas não procuraste, até agora, informar-te para onde irás, nem com o
que te vais defrontar. No teu espírito, tudo é ignorância, dúvida e incerteza,
nesse particular.
Os teus mentores espirituais, se és
católico, admitem a hipótese de que irás para o Céu, se te confessares na hora
da morte, mesmo que tenhas cometido todos os erros e crimes. Que talvez sejas
enviado para o purgatório, de onde poderás sair, mediante o pagamento, feito
pelos teus parentes que aqui ficaram, de missas que sejam celebradas pelo teu
sufrágio. Ou, então, no último caso, mesmo que tenhas todas as virtudes e
praticado todo o bem, se não pertences ao grêmio da "Igreja
Infalível", serás irremediavelmente condenado ao Inferno, por toda a
eternidade. Mas, ainda assim, eles, conforme confessam, não têm bem certeza
disso, afirmando categoricamente que tudo o que se relaciona com a vida de além-túmulo
é um impenetrável mistério que Deus não consente seja desvendado, e que de lá ninguém
veio até agora para contar o que ocorre.
Inteligente que és, a tua razão
repudia tais definições, mas, ao invés buscares com todo o interesse encontrar
a verdade, saber o que realmente te aguarda quando transpuseres o túmulo, o que
é de capital importância, pois é todo o teu futuro que está em jogo, preferes,
com preguiça de pensar, continuar nessa apatia, nesse criminoso alheamento pela
tua sorte, ignorando os terríveis sofrimentos que te esperam se continuares
esquecido de que és um espírito imortal, criado por Deus, para um destino cuja
felicidade ou desgraça se encontra nas tuas próprias mãos.
Despertado por esta advertência, que
sabes ser sincera porque desprovida de outro interesse, senão o de fazer-te o
bem e de ver-te feliz, decerto me perguntarás assustado: Que devo então fazer? É
fácil; muito fácil mesmo, a resposta. Estuda!.. Somente por esse caminho
poderás chegar ao conhecimento! Medita, raciocina, e não admitas crer, senão
naquilo que a tua razão possa, sem constrangimento, aceitar como digno de
crença! A fé cega e imposta já não é desse século! Já vai longe o crepitar das
fogueiras da "Santa" Inquisição.
Decerto já ouviste falar no
Espiritismo. No seio da tua própria família, na de um parente ou amigo, já ocorreu
um caso de manifestação, de obsessão, de cura ou outro qualquer, que te deu
notícias da sua existência, como alguma coisa digna de estudo
e de análise, muito embora o vigário do teu bairro continue a combatê-lo, afirmando que se trata de obras do diabo, e que é proibido ao católico ler e se instruir sobre tais assuntos, bastando apenas acreditar no que ele, o vigário, diz.
e de análise, muito embora o vigário do teu bairro continue a combatê-lo, afirmando que se trata de obras do diabo, e que é proibido ao católico ler e se instruir sobre tais assuntos, bastando apenas acreditar no que ele, o vigário, diz.
Todavia, não obstante o rude e
desleal combate que lhe movem os inimigos da Verdade, o Espiritismo cada dia
mais se propaga e expande, conquistando novos adeptos, nas camadas mais cultas
da sociedade, afirmando-se incontestavelmente o verdadeiro Espírito da Verdade,
o sublime Consolador prometido por Nosso Senhor Jesus Cristo, do qual nos fala São João nos capítulos 14, 15, 16 do seu Evangelho,
encarregado de vir nos últimos tempos, que são os que estamos vivendo,
restaurar, em toda a sua pureza, a doutrina do Divino Mestre, que seria, como
realmente o foi, deturpada e esquecida pelos homens interesseiros, ignorantes e
maus.
Os tempos, assim, são chegados, e
tudo aquilo que, por culpa exclusiva dos homens, tem permanecido durante tantos
séculos envolto em denso mistério, está sendo desvendado pela Terceira
Revelação, ou sejam os Espíritos do Senhor, que estão pondo nas mãos dos
homens, não apenas na de um, que se proclama infalível, a chave de todos os
segredos e mistérios, esclarecendo-os sobre o que os aguarda no outro lado da
vida, instruindo-os sobre o que lhes importa fazer para serem felizes,
advertindo-os do grave perigo em que incorrem, se desprezarem os seus ensinamentos.
Chega a tal ponto o interesse
manifestado pelos Espíritos Superiores pelo progresso e aperfeiçoamento moral
dos homens e pela sua felicidade futura que muitos, dentre eles, utilizando-se
das faculdades psicográficas de médiuns especializados, escreveram e continuam
a escrever livros e mais livros, narrando, com abundância de detalhes, tudo o que ocorre nas esferas da espiritualidade, descrevendo pormenorizadamente as
condições de vida nas regiões das sombras e da luz, ou sejam os mundos de dores
e expiações, e os de paz e felicidade, para onde são os homens encaminhados
após a morte, conforme tenham feito mau ou bom emprego, dos dons que Deus lhes concedeu, na sua permanência na Terra.
Contêm tais livros verdadeiras,
completas e interessantíssimas "reportagens". escritas em belo estilo
e convincente linguagem e de cuja veracidade o mais céptico e descrente não
ousa duvidar. Estão nesse caso todos os livros escritos pelo Espírito de
André Luís, pseudônimo de notável médico carioca já falecido, sobretudo os intitulados: Nosso Lar, No Mundo Maior, Missionários da Luz, Obreiros da Vida Eterna e muitos outros. assim como o livro intitulado ‘Voltei’, escrito sob o pseudônimo de "Irmão Jacob", que narra todas as suas impressões desde a hora da sua morte até quando reencetou, na companhia de outros Espíritos iluminados, os trabalhos de doutrinação de sofredores e ignorantes, iniciados por ele, quando em vida aqui na Terra.
André Luís, pseudônimo de notável médico carioca já falecido, sobretudo os intitulados: Nosso Lar, No Mundo Maior, Missionários da Luz, Obreiros da Vida Eterna e muitos outros. assim como o livro intitulado ‘Voltei’, escrito sob o pseudônimo de "Irmão Jacob", que narra todas as suas impressões desde a hora da sua morte até quando reencetou, na companhia de outros Espíritos iluminados, os trabalhos de doutrinação de sofredores e ignorantes, iniciados por ele, quando em vida aqui na Terra.
Seria enfadonha a enumeração dos
livros que tratam de tão palpitante assunto e que fazem parte da imensa
bibliografia espírita, publicada e para a qual contribuiu com apreciável
contingente o grande médium psicógrafo. Francisco Cândido Xavier, de cujo lápis,
manejado por Espíritos altamente iluminados, já saíram mais de quarenta livros, fora grande cópia de versos e mensagens, muito embora não esteja ele catalogado no
número dos escritores profanos, e exerça, apenas, modesta função pública na
cidade de Pedro Leopoldo, no Estado de Minas.
Por tudo o que ficou dito, está
sobejamente demonstrado que o Espiritismo, antes de ser combatido, deve ser
estudado e analisado, mesmo com rigor, pois somente ele pode esclarecer o homem
sobre o seu destino futuro e imortal e, portanto, somente isso o que te ouso
pedir, meu indiferente irmão: Que despertes dessa apatia, dessa inação em que
tens vivido e que te poderão ser fatais, e procures estudar, com carinho,
aquilo que poderá transformar a tua vida e fazer-te muito feliz Não creias que
irás para o inferno, ou para o hospício, conforme assevera o teu vigário, se
realizares esse estudo.
Procura acercar-te de algum amigo
que seja espírita, e ele te indicará os livros que deves ler, a fim de te
iniciares no estudo dessa maravilhosa doutrina que é, ao mesmo tempo, ciência,
religião e filosofia, das mais admiráveis. Frequenta, se te for possível, as
reuniões doutrinárias de algum templo espírita, e fica certo de que o tempo que
dedicares a esse mister será o mais utilmente empregado em toda a tua vida, pois te
conduzirá ao conhecimento do que mais necessitas saber, a fim de seres verdadeiramente
feliz.
(Extraído de "Seara do Cristo”)
.
Buscar a verdadeira felicidade, mesmo ainda estando na Terra!!!
ResponderExcluirAdorei, meu querido...