Proclamar
as próprias convicções, notadamente diante das criaturas que se nos façam
adversas, é coragem da fé; no entanto, semelhante afirmação de valor não se
restringe a isso.
O assunto apresenta outra face não
menos importante: o desassombro da tolerância pelo qual venhamos a aceitar os
outros como os outros são, sem recusar-lhes auxílio.
Cunhar pontos de vista e veiculá-los
claramente é sinal de espontaneidade e franqueza, marcando alma nobre.
Compreender amigos e adversários,
simpatizantes ou indiferentes do caminho, estendendo-lhes paz e fraternidade, é
característico de paciência e bondade, indicando alma heroica.
Demonstra a própria fé, perante
todos aqueles que te compartilham a estrada, mas não deixes de amá-los e servi-los,
quando se patenteiem distante dos princípios que te norteiam.
Reportamo-nos a isso, porquanto,
junto dos companheiros leais, surgirão sempre os companheiros difíceis.
Esse de quem esperavas testemunhos
de amor e bravura, nas horas graves, foi o primeiro que te deixou a sós, nos
momentos de crise; aquele, em cujo coração plantaste sinceridade e confiança, largou-te ao
ridículo, quando a maioria mudou, transitoriamente, de opinião; aquele outro, a
quem deste máximo apreço, te retribuiu com sarcasmo; e aquele outro, ainda, é o
que te criou problemas e inquietações, depois de lhe haveres dado apoio e vida.
Todos eles, porém, se nos erguem na
escola do mundo por teste de persistência no bem. A coragem da fé começará
sempre através da veemência com que exponhamos as próprias ideias, diante da
verdade; entretanto, só se realizará em nós e por nós, quando tivermos a
necessária coragem para compreender todos os homens, ainda mesmo os nossos mais
ferrenhos perseguidores, como nossos verdadeiros irmãos e filhos de Deus.
Fé e coragem
Emmanuel por Chico
Xavier
Reformador (FEB) Fevereiro 1970
Nenhum comentário:
Postar um comentário