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sábado, 20 de junho de 2015

É destino do homem progredir sempre


            É natural que a juventude seja atraída pelos prazeres que a vida prodigaliza. Todavia, é importante que se oriente para tomar o rumo que melhor atenda ao seu futuro. Os prazeres sadios, usufruídos depois de inteiramente encerrados os deveres cotidianos, fazem bem à alma.

            Nenhum dos bens terrenos é vedado ao homem. Se Deus não houvesse querido que o homem gozasse dos prazeres da vida, não os teria criado. Entretanto, é preciso compreender que há prazeres honestos e prazeres desonestos. Os prazeres honestos são úteis ao homem; os outros, que constituem aberrações daqueles, são nocivos. Para se guiar com segurança, deve a juventude refletir e não vacilar entre o uso e o abuso. Toda a nossa existência na Terra está subordinada à Lei de Causa e Efeito. Consequentemente, cada qual responde pelos seus atos e pensamentos. O uso é permitido dentro da medida que o delimita; o abuso é justamente o uso desregrado, desmedido, ilimitado.

            Para que nos sintamos perfeitamente em harmonia com o que há de bom na vida terrena, devemos procurar progredir sempre, pelo estudo constante, pelo apuramento das nossas qualidades morais e intelectuais, corrigindo sem cessar os atos que realizamos e os pensamentos que cultivamos. Para que alguém possa sentir-se satisfeito com a própria consciência, é indispensável conservá-la fiel aos princípios de justiça e de moral, e livre de preocupações inferiores. O jovem de agora precisa não esquecer que a mocidade passa e, um dia, chegará a velhice que a todos aguarda inevitavelmente. Se for previdente, trabalhador, bom e sóbrio, poderá mais tarde olhar tranquilamente para o passado, sem se envergonhar , No entanto, se não seguir desde hoje um severo programa de autoeducação, esforçando-se no estudo, procurando enriquecer seus conhecimentos, valorizando os próprios sentimentos, a fim de se tornar útil a si e a seus semelhantes, o futuro ser-lhe-á amargo e a desesperança poderá encher seu coração de lembranças tristes e irremediáveis.

            Desde que procuremos fazer as coisas da melhor maneira possível, evitando pormenores equívocos ou pausas sombrias, estaremos em paz com a consciência, sentiremos crescer nossa força moral e nossa personalidade ficará progressivamente mais forte e incisiva. Vencer na vida, que é o ideal de todo jovem, não significa renunciar a princípios que a nobreza de caráter impõe. A vileza, a dissimulação, a deslealdade, a bajulação, a intriga, são andaimes perigosos que só os incautos utilizam para a construção do porvir. O homem deve ser digno em todos os sentidos. Será preferível a vida modesta, mas dignificada por um caráter íntegro, à vida fácil e faustosa, porém poluída pelos atributos que identificam o homem desumanizado, cruel, falso, mentiroso e egoísta.

            Tudo na Natureza obedece ao critério inflexível da evolução. Nós somos parte da Natureza, nela nos encontramos integrados de tal modo que não nos é possível romper os laços da harmonia que distingue a Vida, sem sofrermos as consequências desse procedimento anormal.

            Devemos compreender que o Espírito, quando retorna à Terra, através da reencarnação, não vem senão para trabalhar em prol do próprio melhoramento e, ao mesmo tempo, colaborar para a melhoria do ambiente em que atua, ajudando os mais fracos, estimulando os desanimados, contendo os excessos dos mais fortes, enfim, realizando uma passagem produtiva. O Espiritismo nos ensina como alcançar esse progresso. Não nos oferece meios de realizar milagres, não nos ilude, afirmando-nos que Jesus veio ao mundo morrer por nós, redimindo nossos pecados, pois continuamos mais do que nunca pecadores, porque os pretensos herdeiros clássicos do Cristianismo nada mais fizeram, até hoje, do que deturpar a finalidade dos ensinamentos de Jesus, pois que os pregam, mas não os seguem. O Espiritismo não anuncia milagres, porque milagres não existem. Ensina o homem a conhecer a Vida, a orientar-se nela, seguindo o melhor caminho. Pelo Espiritismo se consegue a reforma individual, a autoeducação, desde que todos procurem exemplificar as lições do Evangelho de Jesus. O Espiritismo, como Religião pura que é, nos oferece os instrumentos morais para a nossa elevação espiritual; como Filosofia, nos adestra o intelecto e nos permite alcançar uma elasticidade mental útil ao estudo de qualquer forma de conhecimento; como Ciência, nos permite estar sempre em dia com as conquistas científicas de qualquer época, pois não está subordinado a dogmas irracionais nem obriga o homem a crer sem compreender.

            Procuremos, portanto, melhorar-nos em todos os instantes da nossa atual existência terrena, obedientes aos imperativos da Evolução.

É
destino do homem
progredir sempre

Vinélius di Marco / Indalício Mendes

Reformador (FEB) Junho 1957

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