É natural que a juventude seja
atraída pelos prazeres que a vida prodigaliza. Todavia, é
importante que se oriente para tomar o rumo que melhor atenda ao seu futuro. Os
prazeres sadios, usufruídos depois de inteiramente encerrados os deveres
cotidianos, fazem bem à alma.
Nenhum dos bens terrenos é vedado ao
homem. Se Deus não houvesse querido que o homem gozasse dos prazeres da vida,
não os teria criado. Entretanto, é preciso compreender que há prazeres honestos
e prazeres desonestos. Os prazeres honestos são úteis ao homem; os outros, que
constituem aberrações daqueles, são nocivos. Para se guiar com segurança, deve
a juventude refletir e não vacilar entre o uso e o abuso. Toda a nossa
existência na Terra está subordinada à Lei de Causa e Efeito. Consequentemente,
cada qual
responde pelos seus atos e pensamentos. O uso é permitido dentro da medida que
o delimita; o abuso é justamente o uso desregrado, desmedido, ilimitado.
Para que nos sintamos perfeitamente
em harmonia com o que há de bom na vida terrena, devemos procurar progredir
sempre, pelo estudo constante, pelo apuramento das nossas qualidades morais e
intelectuais, corrigindo sem cessar os atos que realizamos e os pensamentos que
cultivamos. Para que alguém possa sentir-se satisfeito com a própria
consciência, é indispensável conservá-la fiel aos princípios de justiça e de
moral, e livre de preocupações inferiores. O jovem de agora precisa não
esquecer que a mocidade passa e, um dia, chegará a velhice que a todos aguarda
inevitavelmente. Se for previdente, trabalhador, bom e sóbrio, poderá mais
tarde olhar tranquilamente para o passado, sem se envergonhar
, No entanto, se não seguir desde hoje um severo programa de autoeducação,
esforçando-se no estudo, procurando enriquecer seus conhecimentos, valorizando
os próprios sentimentos, a fim de se tornar útil a si e a seus semelhantes, o
futuro ser-lhe-á amargo e a desesperança poderá encher seu coração de
lembranças tristes e irremediáveis.
Desde que procuremos fazer as coisas
da melhor maneira possível, evitando pormenores equívocos ou pausas sombrias,
estaremos em paz com a consciência, sentiremos crescer nossa força moral e
nossa personalidade ficará progressivamente mais forte e incisiva. Vencer na
vida, que é o ideal de todo jovem, não significa renunciar a princípios que a
nobreza de caráter impõe. A vileza, a dissimulação, a deslealdade, a bajulação,
a intriga, são andaimes perigosos que só os incautos utilizam para a construção
do porvir. O homem deve ser digno em todos os sentidos. Será preferível a vida
modesta, mas dignificada por um caráter íntegro, à vida fácil e faustosa, porém
poluída pelos atributos que identificam o homem desumanizado, cruel, falso,
mentiroso e egoísta.
Tudo na Natureza obedece ao critério
inflexível da evolução. Nós somos parte da Natureza, nela nos encontramos
integrados de tal modo que não nos é possível romper os laços da harmonia que
distingue a Vida, sem sofrermos as consequências desse procedimento anormal.
Devemos compreender que o Espírito,
quando retorna à Terra, através da reencarnação, não vem senão para trabalhar
em prol do próprio melhoramento e, ao mesmo tempo, colaborar para a melhoria do
ambiente em que atua, ajudando os mais fracos, estimulando os desanimados,
contendo os excessos dos mais fortes, enfim, realizando
uma passagem produtiva. O Espiritismo nos ensina como alcançar esse progresso.
Não nos oferece meios de realizar milagres, não nos ilude, afirmando-nos que
Jesus veio ao mundo morrer por nós, redimindo nossos pecados, pois continuamos
mais do que nunca pecadores, porque os pretensos herdeiros clássicos do Cristianismo
nada mais fizeram, até hoje, do que deturpar a finalidade dos ensinamentos de
Jesus, pois que os pregam, mas não os seguem. O Espiritismo não anuncia
milagres, porque milagres não existem. Ensina o homem a conhecer a Vida, a
orientar-se nela, seguindo o melhor caminho. Pelo Espiritismo se consegue a
reforma individual, a autoeducação, desde que todos procurem exemplificar as
lições do Evangelho de Jesus. O Espiritismo, como Religião pura que é, nos
oferece os instrumentos morais para a nossa elevação espiritual; como
Filosofia, nos adestra o intelecto e nos permite alcançar uma elasticidade
mental útil ao estudo de qualquer forma de conhecimento; como Ciência, nos
permite estar sempre em dia com as conquistas científicas de qualquer época,
pois não está subordinado a dogmas irracionais nem obriga o homem a crer sem
compreender.
Procuremos, portanto, melhorar-nos
em todos os instantes da nossa atual existência terrena, obedientes aos
imperativos da Evolução.
É
destino
do homem
progredir
sempre
Vinélius di Marco / Indalício
Mendes
Reformador (FEB) Junho 1957
Nenhum comentário:
Postar um comentário