Nótulas espiritualistas
Dr. Antônio J.
Freire
in Reformador (FEB) Julho 1954
O Homem é o árbitro do seu destino, condicionado pelas divinas Leis Cósmicas, sem
as quais o progresso seria uma utopia.
O essencial para o progresso humano
é saber vencer os seus vícios e maus pendores atávicos, radicados na sua ancestralidade
animal que conta um passado multimilenário, expresso na sua alma passional e instintiva
ainda animalizada.
Grande parte da atividade humana
contemporânea está profundamente polarizada nos instintos interiores, patentes
no egoísmo e no orgulho, em pleno e degradante regime de autolatria e de
egocentrismo, sentimentos negativos, tão anti-humanos, como anti-cristãos.
São este os dominantes entraves ao
progresso espiritual da Humanidade, constituindo uma endemia quase geral, corroendo
o nobre sentimento de fraternidade, esteio social radicado no Cristianismo.
No entanto, a ideal evolução espiritual
impõe, com base construtiva, certa e segura, as duas excelsas virtudes cristãs, tal como
Jesus, o Divino Mestre, apostolizou e exemplificou: o altruísmo e a humildade.
São estes os mais poderosos
antídotos dos tóxicos satânicos - o orgulho e o egoísmo.
A Humanidade só poderá libertar-se dos
seus vícios atávicos e ancestrais cultivando com perseverança e carinho as virtudes
cristãs que lhes são opostas, quer por pensamentos e palavras, quer por obras e
intenções. Isto sem solução de continuidade, sem omissões; em linha retilínea, sem sinuosidades, sem
desvios.
*
Para o Homem, digno deste nobre
qualificativo pela sua altíssima Nobiliarquia Divina, é um dever de honra
vencer a sua natureza inferior, passional, instintiva, dominando-a,
educando-a pelo coração, instruindo-a, disciplinando-a pela ação depuradora e nobilitante da sua inteligência e cultura,
em conjunção com a sua consciência moral, reflexo divino e imortal.
A prece, a meditação e a concentração
mental orientadas nos santos e luminosos ensinamentos de Jesus Cristo, o Filho Dileto
de Deus, constituem os elementos de maior valia para o integral triunfo da
nossa regeneração moral, dignificação humana
e progresso espiritual.
A gloriosa e ambiciosa ascese para
Deus – única digna da Humanidade – tem por fulcro – o amor do próximo,
através do altruísmo e da humildade.
Seguir Cristo, é ascender para Deus.
Lisboa, 1954
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