Nótulas Espíritualistas - X
Dr. Antônio J.
Freire
in Reformador (FEB) Junho 1955
Corta as asas à tua alma quando não
te conduzirem para Deus.
*
No Universo, como na música, só há
vibrações, ritmo e harmonia, quando o homem não desafina.
*
Ocupamo-nos excessivamente com a
higiene do corpo, mas descuramos a higiene da nossa alma, a parte mais nobre,
influente e divina da individualidade eterna e responsável.
A oração, a prece, fervorosas e
sentidas, pedindo mais para o nosso próximo de que para nós próprios, são o
melhor preventivo do pecado e das ruins tentações, tanto internas, como externas.
*
Não nos preocuparemos e até
perdoaremos o desprezo dos soberbos e a maledicência dos ingratos, se vivermos
no luminoso caminho da virtude, iluminados pela graça de Deus, e fiéis aos princípios
de Jesus.
*
Vitoriosos ou derrotados, defendamos
sempre os fracos, os perseguidos, os vencidos e os desalentados.
No bom combate a derrota é sempre
uma vitória do espírito sobre a matéria, seja perfurando montanhas, seja
combatendo déspotas.
Na dor alheia, sejam quais forem as
causas que a condicionem, mais devemos avigorar o nobre sentimento da fraternidade
e da compaixão que Jesus proclamou e exemplificou, levando-lhe o lenitivo do
nosso conforto.
*
Os déspotas podem escravizar e
torturar os corpos das suas vítimas; mas não dominam as almas dos homens
honestos e valorosos que saibam defender um nobre e redentor ideal onde palpite
o espírito de sacrifício, de abnegação e de fraternidade cristã. Lutar pela
Liberdade e Justiça é a melhor prece que podemos oferecer a Deus.
*
Cada vida terrena é simultaneamente uma
colheita e uma sementeira. Colhemos no presente o que semeamos no passado, em
nossas múltiplas vidas pretéritas; semeamos no presente o que colheremos,
irremediavelmente, nas vidas futuras, nesses ciclos infindos de preexistências
e sobrevivências, de Mundo para Mundo, na trajetória ascendente da nossa
evolução espiritual.
"Faze sempre o Bem e não olhes a quem." Só procedendo, assim,
invariavelmente, poderemos evitar dores e sofrimentos no encadeamento das vidas
terrestres.
Só podemos colher a felicidade que
tivermos proporcionado aos nossos semelhantes neste tumultuar tenebroso das
perversas paixões humanas.
*
A suprema Lei da causalidade
psíquica (o Carma), na qual está consubstanciada a Justiça Divina, a universal
Justiça lmanente, está viva e flagrantemente expressa em alguns dos nossos
adágios: “se semearmos ventos, colheremos tempestades", “quem semeia
cardos, colhe espinhos!”
Jesus, o lídimo representante de
Deus em nosso Planeta, enunciou-a no Monte das Oliveiras, intimando o apóstolo
Pedro a embainhar a espada: “quem com ferro mata, com ferro morre.”
A resignação às injustiças, e o
perdão aos agressores, constituem das mais belas e redentoras virtudes cristãs.
*
A Lei cármica é justa, mas
inflexível na sua estrutura e mecanismo, ligando logicamente, com mão de ferro,
o efeito à causa determinante.
A sua finalidade não representa
castigos de Deus; apenas corretivos paternais para a compreensão das Leis
divinas, de amor, de perdão e de fraternidade, que não soubemos respeitar em
vidas anteriores. O bendito e justiceiro carma não é um castigo; mas uma lição
proveitosa.
*
O inexorável carma só procura
elucidar o prevaricador pela dor e sofrimento a fim de lhe provocar o
arrependimento, a regeneração cristã e a reparação dos prejuízos morais ou
materiais com que tenha, por egoísmo ou malvadez, prejudicado os seus
semelhantes.
*
O carma, tão mal apreciado e pior
compreendido, atuando sobre todas as Humanidades, sobre todo o Cosmos, é o
principal motor e orientador de todo o progresso material, de toda a evolução
espiritual, entrelaçando passado, presente e futuro das coisas e das
Humanidades.
Abençoado seja o carma pelo seu
indomável poder depurador e impulsão evolutiva, conduzindo todos os pecadores,
os criminosos mais empedernidos, a porto de salvamento, abrindo-lhes a
rutilante e compreensiva aurora do arrependimento e da reparação no rotativismo
alienante das vidas terrestres e astrais. Eis a vitória e conquista redentora
da virtude sobre o pecado, através do calvário cármico.
*
O Homem, ao transpor a aurifulgente
e vitoriosa passagem da animalidade para a Humanidade, conquistou as
inestimáveis e preciosas dádivas divinas: a inteligência racional em troca do
instinto; e a consciência moral, donde resultaram as fundamentais bases da sua
eterna individualidade: o livre-arbítrio e, como corolário, a responsabilidade.
Os animais, nossos irmãos mais novos
no quadro
da Evolução geral, são seres instintivos, logo irresponsáveis; o homem, tendo
ascendido por esforço próprio, depois de centenas de milhões de anos passados
na animalidade e noutros Reinos inferiores da Natureza, à culminância mais
elevada da escala da Criação, acabou por conquistar as duas supremas aspirações
indispensáveis para o seu progresso espiritual: a liberdade e consequentemente
a responsabilidade perante Deus e perante a Humanidade.
*
No estado tenebroso, confuso,
desvairado, que envolve toda a nossa Humanidade, impulsionada pelos mais
perversos vícios e paixões, irrompendo brutalmente do seu atavismo animal, só
há um dique a opor a esta torrente caudalosa, um Luzeiro para iluminar a sua
inteligência, um bálsamo para amenizar o seu coração, um poderoso antídoto para
aniquilar os venenos que perversos mentores lhe têm infiltrado no cérebro e no
coração - o Cristo, o Senhor do Amor e da Compaixão.
*
A Doutrina de Jesus é um sol que
ilumina e esclarece as inteligências e purifica as almas, Jesus-Cristo é um sol
refulgente e radiante; um sol sem Poente nem Ocaso, eterno na sua pura essência
divina.
*
A Doutrina de Jesus é, por excelência,
a via luminosa do resgate e da redenção; é o mais curto e cintilante caminho
que nos pode conduzir a Deus.
Servir a Jesus, de alma e de coração,
é integrarmo-nos no nobre sentimento da Fraternidade humana, foco orientador da
nossa Evolução espiritual, desfolhando-se em amor e compaixão.
Só pelo Amor e Fraternidade esta
Humanidade pode salvar-se dos perigos e abismos insondáveis que tem abertos, escancarados,
a seus pés.
Lisboa - 1955.
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