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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Emmanuel Swedenborg


Emmanuel Swedenborg
por Frederico Francisco (Yvonne Pereira)
Reformador (FEB) Novembro 1977

            “- Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares.” (Allan Kardec - Introdução de "O Evangelho segundo o Espiritismo", 66ª ed. FEB (especial), 1976, pág. 31)

            Quem tem o hábito, ou o interesse, de consultar "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, para as próprias instruções doutrinárias, certamente já encontrou a relação dos nomes daqueles eminentes Espíritos que, em nome de Jesus, ditaram os ensinos constantes nos importantes livros da Codificação do Espiritismo, os quais transformaram as nossas vidas, encaminhando-nos para Deus. Dentre aqueles ilustres habitantes do Mundo Espiritual superior encontraremos um, justamente o último da relação inscrita nos Prolegômenos daquele livro, que poderia causar espanto porque absolutamente inesperado, e este é Swedenborg, nome por muitos desconhecido no Brasil. Os demais missionários que nos revelaram o tesouro celeste, que é a Doutrina Espírita, são de todos conhecidos e bem-amados: São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís (Luís IX de Poissy) , Rei da França (de 1226 a 1270) (1), o Espírito da Verdade, Sócrates, Platão, Fenelon, Franklin, Swedenborg, etc.

            (1) São Luís assumiu o poder aos 11 anos de Idade.

            Ora, Swedenborg era sueco e viveu no século XVIII, tendo sido, segundo os seus biógrafos, o homem mais culto do seu tempo. Dele diz o ilustre pesquisador espírita Arthur Conan Doyle, em seu importante livro "História do Espiritismo" (Editora "O Pensamento", tradução de Júlio Abreu Filho, São Paulo - SP):

            "Nunca se viu tamanho amontoado de conhecimentos. Ele era, antes de mais nada, um grande engenheiro de minas e uma autoridade em metalurgia. Foi o engenheiro militar que mudou a sorte de uma das muitas campanhas de Carlos XII, da Suécia. Era uma grande autoridade em Física e Astronomia, autor de importantes trabalhos sobre as marés e sobre a determinação das latitudes. Era zoologista e anatomista. Financista e político, antecipou-se às conclusões de Adam Smith. Finalmente era um profundo estudioso da Bíblia, que se alimentara de teologia com o leite materno e viveu na austera atmosfera evangélica alguns anos de vida. Seu desenvolvimento psíquico, ocorrido aos vinte e cinco anos, não influiu sobre a sua atividade mental e muitos de seus trabalhos científicos foram publicados após essa data." (Capítulo I, pág. 34) (2).

            (2) A "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira" (Editorial Enciclopédia, Ltda., Lisboa- Rio de Janeiro), volume XXX, págs. 454 a 456, dedica longo verbete a Swedenborg (n. em Estocolmo a 29-1-1688 e m. em Londres a 29-3-1772) e ao Swedenborgismo. Relacionou-se com inúmeras notabilidades do seu tempo, como Halley, Flamsleed e Woodward, e com vários membros da Royal Society e diversos sábios da época. Diz a obra aqui citada: "Analisado à luz de uma rigorosa investigação psíquica, Swedenborg seria apenas um médium (destaque da ob. cit.) muito fora do vulgar, porque as comunicações que asseverava estabelecer com os anjos e os espíritos eram precedidas de violentas tremuras, suores, transe, prostração e desmaios que duravam dez e treze horas, os sinais característicos de todos os médiuns do seu gênero (Cf. ‘Swedenborg - Life and Teaching’, Londres, 1935)". "( ... ) mas só em 1745 admitiu francamente as relações com os anjos e os espíritos, não por um processo análogo ao que se chama vulgarmente Espiritismo, mas falando com os seres superiores sem perder a consciência de tudo o que o rodeava no mundo. Estava Swedenborg ciente de que todos receberiam com o maior ceticismo a explicação do seu estado anímico, o que revelou ao publicar a sua Arcana Coelestia' (1749). Era também lido como um grande vidente". "Recusando todas as homenagens e grandezas, era todavia um simples, cuja bondade e fiIantropia ficou tradicional entre os habitantes do seu bairro, durante os últimos anos de sua vida, na sua modesta residência em Londres." Contam-se em muitas dezenas as obras que publicou sobre assuntos filosóficos, científicos, filosóficos, religiosos, etc.
                No livro "Sobrevivência e Comunicabilidade dos Espíritos", um dos próximos lançamentos febianos, Hermínio C. Miranda dedica um capítulo ao grande médium do século XVIII, intitulado "Uma revisão dos ensinos de Swedenborg".
                Quanto à referência ao Espiritismo, no verbete parcialmente transcrito, é curioso que o seu responsável não tenha procurado Informar-se a respeito da existência de médiuns conscientes, recorrendo a "O Livro dos Médiuns", de Allan Kardec. Oe qualquer maneira, a "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira”, em assuntos ligados ao Espiritismo, é das que menos reparos exige.

            Esse homem dotado de tanta cultura era também médium, vidente, clarividente; presenciava acontecimentos a enormes distâncias, como o incêndio que, da mesa de um jantar de que participava com dezesseis convidados, em Gotemburg, assistiu em Estocolmo.

            Parece que foi em 1744, em Londres, que suas forças mediúnicas entraram em atividade. Desde o advento da sua primeira visão esteve ele permanentemente em contato com o outro mundo. "Na mesma noite - diz ele - o mundo dos Espíritos, do céu e do inferno, abriu-se convincentemente para mim, e aí encontrei muitas pessoas de meu conhecimento e de todas as condições. Desde então diariamente o Senhor abria os olhos de meu Espírito para ver, perfeitamente desperto, o que se passava no outro mundo e para conversar, em plena consciência, com anjos e Espíritos." (Ob. cit., págs. 36 e 37).

            Ele fala ainda de "uma espécie de vapor que se exalava dos poros de seu corpo. Era um vapor aquoso muito visível e caía no chão, sobre o tapete". E nós hoje conhecemos esse "vapor aquoso" como o ectoplasma, mais tarde identificado pelos pesquisadores psiquistas e espíritas do século passado como aquilo mesmo que o simpático Swedenborg via e assistia em si mesmo no século XVIII. E não é de admirar que ele o visse, pois se trata de um fato, uma propriedade natural do ser humano desde todas as épocas o que esse vidente foi o primeiro a identificar, nos tempos modernos. Mas, nem só ao ectoplasma ele se referia. Havia mais...

            Ainda hoje, mesmo entre adeptos da Doutrina dos Espíritos, existe quem descreia das narrativas do Espírito André Luiz e de outras obras congêneres às desta Entidade espiritual. Creem tratar-se de "fantasias de médiuns ignorantes e mistificados", como dizem alguns; ou que André Luiz foi o primeiro habitante do mundo espiritual que nos trouxe as novidades descritas em suas magníficas obras, e que portanto estas não têm base nos códigos doutrinários. No entanto, sabemos que as narrativas de André Luiz se alicerçam em "O Livro dos Médiuns" e que vários outros livros mediúnicos dizem a mesma coisa, o que podemos verificar em "A Crise da Morte", de Ernesto Bozzano; "A Vida além do Véu", do Rev. G. Vale Owen; "Raymond", de Sir Ollver Lodge, os quais igualmente se expressaram sobre o assunto em época anterior, ao passo que Swedenborg dizia o seguinte, no século XVIII, e Conan Doyle, citando seus livros, o repete:

            "Verificou que o outro mundo, para onde vamos depois da morte, consiste de várias esferas, representando outros tantos graus de luminosidade e de felicidade; cada um de nós irá para aquela a que se adapta a nossa condição espiritual. Somos julgados automaticamente, por uma lei espiritual das similitudes; o resultado é determinado pelo resultado global da nossa vida, de modo que a absolvição ou arrependimento no leito de morte têm pouco proveito. Nessas esferas verificou que o cenário e as condições deste mundo eram reproduzidas fielmente, do mesmo modo que a estrutura da sociedade. Viu casas onde viviam famílias, templos onde praticavam o culto, auditórios onde se reuniam para fins sociais, palácios onde deviam morar os chefes. (Pág. 3-8.) E na página seguinte, 39, prossegue Conan Doyle, sempre citando o mestre sueco:

            "A morte era suave, dada a presença de seres celestiais que ajudavam os recém-chegados na sua nova existência (a espiritual). Esses recém-vindos passavam imediatamente por um absoluto repouso. Reconquistavam a consciência em poucos dias, segundo a nossa contagem.

            "Havia anjos e demônios, mas não eram de ordem diversa da nossa: eram seres humanos, que tinham vivido na Terra e que ou eram almas retardatárias, como demônios, ou altamente desenvolvidas, como anjos.

            "De modo algum mudamos com a morte. O homem nada perde com a morte: sob todos os pontos de vista é ainda um homem, conquanto mais perfeito do que quando na matéria. Levou consigo não só as suas forças, mas os seus hábitos mentais adquiridos, os seus preconceitos."

            Seria impossível transcrever os demais pontos onde vemos anunciadas particularidades da Doutrina Espírita, mais tarde revelada a Kardec por aquela falange brilhante cuja relação assenta em Prolegômenos de "O Livro dos Espíritos", da qual  Swedenborg comparticipa. Note-se, porém, que ele tudo isso afirmava quando ainda homem, como médium, o mesmo que muitos médiuns atuais têm presenciado durante transes de desdobramento em corpo astral. Foi acusado de dizer fantasias e tomar como realidade o que era pura imaginação. Também os médiuns de hoje, descrevendo as mesmas coisas, que veem e verificam durante seus "passeios" pelo Invisível, são acusados de "ignorância" e de "mistificação".

            Emmanuel Swedenborg, portanto, foi um dos mestres que nos deram a Codificação do Espiritismo, formando ao lado de São Luís, de São João Evangelista, de Santo Agostinho, Sócrates, Platão, etc., para entregar o Consolador ao mundo, assim consolando nossas dores e auxiliando nossa redenção. Não devemos, portanto, repelir o que nos vem do Alto por intermédio daqueles médiuns abnegados que realmente se integram na tarefa de intermediários entre os dois mundos - espiritual e material -, mas, sim, observar a recomendação inserta em "O Evangelho segundo o Espiritismo", isto é, "a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente (os Espíritos instrutores), servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares”. Nosso dever é estudar, pesquisar, examinar, e não negar gratuitamente. Os livros estão aí, ao nosso dispor, excelentes, brilhantes, trazidos até nós pelos “anjos do Senhor”. Há carência de conhecimentos, insuficiência de estudos entre a grande massa dos adeptos do Espiritismo, até mesmo entre os médiuns. Mas só não aprendem as lições que o Senhor nos manda aqueles que não querem aprender...



Um comentário:

  1. Olá, Aron! Obrigado pelo texto.
    Gostei muito dessa imagem que você colocou do Swedenborg. Procurei na internet e não achei em outro lugar, apenas aqui.
    Eu desejo saber a fonte. Você poderia me dizer?
    É de algum livro?
    Se puder me responder, eu agradeço.

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