Emmanuel
Swedenborg
por Frederico Francisco (Yvonne Pereira)
Reformador
(FEB) Novembro 1977
“- Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a
concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente,
servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários
lugares.” (Allan Kardec - Introdução
de "O Evangelho segundo o Espiritismo", 66ª ed. FEB (especial), 1976,
pág. 31)
Quem
tem o hábito, ou o interesse, de consultar "O Livro dos Espíritos",
de Allan Kardec, para as próprias instruções doutrinárias, certamente já
encontrou a relação dos nomes daqueles eminentes Espíritos que, em nome de
Jesus, ditaram os ensinos constantes nos importantes livros da Codificação do
Espiritismo, os quais transformaram as nossas vidas, encaminhando-nos para
Deus. Dentre aqueles ilustres habitantes do Mundo Espiritual superior encontraremos um, justamente
o último da relação inscrita nos Prolegômenos daquele livro, que poderia causar
espanto porque absolutamente inesperado, e este é Swedenborg, nome por muitos
desconhecido no Brasil. Os demais missionários que nos revelaram o tesouro
celeste, que é a Doutrina Espírita, são de todos conhecidos e bem-amados: São João Evangelista,
Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís (Luís IX de Poissy) , Rei da
França (de 1226 a 1270) (1), o Espírito da Verdade, Sócrates, Platão, Fenelon, Franklin,
Swedenborg, etc.
(1) São Luís assumiu o poder aos 11 anos de Idade.
Ora,
Swedenborg era sueco e viveu no século XVIII, tendo sido, segundo os seus
biógrafos, o homem mais culto do seu tempo. Dele diz o ilustre pesquisador
espírita Arthur Conan Doyle, em seu importante livro "História do
Espiritismo" (Editora "O Pensamento", tradução de
Júlio Abreu Filho, São Paulo - SP):
"Nunca se viu tamanho amontoado de
conhecimentos. Ele era, antes de mais nada, um grande engenheiro de minas e uma
autoridade em metalurgia. Foi o engenheiro militar que mudou a sorte de uma das
muitas campanhas de Carlos XII, da Suécia. Era uma grande autoridade em Física
e Astronomia, autor de importantes trabalhos sobre as marés e sobre a
determinação das latitudes. Era zoologista e anatomista. Financista e político,
antecipou-se às conclusões de Adam Smith. Finalmente era um profundo estudioso
da Bíblia, que se alimentara de teologia com o leite materno e viveu na austera
atmosfera evangélica alguns anos de vida. Seu desenvolvimento psíquico, ocorrido aos vinte e cinco
anos, não influiu sobre a sua atividade mental e muitos de seus trabalhos
científicos foram publicados após essa data."
(Capítulo I, pág. 34) (2).
(2) A
"Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira" (Editorial
Enciclopédia, Ltda., Lisboa- Rio de Janeiro), volume XXX, págs. 454 a 456,
dedica longo verbete a Swedenborg (n. em Estocolmo a 29-1-1688 e m. em Londres
a 29-3-1772) e ao Swedenborgismo. Relacionou-se com inúmeras notabilidades do
seu tempo, como Halley, Flamsleed e Woodward, e com vários membros da Royal Society
e diversos sábios da época. Diz a obra aqui citada: "Analisado à luz de
uma rigorosa investigação psíquica, Swedenborg seria apenas um médium (destaque da ob. cit.) muito fora
do vulgar, porque as comunicações que asseverava estabelecer com os anjos e os
espíritos eram precedidas de violentas tremuras, suores, transe, prostração e
desmaios que duravam dez e treze horas, os sinais característicos de todos os
médiuns do seu gênero (Cf. ‘Swedenborg - Life and Teaching’, Londres,
1935)". "( ... ) mas só em 1745 admitiu francamente as relações com
os anjos e os espíritos, não por um processo análogo ao que se chama
vulgarmente Espiritismo, mas falando com os seres superiores sem perder a
consciência de tudo o que o rodeava no mundo. Estava Swedenborg ciente de que todos
receberiam com o maior ceticismo a explicação do seu estado anímico, o que
revelou ao publicar a sua Arcana Coelestia' (1749). Era também
lido como um grande vidente". "Recusando todas as homenagens e
grandezas, era todavia um simples, cuja bondade e fiIantropia ficou tradicional
entre os habitantes do seu bairro, durante os últimos anos de sua vida, na sua
modesta residência em Londres." Contam-se em muitas dezenas as obras que
publicou sobre assuntos filosóficos, científicos, filosóficos, religiosos, etc.
No
livro "Sobrevivência e Comunicabilidade dos Espíritos", um dos
próximos lançamentos febianos, Hermínio C. Miranda dedica um capítulo ao grande
médium do século XVIII, intitulado "Uma
revisão dos ensinos de Swedenborg".
Quanto
à referência ao Espiritismo, no verbete parcialmente transcrito, é curioso que
o seu responsável não tenha procurado Informar-se a respeito da existência de
médiuns conscientes, recorrendo a "O Livro dos Médiuns", de Allan
Kardec. Oe qualquer maneira, a "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira”,
em assuntos ligados ao Espiritismo, é das que menos reparos exige.
Esse
homem dotado de tanta cultura era também médium, vidente, clarividente;
presenciava acontecimentos a enormes distâncias, como o incêndio que, da mesa
de um jantar de que participava com dezesseis convidados, em Gotemburg,
assistiu em Estocolmo.
Parece
que foi em 1744, em Londres, que suas forças mediúnicas entraram em atividade.
Desde o advento da sua primeira visão esteve ele permanentemente em contato com
o outro mundo. "Na mesma noite - diz ele - o mundo dos Espíritos, do céu e
do inferno, abriu-se convincentemente para mim, e aí encontrei muitas pessoas
de meu conhecimento e de todas as condições. Desde então diariamente o Senhor
abria os olhos de meu Espírito para ver, perfeitamente desperto, o que se passava
no outro mundo e para conversar, em plena consciência, com anjos e
Espíritos." (Ob. cit., págs. 36 e 37).
Ele
fala ainda de "uma espécie de vapor que se exalava dos poros de seu corpo.
Era um vapor aquoso muito visível e caía no chão, sobre o tapete". E nós
hoje conhecemos esse "vapor aquoso" como o ectoplasma, mais tarde
identificado pelos pesquisadores psiquistas e espíritas do século passado como
aquilo mesmo que o simpático Swedenborg via e assistia em si mesmo no século
XVIII. E não é de admirar que ele o visse, pois se trata de um fato, uma
propriedade natural do ser humano desde todas as épocas o que esse vidente foi o primeiro a identificar, nos tempos
modernos. Mas, nem só ao ectoplasma ele se referia. Havia mais...
Ainda
hoje, mesmo entre adeptos da Doutrina dos Espíritos, existe quem descreia das
narrativas do Espírito André Luiz e de outras obras congêneres às desta
Entidade espiritual. Creem tratar-se de "fantasias de médiuns ignorantes e
mistificados", como dizem alguns; ou que André Luiz foi o primeiro
habitante do mundo espiritual que nos trouxe as novidades descritas em suas
magníficas obras, e que portanto estas não têm base nos códigos doutrinários.
No entanto, sabemos que as narrativas de André Luiz se alicerçam em "O
Livro dos Médiuns" e que vários outros livros mediúnicos dizem a mesma
coisa, o que podemos verificar em "A Crise da Morte", de Ernesto
Bozzano; "A Vida além do Véu", do Rev. G. Vale Owen;
"Raymond", de Sir Ollver Lodge, os quais igualmente se expressaram
sobre o assunto em época anterior, ao passo que Swedenborg dizia o seguinte, no
século XVIII, e Conan Doyle, citando seus livros, o
repete:
"Verificou que o outro mundo, para onde
vamos depois da morte, consiste de várias esferas, representando outros tantos
graus de luminosidade e de felicidade; cada um de nós irá para aquela a que se
adapta a nossa condição espiritual. Somos julgados automaticamente, por uma lei
espiritual das similitudes; o resultado é determinado pelo resultado global da nossa vida, de modo que a absolvição ou
arrependimento no leito de morte têm pouco proveito. Nessas esferas verificou
que o cenário e as condições deste mundo eram reproduzidas fielmente, do mesmo
modo que a estrutura da sociedade. Viu
casas onde viviam famílias, templos onde praticavam o culto, auditórios onde se
reuniam para fins sociais, palácios onde deviam morar os chefes. (Pág.
3-8.) E na página seguinte, 39, prossegue Conan Doyle, sempre citando o mestre
sueco:
"A morte era
suave, dada a presença de seres celestiais que ajudavam os recém-chegados na
sua nova existência (a espiritual). Esses recém-vindos passavam imediatamente
por um absoluto repouso. Reconquistavam a consciência em poucos dias, segundo a
nossa contagem.
"Havia anjos e
demônios, mas não eram de ordem diversa da nossa: eram seres humanos, que
tinham vivido na Terra e que ou eram almas retardatárias, como demônios, ou
altamente desenvolvidas, como anjos.
"De modo algum
mudamos com a morte. O homem nada perde com a morte: sob todos os pontos de
vista é ainda um homem, conquanto mais perfeito do que quando na matéria. Levou
consigo não só as suas forças, mas os seus hábitos mentais adquiridos, os seus
preconceitos."
Seria
impossível transcrever os demais pontos onde vemos anunciadas particularidades
da Doutrina Espírita, mais tarde revelada a Kardec por aquela falange brilhante
cuja relação assenta em Prolegômenos de "O Livro dos Espíritos",
da qual Swedenborg comparticipa. Note-se, porém, que ele
tudo isso afirmava quando ainda homem, como médium, o mesmo que muitos médiuns
atuais têm presenciado durante transes de desdobramento em corpo astral. Foi
acusado de dizer fantasias e tomar como realidade o que era pura imaginação.
Também os médiuns de hoje, descrevendo as mesmas coisas, que veem e verificam
durante seus "passeios" pelo Invisível, são acusados de
"ignorância" e de "mistificação".
Emmanuel
Swedenborg, portanto, foi um dos mestres que nos deram a Codificação do
Espiritismo, formando ao lado de São Luís, de São João Evangelista, de Santo Agostinho,
Sócrates, Platão, etc., para entregar o Consolador ao mundo, assim consolando
nossas dores e auxiliando nossa redenção. Não devemos, portanto, repelir o que
nos vem do Alto por intermédio daqueles médiuns abnegados que realmente se
integram na tarefa de intermediários entre os dois mundos - espiritual e
material -, mas, sim, observar a recomendação inserta em "O Evangelho
segundo o Espiritismo", isto é, "a concordância que haja entre as
revelações que eles façam espontaneamente (os Espíritos instrutores),
servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários
lugares”. Nosso dever é estudar, pesquisar, examinar, e não negar
gratuitamente. Os livros estão aí, ao nosso dispor, excelentes, brilhantes,
trazidos até nós pelos “anjos do Senhor”. Há carência de conhecimentos,
insuficiência de estudos entre a grande massa dos adeptos do Espiritismo, até
mesmo entre os médiuns. Mas só não aprendem as lições que o Senhor nos manda
aqueles que não querem aprender...
Olá, Aron! Obrigado pelo texto.
ResponderExcluirGostei muito dessa imagem que você colocou do Swedenborg. Procurei na internet e não achei em outro lugar, apenas aqui.
Eu desejo saber a fonte. Você poderia me dizer?
É de algum livro?
Se puder me responder, eu agradeço.