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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Evangelho, sempre Evangelho

Evangelho,
sempre Evangelho

Emmanuel
por Chico Xavier
Reformador (FEB) Maio 1977



            Meus irmãos e meus amigos, que Jesus vos conserve o coração em santa paz. Não desejamos perturbar a tranquilidade sagrada da vossa palestra amiga e fraternal. Se a trocastes por um momento de comunhão com o invisível, deveis considerar que, através de vossos conceitos, fluía o espírito do amor e da cordialidade, no fermento divino do Evangelho.

            Não podemos trazer a vós outros uma emoção nova, nesse sentido, e, em nosso coração, ressoa esse eco de amizade doce, que faz da vida terrena uma travessia menos fadigosa. Simples irmão mais velho, não me atrevo a pintar panoramas novos para a vossa mentalidade esclarecida à luz das lições imortais de Jesus Cristo.

            De bom grado, associamo-nos ao vosso ágape espiritual, endossando as opiniões expendidas e corroborando o vosso critério evangélico, no mecanismo das atividades doutrinárias.

            Nenhuma mensagem do plano espiritual pode apresentar características mais empolgantes que o divino roteiro, estabelecido pelo Divino Mestre, há dois mil anos, com vistas ao progresso infinito das almas. Debalde, os emissários das ideias novas falarão ao mundo, recorrendo a todos os processos da retórica e da dialética humanas. Em vão, as ideologias políticas desfraldarão bandeirolas ao vento, ao rufo melancólico de tambores, e é inútil que a ciência e a religião, em seus polos  dogmáticos, prossigam na luta dos seus antagonismos irreconciliáveis. A revelação divina, no coração das criaturas, a sagrada compreensão do Cristianismo redivivo são as únicas lâmpadas de claridade imortal, esclarecendo o verdadeiro caminho das civilizações. Ante a sua grandeza, todas as ilusões do mundo são como a onda leve, ou como a neblina evanescente.

            Os homens marcharão ainda uns contra os outros, tripudiando sobre as mais formosas e imperecíveis leis de fraternidade universal, separados pelo simbolismo das bandeiras, obedecendo, muitas vezes, a poderosos imperativos de sua natureza quase semibárbara, embora as expressões de refinamento da civilização ocidental. Todavia, é preciso considerar que sobre a maioridade terrestre flutua o período de tempo equivalente a vinte séculos consecutivos. Por todo esse patrimônio inestimável de tempo, o Mestre tem aguardado a compreensão do seu rebanho, dentro das cariciosas expressões de seu amor divino.

            É por esse motivo que, junto dos horizontes sombrios do plano internacional, legiões de trabalhadores dos planos invisíveis são convocados para a aferição dos valores humanos, na época que passa. Numerosas transições assinalam as vossas atividades consuetudinárias e a indecisão paira sobre a fronte dos povos, atormentados pelos fantasmas da ambição e do extermínio. Lá fora, nas agitações imensas do mundo, esse é o painel dos acontecimentos. Entre as coroas que se estraçalham, entre os poderes políticos que se chocam, fragorosamente, vacilam as cátedras e desmoronam as sacristias. 0s religiosos do “sepulcro caiado” recordam somente hoje que o esforço e as lágrimas dos mártires terminaram nas pedras frias das catedrais sem alma, embora as suas características de munificência.

            Imensa é a luta. Os novos trabalhos, as perspectivas penosas da tarefa educativa assombram os mais tímidos; mas, no meio da tempestade, há corações de inspirados que trabalham e esperam.

            Para esses, a fé está sempre tocada de um cântico de hosanas. Sabem entender o jugo suave do Mestre e embalde os convoca o mundo para a sua destruição e para os seus dolorosos atritos.

            É por essa razão, amigos, que comungamos convosco, esta noite, prendendo aos vossos os nossos corações, cheios de boa-vontade.

            Orai e vigiai. Continuai agindo assim e que os vossos lares, precedendo as realizações do porvir, sejam os templos da paz e da fé, onde a sublime confiança em Jesus pontifique todos os dias, no altar íntimo do coração.

            Que Deus vos abençoe e vos conceda muita paz.

            Que Jesus vos guarde em seu amor, derramando sobre os vossos espíritos a sua divina bênção, é a rogativa do vosso irmão e servo.


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