Casamento
e Divórcio
19,3 Os
fariseus vieram perguntar-lhe, para po-lo a prova: É permitido a um homem
rejeitar sua mulher por um motivo qualquer? 19,4 Respondeu-lhe Jesus:“ -Não lestes que o
Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse:
19,5 Por
isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois
viverão uma só vida!
19,6 Assim, já não são duas, mas uma só vida,
portanto, não separe o homem o que Deus ajuntou”
19,7
Disseram-lhe eles: - Por que, então, Moisés ordenou dar um documento de
divórcio à mulher, ao rejeitá-la?
19,8 Jesus respondeu-lhes: “É por causa da
dureza de vosso coração, que Moisés havia tolerado o repúdio das mulheres, mas,
no começo, não foi assim.
19,9 Ora, eu vos declaro que todo aquele que
rejeita sua mulher, exceto no caso de noiva infiel, e esposa uma outra, comete
adultério. E, aquele que esposa uma mulher rejeitada, comete também adultério.
19,10 Seus discípulos disseram: - Se tal é a condição do homem a respeito da
mulher, é melhor não casar!
19,11 Respondeu Ele: “ -Nem todos são capazes
de compreender o sentido destas palavras, mas somente aqueles a quem foi dado
compreender.
19,12 Porque há eunucos que o são desde o
ventre de suas mães, e há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há
eunucos que a si mesmo se fizeram eunucos por amor do reino dos céus. Quem
puder compreender, compreenda.”
Para Mt (19,3-12), -Casamento e
Divórcio - encontramos a palavra de Kardec, em “O Evangelho...”, no seu Cap. XXII:
“Não há de imutável senão o que vem
de Deus; tudo o que é obra dos homens está sujeito a mudanças. As leis da
Natureza são as mesmas em todos os tempos e em todos os países; as leis humanas
mudam segundo os tempos, os lugares e o progresso da inteligência. No casamento, o que é de ordem divina é a
união dos sexos para operar a renovação dos seres que morrem; mas, as condições
que regulam essa união são de ordem tão humana, que não há no mundo inteiro, e
mesmo na cristandade , dois países em que elas sejam absolutamente as mesmas,
e que não haja um em que elas não tenham sofrido mudanças com o tempo.”
“Mas na união dos sexos, ao lado da
lei divina material, comum a todos os seres vivos, há uma outra lei divina,
imutável, como todas as leis de Deus, exclusivamente moral e que é a lei de
amor. Deus quis que os seres estivessem unidos não somente pelos laços da
carne, mas pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se
transportasse para seus filhos, e que eles fossem dois, em lugar de um, a
amá-los, a cuidá-los e fazê-los progredir.”
“Mas, nem a lei civil, nem os
compromissos que ela faz contrair, podem suprir a lei do amor se esta lei não
preside a união; disso resulta que, freqüentemente, o que se une à força, se separa
por si mesmo; que o juramento que se pronuncia ao pé do altar torna-se
um perjúrio se dito como uma fórmula banal; daí as uniões infelizes, que acabam
por se tornar criminosas; dupla infelicidade que se evitaria se, nas condições
do casamento, não se fizesse abstração da única lei que o sanciona aos olhos de
Deus: a lei do amor. Quando Deus disse: “Vós não sereis senão uma mesma carne”;
e, quando Jesus disse: “Vós não separareis o que Deus uniu”, isso se deve
entender da união segundo a lei imutável de Deus, e não segundo a lei variável
dos homens.”
“O divórcio é uma lei humana que tem
por fim separar legalmente o que está separado de fato; não é contrária à lei
de Deus, uma vez que não reforma senão o que os homens fizeram, e não é
aplicável senão nos casos em que não se levou em conta a lei divina...”
Para Mt (19,6), -O
que Deus ajuntou não o separe o homem... - buscamos
Emmanuel por Chico Xavier, em “Caminho, Verdade e Vida”:
“A palavra divina não se refere apenas aos casos do coração. Os
laços afetivos caracterizam-se por alicerces sagrados e os compromissos
conjugais ou domésticos sempre atendem a superiores desígnios. O homem não
ludibriará os impositivos da lei, abusando de facilidades materiais para
lisonjear os sentidos. Quebrando a ordem que lhe rege os caminhos,
desorganizará a própria existência. Os princípios equilibrantes da vida
surgirão sempre, corrigindo e restaurando...A advertência de Jesus, porém,
apresenta para nós significação mais vasta.
“Não separeis o que Deus ajuntou” corresponde também ao “não perturbeis o que Deus
harmonizou.”
Ninguém alegue desconhecimento do
propósito divino. O dever, por mais
duro, constitui sempre a vontade do Senhor. E a consciência, sentinela
vigilante do Eterno, a menos que esteja o homem dormindo no nível do bruto,
permanece apta a discernir o que constitui
“obrigação” e o que representa “fuga”.
O Pai criou seres e reuniu-os. Criou
igualmente situações e coisas, ajustando-as para o bem comum.
Quem
desarmoniza as obras divinas, prepara-se para a recomposição. Quem lesa o
Pai, algema o próprio “ eu ” aos resultados de sua ação infeliz e, por vezes,
gasta séculos, desatando grilhões...
Na atualidade terrestre, esmagadora
percentagem dos homens constitui-se de milhões em serviço reparador, depois de
haverem separado o que Deus ajuntou, perturbando, com o mal, o que a
Providência estabelecera para o bem.
Prestigiemos as organizações do
Justo Juiz que a noção do dever
identifica para nós em todos os quadros do mundo.
Às vezes, é possível perturbar-lhe as obras com sorrisos, mas seremos
invariavelmente forçados a repará-las com suor e lágrimas. ”
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