Evangelho,
sempre Evangelho
Emmanuel
por Chico Xavier
Reformador (FEB) Maio 1977
Meus irmãos e meus amigos, que Jesus
vos conserve o coração em santa paz. Não
desejamos perturbar a tranquilidade sagrada da vossa palestra amiga e
fraternal. Se a trocastes
por um momento de comunhão com o invisível, deveis considerar que, através de
vossos conceitos, fluía o espírito do amor e da cordialidade, no fermento
divino do Evangelho.
Não podemos trazer a vós outros uma
emoção nova, nesse sentido, e, em nosso coração, ressoa esse eco de amizade
doce, que faz da vida terrena uma travessia menos fadigosa. Simples irmão mais
velho, não me atrevo a pintar panoramas novos para a vossa mentalidade esclarecida
à luz das lições imortais de Jesus Cristo.
De bom grado, associamo-nos ao vosso
ágape espiritual, endossando as opiniões expendidas e corroborando o vosso
critério evangélico, no mecanismo das atividades doutrinárias.
Nenhuma mensagem do plano espiritual
pode apresentar características mais empolgantes que o divino roteiro,
estabelecido pelo Divino Mestre, há dois mil anos, com vistas ao progresso
infinito das almas. Debalde, os emissários das ideias novas falarão ao
mundo, recorrendo a todos os processos da retórica e da dialética humanas. Em
vão, as ideologias políticas desfraldarão bandeirolas ao vento, ao rufo
melancólico de tambores, e é inútil que a ciência e a religião, em seus polos dogmáticos, prossigam na luta dos seus antagonismos irreconciliáveis. A
revelação divina, no coração das criaturas, a sagrada compreensão do
Cristianismo redivivo são as únicas lâmpadas de claridade imortal, esclarecendo
o verdadeiro caminho das civilizações. Ante a sua grandeza, todas as ilusões do
mundo são como a onda leve, ou como a neblina evanescente.
Os homens marcharão ainda uns contra
os outros, tripudiando sobre as mais formosas e imperecíveis leis de
fraternidade universal, separados pelo simbolismo das bandeiras, obedecendo,
muitas vezes, a poderosos imperativos de sua natureza quase semibárbara, embora
as expressões de refinamento da civilização ocidental. Todavia, é preciso
considerar que sobre a maioridade terrestre flutua o período de tempo
equivalente a vinte séculos consecutivos. Por todo esse patrimônio inestimável
de tempo, o Mestre tem aguardado a compreensão do seu rebanho, dentro das
cariciosas expressões de seu amor divino.
É por esse motivo que, junto dos
horizontes sombrios do plano internacional, legiões de trabalhadores dos planos
invisíveis são convocados para a aferição dos valores humanos, na época que passa.
Numerosas transições assinalam as vossas atividades consuetudinárias e a
indecisão paira sobre a fronte dos povos, atormentados pelos fantasmas da
ambição e do extermínio. Lá fora, nas agitações imensas do mundo, esse é o
painel dos acontecimentos. Entre as coroas que se estraçalham, entre os poderes
políticos que se chocam, fragorosamente, vacilam as cátedras e desmoronam as
sacristias. 0s religiosos do “sepulcro caiado” recordam somente hoje que o
esforço e as lágrimas dos mártires terminaram nas pedras frias das catedrais
sem alma, embora as suas características de munificência.
Imensa é a luta. Os novos trabalhos,
as perspectivas penosas da tarefa educativa assombram os mais tímidos; mas, no
meio da tempestade, há corações de inspirados que trabalham e esperam.
Para esses, a fé está sempre tocada
de um cântico de hosanas. Sabem entender o jugo suave do Mestre e embalde os
convoca o mundo para a sua destruição e para os seus dolorosos atritos.
É por essa razão, amigos, que
comungamos convosco, esta noite, prendendo aos vossos os nossos corações,
cheios de boa-vontade.
Orai e vigiai. Continuai agindo
assim e que os vossos lares, precedendo as realizações do porvir, sejam os
templos da paz e da fé, onde a sublime confiança em Jesus pontifique todos os
dias, no altar íntimo do coração.
Que Deus vos abençoe e vos conceda
muita paz.
Que Jesus vos guarde em seu amor,
derramando sobre os vossos espíritos a sua divina bênção, é a rogativa do vosso
irmão e servo.
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