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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Conselhos a um Juiz





Conselhos a um Juiz

            Meu Amigo, meu Irmão, que o Justo Juiz te ilumine a inteligência e fortaleça o coração.

            Não te falta socorro e é por isso que te pedimos prosseguir, sem desfalecimento, na missão de que foste revestido pelo Supremo Poder.

            Sabemos que as tuas noites são cheias de vigílias dolorosas.

            Assombram-te, muitas vezes, os quadros do caminho redentor, repleto de responsabilidades diversas. Não temas, porém.

            As tuas provações de homem, no campo doméstico, e os infinitos cuidados que te impõe a vida social são bem pesados, bem o reconhecemos. Entretanto, é preciso serenar o coração e seguir avante.

            A missão de julgar é efetivamente angustiosa para quantos receberam de Jesus mais avançadas concepções do direito humano.

            O juiz reto sofre amarguras interiores e experimenta aflições de toda a sorte, porque a conceituação de Humanidade encontra, em seu raciocínio e em sua sensibilidade, esfera mais vasta para a necessária dilatação; contudo, não podemos prescindir dos Missionários da Ordem.

            A toga é sagrada na medicação do organismo coletivo e há que examinar a heterogeneidade dos caracteres, na estrada da evolução, para compreendermos semelhante exigência.

            É por essa razão que te rogamos calma e coragem no desempenho dos teus deveres humanos e divinos.

            Aceita as injunções do teu cargo à maneira de embarcação, no oceano encapelado, à procura do porto de tua paz intima.

            Os padecimentos intelectuais que te perturbam frequentemente, nesse mister, decorrem do passado distante, que, muitas vezes, julgaste sem maior consideração.

            Conheceste o tormento de todos aqueles que lavram sentenças imponderadas e iníquas.

            É por esse motivo que a tua situação, embora honrosa e digna, constitui doloroso sacerdócio para a tua alma sensível.  

            Segue, todavia, com a Lâmpada do Cristo, nas mãos operosas. Essa claridade sublime que brilha, sem ofuscar, iluminar-te-á os olhos inteligentes na emissão de todos os despachos que a Justiça reclama de tua mente.

            No exame dos processos mais comuns, lembra-te, meu Irmão, de que Amigos abençoados te auxiliam e orientam, cooperando em tuas reflexões e despachos fraternos.

            Tenha a Calma e a Ponderação como duas conselheiras permanentes de teu caminho e encontrarás sempre a Porta de Jesus tocada de sublimes inspirações para o teu espírito sinceramente interessado em servir ao Divino Mestre.

            Procura o aspecto mais nobre, o ângulo mais elevado, a particularidade mais digna, no desdobramento de teus esforços, no campo da luta construtiva. Entretanto, se é preciso salientar a grandeza da absolvição, que liberta e restaura, não podes igualmente esquecer que o organismo social do mundo ainda apresenta zonas enfermiças e cancerosas. E o Sacerdote da Ordem e da segurança, em numerosas ocasiões, é compelido a desempenhar as funções do médico: isolando e amputando, curando chagas e sanando deformações.

            Em todas as minudências do caminho, procura o amparo da Inspiração Divina que te segue de perto, através de companheiros leais, desde muitos séculos, associados ao teu espírito, na obra de redenção.

            Adeus. E que a Paz do Senhor habite em teu coração, como o mais precioso dom de vida eterna, são os votos do amigo e servo humilde,

Emmanuel

Emmanuel por Chico  Xavier, em 14 de março de 1946, às 12 horas,  destinada ao
Dr. Lafaiete Dutra Ateniense, juiz de Direito da Comarca de Piranga, em Minas Gerais, que no-la deu a publicar)



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