O
Sentido da Humildade
Indalício Mendes
Reformador (FEB) Fevereiro 1956
Devemos enaltecer a humildade? Sem dúvida
alguma porque ela exprime a simplicidade de coração. Ser simples de coração é
ser bom. A bondade não justifica simulações porque, então, seria apenas
hipocrisia. O homem humilde, segundo o conceito evangélico da humildade, tem de
ser substancialmente bondoso. Um celerado nunca poderá ser verdadeiramente
humilde, porque não há bondade em seu coração. Pode parecer simples e temo, mas
seus atos provarão logo tratar-se de um mistificador. Quando Jesus disse: “Bem-aventurados
os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus”, não admitiu, por
certo, que se pudesse confundir humildade com simulação.
*
Acreditamos nos bons frutos da humildade,
porque é preciso possuir força espiritual para cultivar essa virtude extraordinariamente
bela.
Quando nos referimos à conveniência de ser
humilde, não estamos pensando na humildade simulada, mas na humildade virtude,
que é sincera e sendo sincera não pode casar-se senão com outra virtude. Cremos
na humildade como atributo superior do espírito, e Jesus foi e é o símbolo
dessa virtude magnífica, de que deu provas exuberantes em todo o decurso de sua
passagem visível pela Terra. Os humildes são limpos de coração e,
consequentemente, bem-aventurados, e porque eles verão a Deus”. Que seríamos
nós, perante o Mestre, se não procurássemos realizar cotidianas tentativas de
progredir na humildade, nós que a achamos tão bela? Como, pois, devemos encarar
o comentário injusto e amargo em torno do que pensamos sobre a condição de ser
humilde, senão com serena humildade? Não ensinou o Mestre que devemos ser
mansos de coração? “Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem, vos
perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa.”
*
Jesus foi humilde perante o Sinédrio e
diante de Pilatos. Foi humilde sempre, mas dessa humildade dignificadora,
porque construtiva e exemplar. Nem outra é a humildade a que nos temos
referido. Ainda quando traído, o Nazareno, entre os guardas que o haviam
prendido, não se exaltou, não esboçou nenhum protesto, mas se manteve em uma
humildade que era força. A um guarda mais violento, ponderou com a voz
tranquila: “Viestes armados de espadas e varapaus, para me prender, como se eu
fosse salteador... Todos os dias eu estava convosco no Templo ensinando, e não
me prendestes; mas isto é para se cumprir as Escrituras.” E as
Escrituras se cumpriram.
*
São várias as
maneiras de cultivar a humildade. O homem que não se envaidece com o que faz ou
com o que dele dizem, é um humilde. O homem que não procura notoriedade,
preferindo realizar seu bom trabalho apenas com a preocupação de cumprir os
deveres, é um humilde. O homem que exerce a tolerância, silenciando ante os
agravos, reconhecendo que acima da precária justiça humana se encontra a superior
Justiça de Deus, é um humilde. O homem que domina seus impulsos inferiores,
educando-se a todo instante, está, sem dúvida alguma, na trilha da humildade.
Finalmente, ser humilde é ser simples; ser simples, é ser bom; ser bom, é estar realizando o programa
evangélico.
“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino
dos céus”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário