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sábado, 25 de novembro de 2017

Mediunidade em Marcha


Mediunidade em Marcha
S. B. Soares
Reformador (FEB) Fevereiro 1956


Com o surgimento, em nossa pátria, de um espécime extraordinário de mediunismo, que vem, ano a ano, oferecendo produções variadas, através das quais são abordados, com notável segurança, assuntos técnicos, científicos, sociológicos, históricos, políticos, apresentando-nos, ao mesmo tempo, magníficas e impecáveis páginas de poesias, e romances que empolgam, instruem e edificam nossas almas: quando, pois, já nos habituamos a receber esses trabalhos medianímicos de Francisco Cândido Xavier, acreditamos que dificilmente um novo aparelho possa surgir com aquelas características de docilidade na interpretação do pensamento, das ideias e dos conhecimentos das entidades que já deixaram o plano terráqueo, apresentadas pelo homem luz de Pedro Leopoldo.

A verdade, porém, é que o homem continua ainda muito ignorante acerca dos altos desígnios de Deus, E quem poderá, em sã consciência, perscrutá-los de maneira perfeita e acabada? Nós?... criaturas finitas? Absolutamente!

E a prova do que afirmamos tivemos nós, entre surpresos e empolgados, com a leitura do livro intitulado NAS TELAS DO INFINITO, verdadeira dádiva do Céu, porque nesse livro são explanadas, com brilho, elegância fraseológica e pureza doutrinária, dois episódios, ou melhor, duas novelas. A primeira intitula-se UMA HISTÓRIA TRISTE, de autoria do iluminado Espírito de Bezerra de Menezes; a segunda, O TESOURO DO CASTELO, cujo poder descritivo sacode nossos nervos, provocando-nos emoções Profundas. Devemo-la ao Espírito do notável romancista Camilo Castelo Branco! E quem as psicografou? Uma criatura humilde, resignada, que ganha, com o suor do próprio rosto, o necessário para viver pobremente, escrupulosa em extremo, a fim de não macular o sacrário de sua mediunidade, com possíveis proventos que dela, direta ou indiretamente, lhe possam advir.

Trata-se, enfim, da estimado consóror Yvonne A. Pereira.

Muito se tem falado e escrito a respeito das faculdades mediúnicas em geral, mas o certo é que a todo o momento se nos deparam novas expressões medianímicas. Sim, porque essa nossa irmã Yvonne psicografa, como nos relata ela mesma de um modo que nunca pudéramos supor. Sua psicografia se processa dentro de uma técnica que até então jamais tivéramos notícia.

Os estudiosos das faculdades mediúnicas encontrarão na obra por nós aludida, isto é, NAS TELAS DO INFINITO, elementos de pesquisa de grande valia.

Temos de convir que a época anunciada pelo Cristo, em que homens, mulheres e crianças haveriam de profetizar, a ponto de estarrecer, é naturalmente a que estamos vivendo, pois que, dia após dia, mais se sintonizam as duas ondas de intercâmbio entre encarnados e desencarnados.

Através das páginas de UMA HISTÓRIA TRISTE, surgem diante de nossos olhos cenas-lições que bem precisamos reter para que saibamos situar-nos no palco do testemunho, quando inesperadamente formos atingidos pelos dardos dos sofrimentos físicos e morais, porque esses sofrimentos foram plasmados por nossas próprias mãos, embora disso não nos recordemos agora, nos desastrosos instantes em que teimosamente nos olvidamos da lei substancial do Amor!

Bastas vezes, por coisas insignificantes, por contrariedades pequeninas, por uma dessas desilusões muito comuns na vida de relação, consideramo-nos infelizes, julgamo-nos a mais desgraçada das criaturas.

Pois bem, as seguintes palavras de Bezerra de Menezes, enfeixadas em UMA HISTÓRIA TRISTE, por serem muito oportunas para todos nós, na hora que passa, vamos transladá-las para estas colunas:

Como és frágil, e como lamento tal fraqueza, imprópria que é do adepto do Testamento de Jesus!
Infeliz eu! E porquê?..
Porventura é deserdado o crente cujas mãos sustêm o Evangelho do Senhor, o qual foi escrito para ele, e que para ele não mais apresentará mistérios nem dificuldades de penetração porque gloriosa intuição condu-lo por entre suas páginas redentoras? Será desgraçado aquele que confia numa Eternidade promissora, no seio da qual espera conquistar os mais legítimos triunfos, cercado das bênçãos paternais de um Ser Todo Amoroso e Todo Poderoso?.. aquele que crê porque sabe, que sabe porque lhe foram concedidas provas convincentes e que a seu lado sente vibrar as sombras desveladas do Além como tu neste momento?.. “

UMA HISTÓRIA TRISTE é de fato um repositório de ensinamentos empolgantes a respeito da dor, do infortúnio, das desventuras, das lágrimas e das amarguras!

Do encontro do Espírito da médium, quando em seu transe sui generis, com o de Camilo Castelo Branco, que muito se popularizou na Terra como romancista lusitano, destacamos este pequeno trecho, o qual, de certo modo, nos dá uma pálida impressão do que é essa novela, O TESOURO DO CASTELO.

Assim fala o Espírito de Camilo:

- “Sei eu que te deleitam os assuntos nobres doutros tempos. Apraz-me, por isso, narrar-te uma velha história de castelos assombrados e fidalgos orgulhosos, saturada com uma parcela delicada daquela essência preciosa a que jamais se desdenha aspirar, e que conceito eterno mantém entre mortais e imortais: Amor! Concentra em mim as tuas forças e a tua confiança...
Convenhamos que o que vais presenciar se passou há uns três bons três séculos nas lendárias terras do velho Portugal, que Deus preserve. Verás, a par da distração que a ti desejo proporcionar, que o Amor, a Bondade e a Beneficência são nobres qualidades indispensáveis à paz do homem, em qualquer estado em que se encontre; e que longas horas de amargores há de sorver o desgraçado que as repudiou por cínica preguiça ou por deduções insanas feitas em torno da vida, que em geral teimamos em amoldar às paixões pessoais, em vez de nos amoldarmos a ela, como o indica o critério bom da lógica, a fim de furtar a consciência a conflitos desastrosos ..”

*


As letras espíritas estão, pois, de parabéns com o aparecimento de NAS TELAS DO INFINITO, de Yvonne A. Pereira que, para alegria nossa, promete para breve novas produções mediúnicas de real valor para edificação de nossas almas!

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