domingo, 19 de novembro de 2017

O Sentido da Humildade


O Sentido da Humildade
Indalício Mendes
Reformador (FEB) Fevereiro 1956

Devemos enaltecer a humildade? Sem dúvida alguma porque ela exprime a simplicidade de coração. Ser simples de coração é ser bom. A bondade não justifica simulações porque, então, seria apenas hipocrisia. O homem humilde, segundo o conceito evangélico da humildade, tem de ser substancialmente bondoso. Um celerado nunca poderá ser verdadeiramente humilde, porque não há bondade em seu coração. Pode parecer simples e temo, mas seus atos provarão logo tratar-se de um mistificador. Quando Jesus disse: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus”, não admitiu, por certo, que se pudesse confundir humildade com simulação.

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Acreditamos nos bons frutos da humildade, porque é preciso possuir força espiritual para cultivar essa virtude extraordinariamente bela.

Quando nos referimos à conveniência de ser humilde, não estamos pensando na humildade simulada, mas na humildade virtude, que é sincera e sendo sincera não pode casar-se senão com outra virtude. Cremos na humildade como atributo superior do espírito, e Jesus foi e é o símbolo dessa virtude magnífica, de que deu provas exuberantes em todo o decurso de sua passagem visível pela Terra. Os humildes são limpos de coração e, consequentemente, bem-aventurados, e porque eles verão a Deus”. Que seríamos nós, perante o Mestre, se não procurássemos realizar cotidianas tentativas de progredir na humildade, nós que a achamos tão bela? Como, pois, devemos encarar o comentário injusto e amargo em torno do que pensamos sobre a condição de ser humilde, senão com serena humildade? Não ensinou o Mestre que devemos ser mansos de coração? “Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa.”

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Jesus foi humilde perante o Sinédrio e diante de Pilatos. Foi humilde sempre, mas dessa humildade dignificadora, porque construtiva e exemplar. Nem outra é a humildade a que nos temos referido. Ainda quando traído, o Nazareno, entre os guardas que o haviam prendido, não se exaltou, não esboçou nenhum protesto, mas se manteve em uma humildade que era força. A um guarda mais violento, ponderou com a voz tranquila: “Viestes armados de espadas e varapaus, para me prender, como se eu fosse salteador... Todos os dias eu estava convosco no Templo ensinando, e não me prendestes; mas isto é para se cumprir as Escrituras.” E as Escrituras se cumpriram.

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São várias as maneiras de cultivar a humildade. O homem que não se envaidece com o que faz ou com o que dele dizem, é um humilde. O homem que não procura notoriedade, preferindo realizar seu bom trabalho apenas com a preocupação de cumprir os deveres, é um humilde. O homem que exerce a tolerância, silenciando ante os agravos, reconhecendo que acima da precária justiça humana se encontra a superior Justiça de Deus, é um humilde. O homem que domina seus impulsos inferiores, educando-se a todo instante, está, sem dúvida alguma, na trilha da humildade. Finalmente, ser humilde é ser simples; ser simples, é ser bom; ser bom, é estar realizando o programa evangélico. 

“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus”.


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