O Médium e as
Provações
Indalício Mendes
Reformador
(FEB) Setembro 1957
Há médiuns que se
mostram surpreendidos ou irritados porque se vêem atingidos por provações as
vezes rigorosas. Entendem que, pelo fato de se dedicarem ao trabalho mediúnico,
deviam estar livres de provas pesadas. Essa opinião, entretanto, revela ausência
de conhecimento doutrinário. O médium é um combatente da primeira linha e por
isto mesmo está sujeito a suportar o ônus do combate. Todavia, fiel aos seus
deveres mediúnicos, persistente na exemplificação doutrinária, encontra
compensações magníficas e não raro alcança uma situação espiritual que lhe
permite não apenas enfrentar as provações que o afligem e a elas resistir, como
também vencê-las, através da paciência e da compreensão. Isto não quer dizer
que todo médium esteja fatalmente destinado a provações severas. Tudo depende
do seu passado espiritual, da sua bagagem espiritual, dos encargos contraídos
no passado e no presente. A mediunidade é uma bênção e o médium deve mostrar-se
agradecido a Deus pelo fato de possuir condições para trabalhar em benefício de
seus semelhantes, o que, em última análise, representa trabalhar em benefício
próprio, desde que saiba honrar suas tarefas mediúnicas, amparado na orientação
evangélica.
O grau de conformação
esclarecida em face dos fatos irremediáveis, a coragem de enfrentar os golpes
adversos, a serenidade em face do desespero e a confiança na assistência do
Alto, são pontos importantes para situar a verdadeira posição espiritual. não
apenas do médium, mas de todo aquele que se encontra sob o abrigo do Espiritismo
cristão. Todavia, o médium, por ser um batalhador da primeira linha, está mais
exposto à reação das trevas. Deve, por isto, renunciar ao trabalho da
mediunidade? Nunca. Pelo contrário, quanto mais se dedicar a esse
serviço, buscando esclarecer-se no estudo
da Doutrina, mais frutos colherá em benefício do seu futuro espiritual. De nada
lhe valeria renunciar à tarefa mediúnica, porque, então, estaria sujeito a
acometidas mais sérias, com a agravante de se encontrar sem defesa, pois a mediunidade
que possui não desaparecerá pelo simples fato de ele desistir do abençoado
trabalho. Sua responsabilidade crescerá mais e mais, assim como se tornará
vulnerável, sem meios de resistir a solicitações inferiores, provocadas
justamente por aqueles que desejam arruiná-lo.
Sejam quais forem
as lutas e os sacrifícios exigidos pelo exercício da mediunidade, deve o
médium aceitá-lo galhardamente. Quanto mais devotado se mostrar a seus deveres,
sem esquecer de retificar seu rumo pelo estudo constante da Doutrina, mais
possibilidade terá de sobrepor-se às trevas. Dia virá, então, que, voltando os
olhos para o passado e rememorando as vicissitudes superadas, sentirá um
bem-estar espiritual difícil, de ser definido. O médium é um convidado entre milhões e milhões de
Espíritos, para o trabalho da mediunidade. Não deve jamais olvidar aquela
passagem do Evangelho, que diz: “...haverá
prantos e ranger de dentes - porquanto,
muitos há chamados, mas poucos
escolhidos.”
Muitas vezes a
incompreensão acerca das obrigações da mediunidade é causada pelo
desconhecimento das lições doutrinárias de Kardec, pela, falta das luzes de “O
Evangelho segundo o Espiritismo”... Um médium esclarecido está sempre em condições de prestar serviço
valioso ao próximo e irá criando em volta de si um ambiente de proteção
espiritual capaz de lhe outorgar, nos momentos mais críticos da existência
terrena, a serenidade dos eleitos. Ora, se o médium é dos “chamados" deve
demonstrar seu agradecimento a Deus, cumprindo fielmente suas tarefas, dando de
si o máximo com a maior boa vontade e a maior dedicação, a fim de que mais tarde
seja dos “escolhidos”. A mediunidade é serviço: serviço é responsabilidade,
responsabilidade é testemunho de compreensão dos desígnios de Deus.
O médium consciente
de suas obrigações jamais as abandona. Sua missão é servir, servir sempre, servir
bem, servir com dedicação altruisticamente e, mais do que isso, servir com amor
evangélico.
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