Fada que corre... (parte)
Suzane Misset-Hopês
Reformador (FEB) Junho
1954
Ofereço, com
confiança, aos nossos leitores, o simples fragmento de uma grande obra, que eu
direi ser a visão sandiana de "a fada que corre"
aromatizando a
verdade, de maneira tão agradável.
"Encontrei certo dia uma boa fada que corria como
louca, apesar de sua avançada idade.
- Estais tão apressada em deixar-nos, senhora Fada?
- Ah! não me faleis - respondeu ela -; há algumas
centenas de anos que não revia vosso pequeno mundo, de maneira que agora não
compreendo mais nada.
Ofereço a beleza às moças, a coragem aos rapazes, a.
sabedoria aos velhos, a saúde aos enfermos, o amor à juventude, enfim, tudo o
que uma fada
honesta pode oferecer de bom aos humanos, e todos
recusam essas minhas dádivas.
- Tendes ouro ou prata? - perguntam-me eles.
- Não.
- Então passa adiante, a nós só interessa a riqueza.
Ora, eu fujo, pois receio que as pequenas rosas dos
espinheiros alimentem a
pretensão de irem de carro às campinas.
- Não, não - gritaram as rosas que haviam escutado o
seu queixume -, temos gotas de orvalho em nossas pétalas.
- E nós - disseram rindo, as borboletas - temos ouro e
prata em nossas asas!
Aí tendes, declarou a fada, os únicos seres judiciosos
que encontrei em minha viagem.” (27 de Novembro de 1859.)
Que diria a boa fada se voltasse em nossos dias?..
Obrigada, grande
George Sand (*), por essas linhas de cristal, salientando com rara beleza a
ambição nefasta (as riquezas materiais, e a sabedoria viva dos ornamentos da Natureza.
)
Felizes os que,
entre os humanos, sabem dar valor às riquezas inatas, tesouros espirituais que
existem ocultos em toda alma voltada para Deus!
(*) Pseudônimo da
escritora Amandine-Lucie-Aurore Dupin, que nasceu em Paris, e morreu em Nohant,
em 1876.
Traduzido da revista
"La Tribune Psychique", de Paris. Número de Abril - Maio - Junho
1954.
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