Maravilhas
do
Evangelho
Sylvio
Brito Soares
Reformador(FEB) Junho 1962
Em suas peregrinações pela Galileia,
era hábito de Jesus pregar nas sinagogas e curar, com
a força magnética de seus fluidos, muitos dos chamados endemoninhados, isto é,
criaturas sujeitas à vontade de Espíritos maléficos.
Certo dia, um jovem, então empolgado
com a pregação do Mestre e com os prodígios que operava, não mais pode sopitar
os anseios de sua alma e, por isso, dirigiu-se a Jesus, dizendo-lhe
resolutamente: - Seguir-te-ei, Senhor!
A verdade, porém, é que os homens,
mesmo nos momentos de arrebatamento, têm sempre na vida um “mas”, uma
restritiva, e isto porque ainda se conservam escravizados às coisas do mundo!
Esse mancebo, após prometer ao
Divino Mestre que o acompanharia em sua jornada de amor e luz, acrescentou,
apressado, um “mas”, isto é, que Jesus lhe permitisse ir antes despedir-se dos
que se encontravam em casa.
A resposta de Jesus há de causar
surpresa aos espíritos pouco afeitos às sutilezas das palavras, que bem
representam um símile perfeito das criaturas. Quem vê um homem finamente
vestido, de maneiras delicadas, não acredita que seu coração seja uma usina de
ódios, intemperanças e amoralidades. E quantas vezes nos enganamos nós,
presumindo que este ou aquele maltrapilho é um vagabundo, um malfeitor vulgar,
quando, em verdade, em sua alma rebrilha a luz encantadora do amor e da
honestidade!
Muita gente tem lido e relido as
palavras constitutivas da resposta de Jesus, sem atinar com o seu conteúdo
espiritual, com a beleza de seus ensinamentos.
Mas qual foi a resposta do Messias a
que estamos aludindo? Apenas esta: - Quem empunha o arado e torna a olhar para
trás, não é apto para o reino de Deus.
É bem certo que escritores mal
avisados, levianos em suas apreciações apressadas, tem feito reparos a essa
resposta, porque, dizem eles, Jesus, assim falando, está implicitamente
pregando a secura de coração, despedaçando os ternos laços da família.
Ora, não é crível, absolutamente,
que o Divino Enviado tivesse o propósito de aconselhar tamanho absurdo. O
espírito dessas suas palavras é outro bem diverso. Faz-nos sentir ser
necessário não olhar para trás quando nos encontremos na estrada do bem,
evitando, destarte, que algo nos possa despertar desejos menos dignos,
retendo-nos em suas malhas traiçoeiras.
Quem põe a mão no arado para remover
as suas inferioridades não pode dele retirá-la, sob pena de perder o esforço
até então despendido. “Um arado, disse culto irmão da Espiritualidade, promete
serviço, disciplina, aflição e cansaço; no entanto, não se deve esquecer que,
depois dele, chegam as semeaduras e colheitas, pão no prato e celeiros
guarnecidos."
Portanto, meu irmão ou minha irmã,
se te encontras
com a mão no arado libertador da, influenciação de Espíritos ainda
invigilantes, é imprescindível que jamais abandones esse instrumento de
progresso que o Senhor pôs em tuas mãos, para que amanhã possas usufruir os
frutos sazonados desse teu árduo e doloroso labor.
O apego às coisas perecíveis do
mundo em que vivemos, muito nos dificulta, evidentemente, alcançar a pura substância
das grandes verdades salvadoras contidas nas palavras do Divino Enviado. No dia
em que o nosso espírito se capacitar da finalidade de sua permanência na Terra,
passará, então, a divisar nas palavras evangélicas as luzes maravilhosas do seu
porvir e jamais olhará para as que se mostram recobertas de lentejoulas de
hipocrisia e de ambição, de orgulho, de vaidade e de concupiscência!
O Bom Amigo de todos nós tem sempre razão
no que afirma, através de suas palavras registadas pelos evangelistas.
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