Doutrinar
Sempre
Indalício
Mendes
Reformador (FEB) Agosto 1962
Nada é mais necessário fazer no
ambiente espírita do que doutrinar, levar a Doutrina à compreensão dos
confrades mais humildes, para os quais há conveniência em se adotar linguagem
muito simples, que lhes permita rápida assimilação das ideias apresentadas.
Não se trata, positivamente, de
falar bonito, mas de falar eficientemente, com absoluto conhecimento da
Doutrina, para esclarecer, ensinando. É bem mais importante do que possa à
primeira vista parecer, a pregação inteligente da Doutrina de Kardec. O número
daqueles que perambulam pelo Espiritismo e pouco ou quase nada sabem de
Doutrina é muito grande. Em virtude da "lei do menor esforço", muitas
vezes o adepto do Espiritismo não se mostra exigente, não zela pelo respeito à
Doutrina, porque a desconhece em suas minúcias. Aceita qualquer
"espiritismo" que lhe pareça bom por falar em Jesus, no bem, etc.
Evidentemente, isso não basta. Seria
ótimo que a só menção do nome de Jesus fosse bastante para assegurar a certeza
de que os princípios doutrinários do Espiritismo são observados em qualquer
parte. Tal não sucede, porém. Há necessidade de se martelar a Doutrina, pela
palavra falada, nas tribunas e no Rádio, pela palavra escrita, nas
conversações, enfim, onde quer que estejam reunidos indivíduos que debatam
temas espíritas.
Todos nós, que nos sentimos com
alguma responsabilidade no movimento espírita nacional, devemos ser rigorosos
na exemplificação de todos os instantes, porque os olhos dos confrades mais
novos ou dos adeptos incipientes convergem justamente para aqueles que eles
supõem ser corretos no procedimento moral.
Doutrina, Doutrina, Doutrina - eis o
ponto fundamental de qualquer propaganda espírita kardecista. Com a difusão da
Doutrina será mais fácil corrigir maus hábitos, superstições, abusões, erradas
interpretações dos fatos espíritas e destorcida compreensão do que eles possam
ignificar à luz dos preceitos doutrinários.
Ninguém pode ter "o seu
espiritismo". Todos podem ter apenas o Espiritismo fundamentado na
Doutrina, que é simples, porém positivo. Ele somente sobreviverá através da
Doutrina. Sua consolidação se deveu à unidade de ação dentro dos princípios
doutrinários. Mas à medida que se vai ampliando o seu raio de ação, à medida
que cresce extraordinariamente o número de adeptos, é mister reforçar e ampliar
o trabalho doutrinário.
Devemos dizer uma verdade que talvez
não seja bem aceita: o Espiritismo teórico não lança raízes profundas no
espírito dos adeptos mais esclarecidos. É imprescindível que ele seja
comprovado pelo trabalho prático, objetivo, ilimitado, com base na assistência
social, na caridade respeitosa, no socorro àqueles que, tangidos pelos
compromissos do Carma, vivem uma existência de privações dolorosas.
Isso tem sido feito no Espiritismo,
mas precisa de ser multiplicado, desenvolvido e mantido permanentemente, numa
atmosfera evangélica de reconstrução moral e espiritual de pobres irmãos em
terríveis provas na Terra.
Dar o pão do espírito sem esquecer o
pão do corpo, eis o caminho que tem apresentado resultados mais seguros e mais
rápidos. A Doutrina tanto pode ser encontrada dentro de um livro como dentro de
um pedaço de pão.
Nunca o mundo sofreu tanto quanto
presentemente; nunca houve tanta dor nem tanta miséria como nos dias que
correm. Por isto, as responsabilidades dos espíritas multiplicaram-se e eles
têm de sustentar galhardamente essa luta, sem o que poderão ser absorvidos ou
perturbados em suas tarefas.
Doutrinar, Doutrinar, Doutrinar,
exemplificando, ajudando, trabalhando praticamente também, para que os
obstáculos sejam mais facilmente superados.
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