Almas em Desfile
Vinélius di Marco / Indalício Mendes
Reformador (FEB) Maio 1962
Entre os livros mais belos e
edificantes da literatura espírita, surgidos nestes últimos tempos, apontamos “Almas em Desfile”, do Espírito Hilário Silva, trazido à divulgação
através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
Emmanuel, com aquele poder de
síntese que possui, definiu a obra magistralmente:
“...Hilário Silva, neste livro, é um retratista
de corações, conclamando-nos a sentir e refletir”, “...o que ressalta de
cada página é o imperativo da compreensão fraterna para que não venhamos a
tombar em nossas próprias deficiências. Hilário, pois, trazendo a lume os
episódios que arranca ao livro da vida, não tem outro intuito senão o de
afirmar que todos nós - os viajores da experiência - precisamos do alimento
amor, no prato da compaixão.”
Se é muito difícil, na estupenda
literatura mediúnica, destacar este ou aquele livro, porque todos contêm em
suas páginas maravilhosos exemplos que nos indicam o acerto do rumo
doutrinário, é também profundamente confortante reconhecer a excelência dos
ensinamentos contidos nessas obras feitas com elementos da vida terrena,
observada e colhida “ao vivo”, sem retoques nem fantasias, objetivando, sempre
e sempre, mostrar à criatura humana os meios a seu alcance para compreender
melhor a vida e, consequentemente,
vivê-la cada vez melhor, se possível, do que a tem vivido até agora.
Logo no início do livro “Almas em Desfile” há um episódio de
notável expressão evangélica, sob o título “A fama de rico”. Quanta gente há
que goza dessa fama, às vezes até sem razão sólida, mas por causa das
aparências. Quanta gente, porém, há que, sendo rica de haveres, é paupérrima de
qualidades morais, desinteressando-se pela vida daqueles que sofrem, que
enfrentam a miséria ou se perdem nos labirintos escuros do vício.
Outra maravilha é o conto “A
evocação do Comendador”. O que aconteceu a Jorge Sales tem acontecido a muitos,
pode acontecer a qualquer um de nós, que, vivendo no meio espírita, pensamos
ser bons espíritas e nos equivocamos diante de problemas que não podemos
equacionar devidamente, por sermos parte da operação.
Se você, leitor, ainda não leu “Almas em Desfile”, faça-o na primeira
oportunidade, a fim de não perder os exemplos instrutivos que o inspirado
Espírito Hilário Silva oferece em suas páginas.
Querem saber de outro conto
magnífico? “Falta de caridade” é o seu título. Que profundeza na tessitura
desse trabalho! A lição é de grande alcance e deve servir a muita gente que se
supõe caridoso... às vezes.
Neste momento, sob a influência
comovedora de “Pica-pau”, outro ponto que enriquece as páginas de “Almas em
Desfile”, sentimos os olhos umedecidos. Tanta vida, tanta realidade há nesse
conto humaníssimo, que, só ele, justificaria o livro. Entretanto, são cinquenta
e dois contos soberbos. Os primeiros vinte e seis, recebidos por Waldo Vieira; os
outros, por Chico Xavier.
Vamos concluir este artiguete, que
poderia estender-se muito, com algumas palavras de Hilário Silva: “...em
toda parte e em todos os dias há desfile de almas. Almas que se arrastam. Almas
que lutam. Almas que riem. Almas que choram. Partilhando igualmente a marcha,
caminha corretamente. Não recues, nem te apresses. Observa os companheiros, sem
espanto e sem crítica, a fim de que a lição de cada um te sirva de aprendizado.”
E compreendamos também que nós, os
ainda encarnados, também somos “almas em desfile”. “Sim, em toda parte e em
todos os dias há desfile de almas.”
Bem diz Emmanuel: “Há Espíritos que
caem, ao lado de Espíritos que se levantam. É a trilha humana com os seus
sonhos e esperanças, flores e espinhos, alegrias e sofrimentos. Mas por farol
bendito fulgura a Doutrina Espírita, amparando e educando os caminheiros, em
nome de Jesus.”
Amparemo-nos na Doutrina Espírita,
iluminando-nos em “O Evangelho segundo o
Espiritismo”. Mas sejamos práticos, exemplificando aquilo que lemos e
ouvimos de bom e altruístico. A vida humana, sem frutos, de nada vale. “Almas em Desfile” prova-nos isto e nos
convida a viver o Espiritismo, de corpo e alma.
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