pg. 17-18 de
‘Deus na Natureza’ de Camille Flammarion
(6ª Edição FEB - 1990)
-Tradução de Manuel Quintão-
“De
resto, não há necessidade de acrescentar que são sempre esses princípios que
atacamos, e nunca a personalidade dos que os advogam. Assim, considerando-se a
índole mesma da questão, exclusas ficam as pessoas do campo de batalha.
Além
disso, em consciência, não acreditamos pratiquem os adversários o materialismo
absoluto - o dos seus interesses e das paixões egoístas e, portanto, não temos
outra intenção que discutir as suas teorias.
Dividiremos
nossa argumentação geral em cinco partes, no intuito de demonstrar em cada uma
a proposição diametralmente contrária à sustentada pelos eminentes advogados do
ateísmo.
Assim,
na primeira, lidaremos por estabelecer, preliminarmente, pelo movimento dos
astros e depois pela observação do mundo inorgânico terrestre, que a Força não
é atributo da Matéria, mas, ao contrário, a sua soberana, a sua causa diretora.
No segundo livro, verificaremos, pelo estudo fisiológico dos seres, que a vida
não é propriedade fortuita das moléculas que a compõem e sim uma força especial
a governar átomos, conforme o tipo das espécies. O estudo da origem e progressão
das espécies também aproveitará à nossa doutrina. No terceiro livro
observaremos, examinando as relações do pensamento com o cérebro, que há no
homem algo mais que a matéria, e que as faculdades intelectuais distinguem-se
das afinidades químicas. A personalidade da alma afirmará o seu caráter e a sua
independência. O quarto evidenciará em a Natureza um plano, uma destinação
geral e particular, um sistema de combinações inteligentes, no seio das quais o
olhar desprevenido não pode deixar de admirar, mediante sadia concepção das
causas finais, o poder, a sabedoria e a previdência que coordenam o Universo.
O
quinto livro, enfim, como centro de convergência das vias precedentes, nos
colocará na posição científica mais favorável para julgar simultaneamente a
misteriosa grandeza do Ente Supremo e a cegueira inconteste dos que fecham os
olhos para se convencerem de que Ele não existe.”
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