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terça-feira, 17 de junho de 2014

Maravilhas do Evangelho


Maravilhas do Evangelho

Sylvio Brito Soares
Reformador (FEB) Fevereiro 1962


            O Sermão do Monte é, na opinião geral, e com justiça, uma das peças mais interessantes do Novo Testamento, é um extraordinário e inigualável cântico de sabedoria, código sempre vigente em assuntos sociológicos. E porque os homens não querem pô-lo em prática, embora se digam cristãos, surgem, por isso mesmo, de quando em quando, crises sociais que abalam o mundo e cujos efeitos são sempre funestos, dramáticos e dolorosos!
           
            Não há quem não deseje ser partícipe das bem-aventuranças, sem, que, no entanto, procure compreender que Jesus, nesse Sermão, exalta os sacrifícios e sofrimentos à conta de bênçãos educativas e redentoras.

            Ademais, ele não o pronunciou unicamente para seus discípulos, pois que suas palavras tinham um alcance muitíssimo mais vasto, visavam ao presente e ao futuro de todas as gerações.

            O Mestre sabia ser de curta duração a sua passagem pela Terra, mas sabia igualmente que essas suas palavras ficariam bailando nos ouvidos das criaturas de todos os tempos.

            E, fato curiosíssimo, à medida que as cenas da vida e paixão do Cristo se vão distanciando, na tela imensurável dos anos, suas lições, todavia, adquirem, dia a dia, mais vigor, apresentam-se com características perfeitamente atualizadas, empolgando nossas almas ávidas de algo que fuja à craveira monótona da vida material.

            Essas lições cantam dentro de nós como hinos suavíssimos e enternecedores, e suas melodias, sempre que relemos esses ensinamentos, se nos afiguram jamais as termos escutado! É o milagre da vida eterna a cintilar nas palavras de Jesus!

*

            Inúmeras gerações já desempenharam seus papéis no proscênio da Terra após o Cristo haver dito que bem-aventurados seríamos quando nos cobrissem de baldões, nos perseguissem e nos maltratassem por sua causa.

            A verdade é que, se examinarmos, já não diremos o panorama universal, mas apenas o círculo restrito de nossa Pátria, ou mesmo da cidade em que vivemos, somos fatalmente levados a concluir ser diminuta a percentagem daqueles que, por seus atos, atitudes e comportamento na vida pública ou familiar, se enquadram nas condições estabelecidas para as bem-aventuranças, o que importa dizer, limitado é o número das criaturas que colocam Jesus em primeiro lugar, seja qual for a situação em que, porventura, elas se encontrem.

*

            É precisamente quando está em jogo o nosso suposto prestígio social, o nosso interesse pecuniário, a nossa vaidade e orgulho, que se vai aquilatar do grau exato de nossa fé. Desgraçadamente, porém, quanta gente, em tais ocasiões, se esquece do Cristo, negando-o, não apenas três vezes, como Pedro, mas centenas de vezes, com a agravante de não demonstrarem quaisquer resquícios de arrependimento a fustigar lhes a consciência!

            Abroquelemo-nos em nossa fé, ela nos tornará surdos aos sarcasmos, às vinditas e incompreensões, e encher-nos-á de piedade por esses infelizes que assim se afastam, cada vez mais, do seio amantíssimo de Jesus, pois amanhã, em suas inevitáveis peregrinações futuras pela Terra, terão, para reencontrá-lo, de palmilhar, descalços e famintos e rotos, as pedregosas estradas redentoras!

            A hora exige, e a nossa fé reclama, sejamos dignos e caridosos em nosso proceder, em nosso falar e em nossos pensamentos!


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