sábado, 28 de junho de 2014

'Almas em Desfile'


Almas em Desfile
Vinélius di Marco / Indalício Mendes
Reformador (FEB) Maio 1962

            Entre os livros mais belos e edificantes da literatura espírita, surgidos nestes últimos tempos, apontamos “Almas em Desfile”, do Espírito Hilário Silva, trazido à divulgação através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

            Emmanuel, com aquele poder de síntese que possui, definiu a obra magistralmente:

            “...Hilário Silva, neste livro, é um retratista de corações, conclamando-nos a sentir e refletir”, “...o que ressalta de cada página é o imperativo da compreensão fraterna para que não venhamos a tombar em nossas próprias deficiências. Hilário, pois, trazendo a lume os episódios que arranca ao livro da vida, não tem outro intuito senão o de afirmar que todos nós - os viajores da experiência - precisamos do alimento amor, no prato da compaixão.”

            Se é muito difícil, na estupenda literatura mediúnica, destacar este ou aquele livro, porque todos contêm em suas páginas maravilhosos exemplos que nos indicam o acerto do rumo doutrinário, é também profundamente confortante reconhecer a excelência dos ensinamentos contidos nessas obras feitas com elementos da vida terrena, observada e colhida “ao vivo”, sem retoques nem fantasias, objetivando, sempre e sempre, mostrar à criatura humana os meios a seu alcance para compreender melhor a vida e, consequentemente, vivê-la cada vez melhor, se possível, do que a tem vivido até agora.

            Logo no início do livro “Almas em Desfile” há um episódio de notável expressão evangélica, sob o título “A fama de rico”. Quanta gente há que goza dessa fama, às vezes até sem razão sólida, mas por causa das aparências. Quanta gente, porém, há que, sendo rica de haveres, é paupérrima de qualidades morais, desinteressando-se pela vida daqueles que sofrem, que enfrentam a miséria ou se perdem nos labirintos escuros do vício.

            Outra maravilha é o conto “A evocação do Comendador”. O que aconteceu a Jorge Sales tem acontecido a muitos, pode acontecer a qualquer um de nós, que, vivendo no meio espírita, pensamos ser bons espíritas e nos equivocamos diante de problemas que não podemos equacionar devidamente, por sermos parte da operação.

            Se você, leitor, ainda não leu “Almas em Desfile”, faça-o na primeira oportunidade, a fim de não perder os exemplos instrutivos que o inspirado Espírito Hilário Silva oferece em suas páginas.

            Querem saber de outro conto magnífico? “Falta de caridade” é o seu título. Que profundeza na tessitura desse trabalho! A lição é de grande alcance e deve servir a muita gente que se supõe caridoso... às vezes.

            Neste momento, sob a influência comovedora de “Pica-pau”, outro ponto que enriquece as páginas de “Almas em Desfile”, sentimos os olhos umedecidos. Tanta vida, tanta realidade há nesse conto humaníssimo, que, só ele, justificaria o livro. Entretanto, são cinquenta e dois contos soberbos. Os primeiros vinte e seis, recebidos por Waldo Vieira; os outros, por Chico Xavier.

            Vamos concluir este artiguete, que poderia estender-se muito, com algumas palavras de Hilário Silva: “...em toda parte e em todos os dias há desfile de almas. Almas que se arrastam. Almas que lutam. Almas que riem. Almas que choram. Partilhando igualmente a marcha, caminha corretamente. Não recues, nem te apresses. Observa os companheiros, sem espanto e sem crítica, a fim de que a lição de cada um te sirva de aprendizado.”

            E compreendamos também que nós, os ainda encarnados, também somos “almas em desfile”. “Sim, em toda parte e em todos os dias há desfile de almas.”  

            Bem diz Emmanuel: “Há Espíritos que caem, ao lado de Espíritos que se levantam. É a trilha humana com os seus sonhos e esperanças, flores e espinhos, alegrias e sofrimentos. Mas por farol bendito fulgura a Doutrina Espírita, amparando e educando os caminheiros, em nome de Jesus.”

            Amparemo-nos na Doutrina Espírita, iluminando-nos em “O Evangelho segundo o Espiritismo”. Mas sejamos práticos, exemplificando aquilo que lemos e ouvimos de bom e altruístico. A vida humana, sem frutos, de nada vale. “Almas em Desfile” prova-nos isto e nos convida a viver o Espiritismo, de corpo e alma.


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