Decepções
Ismael
Gomes Braga
Reformador
(FEB) Março 1956
Em outro artiguete já nos referimos ao novo livro de
Francisco Cândido Xavier, “Instruções
Psicofônicas”, no qual temos muito que aprender. Hoje vamos mencionar
apenas as decepções que nos revelam alguns comunicantes e dentre eles não
poucos espíritas que não colheram nos conhecimentos doutrinários os pomos de
felicidade que esperavam.
Ao contrário das religiões ortodoxas que ensinam suas
verdades como caminho único para a salvação, e marcam seus profitentes como os únicos
que se salvarão, o Espiritismo nos demonstra que a salvação depende das
práticas internas, da transformação da vida íntima e não de dogmas e fórmulas.
São muitos os nossos irmãos espíritas que nos vêm confessar
suas decepções muito tristes ao reentrarem no mundo espiritual, com as mesmas
falhas que os infelicitavam antes da encarnação recente, e até agravadas pelas
responsabilidades maiores que assumiram ao contato com o Espiritismo. Confessam
com singeleza suas falhas e seu sofrimento.
Nessa mesma ordem de ideias, o livro nos traz depoimentos
igualmente de católicos e até de um bispo em pavoroso sofrimento no mundo espiritual.
Este fato nos vem recordar a “Divina Comédia”, o Arcebispo Rugério e outros famosos
eclesiásticos que Dante Alighieri foi encontrar nos tormentos do Inferno.
Infelizmente são muitos os crentes das diversas escolas
religiosas que encontram amargas decepções depois da morte, e os espiritistas
não formam nenhuma exceção a essa regra.
O que o livro delicadamente silencia, ao tratar de
sofredores, é o inferno em que se precipitam os fanáticos religiosos. Os
organizadores do livro não tiveram permissão de mencionar uma série apavorante
de mensagens de grandes sofredores, as quais se acham arquivadas em fitas, na
sede do Grupo. Seria impiedosa crueldade descobrir tais chagas ao público; mas
podemos adiantar que as comunicações de antigos inquisidores dariam um dos mais
impressionantes volumes de todos os tempos.
Nosso dever hoje é ajudar e não estudar apenas as almas em
situação infernal através de séculos. O Grupo “Meimei” é um posto de salvação,
não apenas uma escola.
Dentre os nossos irmãos espíritas que se revelam em
sofrimento, quase todos confessam que tiveram mediunidade e não souberam aplica-la
com o espírito de sacrifício e abnegação necessária, daí as falhas em que
vieram a cair. Foram missionários falidos em suas tarefas. Alguns deles foram
nossos conhecidos em vida.
São muitos os conhecidos que nos aparecem nas páginas do
livro.
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