Trabalho!
Ernani Cabral
Reformador
(FEB) Maio 1944
Se o trabalho foi considerado, outrora, como um ato vil,
imposto aos "homens inferiores" hoje ele é tido, justa e exatamente,
como função nobre da atividade humana, em busca da perfeição, que só por seu
intermédio poderá ser atingida, no porvir.
Qualquer labor honesto é digno de encômios, porque todos
cooperam para a grandeza coletiva, cada um no setor que lhe é próprio, seja no
exercício de ações manuais ou físicas, seja no campo das atividades mentais,
incluindo-se nestas as artísticas, científicas e as morais ou religiosas.
O Universo é um todo coordenado, de planos diferentes, desde
os mundos primitivos aos celestiais, dirigidos, em seu conjunto, pela vontade
de Deus, que é onisciente e absoluta, repleta de misericórdia.
Até os planetas de expiação, como o nosso, embora prenhes de
maldades e de injustiças, cooperam para a grandeza da obra divina, que é
perfeita no seu todo, e servem de estágios ou de vastas escolas de regeneração,
onde as almas grosseiras se rustem, para burilar o diamante divino da sua
essência.
Se a vontade é livre, como formoso atributo do Espírito; se
a criatura abusa de seu arbítrio
e fere as leis morais que regem o Universo, com desequilíbrio de sua felicidade
ou da marcha evolutiva que lhe foi, naturalmente, traçada; se “a cada um
segundo as suas obras", como o Divino Mestre frisou, é justo que o
Espírito se humanize e venha a sofrer em mundos inferiores, para que afinal
compreenda que "só o amor constrói para a eternidade".
Aqui o ser expia, tem provações, retempera-se e poderá
ascender, se quiser, às regiões mais elevadas, porque cada um trabalha no
tecido de sua própria túnica e cria, pelos seus atos, a densidade do
perispírito, pois a bondade o vai desmaterializando, enquanto que a maldade o
tornará grosseiro e compacto, chumbando-o à Terra, com suas paixões e pecados.
Jesus mesmo proclamou:' "eu e meu Pai obramos
incessantemente." (João, 5:17).
Até o Divino Mestre peleja no bom trabalho de nos orientar e
de nos redimir, ensinando-nos o caminho da salvação e dirigindo a marcha
evolutiva dos Espíritos jungidos à Terra, até libertá-los do pecado. E Deus,
que é estático em suas leis eternas e imutáveis, mas dinâmico em sua criação,
que é contínua e que sempre se transforma, dentro daquelas leis
preestabelecidas, nos dá o exemplo do trabalho constante, útil e fecundo, em
prol da sua e da nossa humanidade e de toda a criação!
Também Kardec, o codificador do Espiritismo - a terceira
revelação do Senhor - deixou-nos o lema de "trabalho, solidariedade e
tolerância".
Devemos cooperar para a obra divina, cônscios de nossas
responsabilidades! Precisamos compreender que somos artífices desse labor
esplendoroso, cujo supremo diretor é Deus e cujo Mestre é o seu Cristo -
expressão de pureza e de amor para a Terra.
Toda a vez que persistimos no pecado, teimando em quebrar o
ritmo evolutivo ambiente, somos comparados a maus operários que desbaratam
energias, solapando a grande obra e fugindo ao cumprimento dos deveres. Esse
gesto de insânia, ou de imperfeições, não chega a macular a perfeição do
conjunto mas volta-se contra nós mesmos, imprimindo no perispírito do pecador o
estigma de sua rebeldia.
Felizes dos que, sentindo-se falíveis tem a humildade de
pedir ao Divino Mestre constantemente, forças para ascenderem como operários
destemerosos dessa bela, obra, que é infinita e perfeita, como expressão da
bondade e da magnificência do Criador!
Trabalhando, pelejando pela nobre causa da implantação do
"reino da fraternidade", servindo a Jesus com paciência, abnegação e
fé seremos dignos dele, por havermos acreditado em suas palavras, que são
eternas e verdadeiras porque provêm de Deus!
Nenhum comentário:
Postar um comentário