Moral
Espírita
por Arnaldo
S. Thiago
Reformador (FEB) Março 1942
Quando, à falta de princípios, a criatura humana desce à prática
de todos os atos, contanto que com eles sacie os seus desejos e resguarde os
seus interesses, tem atingido ao mais baixo grau de degradação e servilismo,
praticando os mais abomináveis crimes de lesa-majestade divina. Infelizmente
foi a este horrível estado de degradação moral que chegou a espécie humana: daí
a guerra de extermínio.
As células do corpo se renovam e não estereotipam os sinais
do pecado; mas (e isto é que convém saber e o Espiritismo -veio demonstrar), conserva-os
indelevelmente o corpo perispiritual.
O incesto, o adultério, como o roubo, o assassínio, a calúnia
não deixam estigmas nos órgãos materiais: por isso, os que os praticam julgam
poder oculta-los secretamente e continuam a viver como se fossem criaturas
honradas. Ai deles! - praticado o delito, grava-o o perispírito, para abrir
mais tarde, segundo aquele estigma, uma chaga, um câncer,
uma deformidade no corpo somático... e, pior do que tudo Isso, as chagas morais
que o remorso produz nas almas, paralizando-lhes o surto progressivo, anestesiando-as,
insensibilisando-as por longo tempo.
Guardar os princípios é da essência da religião. Ai dos que
pensam poder eximir-se ao pesado fardo das mutilações e das grandes dores,
porque sabem guardar discrição e conservar em absoluto segredo os seus atos
que, conhecidos, seriam reprovados e os envergonhariam! Ai deles! Que valor
deram às palavras do Mestre: "Nada
há oculto que não venha a saber-se, nem secreto que não venha a descobrir-se"?
Portanto, se a caridade e a humildade são elementos
essenciais à salvação, serve-lhes de traço de união a sinceridade, sem a qual
não existe virtude alguma no fazer bem, nem no parecer humilde.
Claro que se tem de praticar atos secretos e fazer muita
coisa às ocultas. O próprio Mestre recomendou que se praticasse a caridade de
modo que a mão esquerda ignore o que faz a direita; mas, são, esses, atos que
se justificam, que, em sendo conhecidos, nos dignificam.
Por isso, o bom princípio determina que sempre se pratique, às
claras ou às ocultas, aqueles atos que a moral pode justificar - porque a moral
é o selo divino, é a voz de Deus que fala em nossa consciência.
Assentemos essa regra de conduta e estaremos sempre com
Jesus guardando fidelidade a nosso Pai Celestial e dignificando-nos a nós
mesmos.
Não podemos dispor do nosso corpo senão na medida dos princípios
morais que nos elevam aos olhos de Deus e nos dignificam. Magdalena bem assim o
compreendeu, ao sentir o olhar puríssimo de Jesus penetrar-lhe o íntimo da alma
e, porque o amava sinceramente, nunca mais chafurdou no vício e, se outras encarnações
teve, foram todas
de dor e de renúncia, purificadoras, portanto, daqueles dolorosos estigmas que
lhe ficaram no perispírito. Entretanto Jesus lhe disse: "Porque muito amaste, perdoados serão os teus
pecados." Jesus falou no futuro: "Perdoados serão os teus pecados". E Magdalena foi obtendo esse
perdão, essa redenção, através de outras encarnações de sacrifício
e de angústia íntima que culminaram, segundo a revelação, naquela em que, como
Tereza de Jesus, pode para sempre ficar livre do pecado.
Estes princípios da moral espírita, longe de terem por
esteio a autoridade dos concílios e quejandas convenções dogmáticas, se baseiam
em aquisições positivas da ciência da alma, postas em evidência por
experimentadores sábios e acima de toda suspeição. O paraíso prometido perdeu o
seu caráter fantasmagórico, místico, para adquirir a eloquência da verdade.
Longe de sofrer, por esse motivo, qualquer diminuição de valor, ganhou em
refuIgência e brilho o que perdeu em superstição e convencionalismo.
A felicidade, aqui ou em qualquer dos planos do infinito,
com o estar Integralmente nas divinas claridades do Amor, subordina-se às leis
da moral eterna, que consistem em ter límpida a consciência, puros os costumes.
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