O Catolicismo e a ciência
vão fazer as “pazes”?
B.G.Paiva
Reformador
(FEB) Outubro 1939
Chegamos
visivelmente aos tempos em que as provas são chamadas, em que os documentos
devem ser examinados e as opiniões estudadas de novo. A verdade nada tem a
temer e a religião emerge sempre de tais provas mais forte e brilhante do que
anteriormente. - FRAUDE
Eis aí uma
profecia que começa a cumprir-se.
Narra um
jornal de São Paulo. "Correio Paulistano", de 6 de outubro corrente,
que o nosso Ministro das Relações Exteriores recebeu um ofício da Embaixada do
Brasil junto à Santa Sé, comunicando ao Governo Brasileiro que a Academia Pontifícia,
que funciona sob os auspícios da Santa Sé, no Palácio "Pio IV", da
cidade do Vaticano, resolveu convidar anualmente, a se reunirem em sua sede,
alguns cientistas estrangeiros que tenham aprofundado certos .problemas, afim
de tomarem parte num debate franco, em comum, sobre tais problemas, fora de
quaisquer outras preocupações.
O principal
objetivo desses debates, acrescenta o ofício, é o de se esclarecerem
precisamente os motivos das divergências de opinião de modo que se torne
possível a solução de muita controvérsia científica.
A primeira
das semanas de estudos foi marcada para dezembro próximo e será dedicada ao seguinte tema: "O PROBLEMA DA IDADE DO MUNDO",
segundo investigações baseadas em vários dados astronômicos conhecidos.
Para o estudo
desse tema, diz ainda o ofício, foram convidados o Diretor do Observatório da
Universidade de Princeton, o do Observatório Nacional de Paris, o da
Universidade de Durham, o do St. John’s College, de Cambridge, o Dr. J. Jeams,
de Dorking, e o Diretor do Observatório de Estocolmo.
O tema
escolhido para o primeiro debate não podia ser mais interessante. A idade do
mundo, nas doutrinas da religião romana e outras, é contada da "aparição
de Adão" neste planeta, tomada ao pé da letra a figura bíblica da "Gênese".
Servindo de base a essas religiões, para instituição do dogma do "pecado original",
o do aparecimento de Adão fez com que se encadeia-se uma série de outros
dogmas, que as aludidas religiões se viram obrigadas a criar, para justificar o
primeiro daí resultando um círculo vicioso em que elas se debatem, abrindo, de
dentro dele, luta titânica com a ciência, sem poderem de modo algum chegar a um
acordo.
Se se
encastelarem na "letra" das Escrituras, nunca poderão as religiões
chegar a entendimento com a ciência. Serão sempre duas inimigas irreconciliáveis.
Deve, pois, estar de parabéns, parece-nos, a Santa Sé, pelo haver
tomado a iniciativa de ouvir a opinião da ciência sobre "problemas"
desta ordem, aliás "problemas" para a Santa Sé, porquanto para nós há
muito que foram resolvidos pelo "Espírito de Verdade".
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