Ainda o Corpo de Jesus
Ramiro Gama
Reformador (FEB) Novembro 1971
Não faz muito tempo publicamos,
aqui, um artigo sobre o corpo de Jesus.
Manifestamos nossa opinião humilde,
sincera e sensata.
Não procuramos mostrar erudição com
relação ao magno assunto, mas, sem espírito de sistema, no dizer do querido
Médico dos Pobres, focamo-lo olhando Jesus como sempre o olhamos, isto é,
emocionadamente, sentindo lhe o corpo e o Espírito diferentemente de todos nós,
criaturas ainda carregadas de dívidas e de vícios.
Como o Padre Marschal, temos diante de nós, em nossa secretária, uma
imagem de Jesus que, pobremente, o deve retratar; mas, mesmo assim, diante dela
sentimo-nos num estado de sursum corda,
principalmente quando o buscamos para uma prestação de contas e para lhe pedir
o socorro da sua misericórdia para nossas imensas faltas.
Sentimos, então, que o Amigo Celeste
nos comove, ouvindo-nos.
E jamais pensamos que tivesse ele um
corpo igual ao nosso, isto antes mesmo de nos tornarmos espírita e de havermos
lido as argumentações felizes e bem rebuscadas dos livros de Manuel Quintão,
Guillon Ribeiro, Antônio Lima, Ismael Gomes Braga e de Leopoldo Cirne.
Depois que nos tornamos espírita,
apenas bastou, para consolidar nossa opinião, o dizer do Divino Amigo sobre
João Batista: Dos nascidos de mulher,
João é o maior.
Não precisamos de nenhuma outra
documentação.
As poucas palavras que Jesus
pronunciou e constantes de seu Evangelho de Amor e Luz nos bastaram e nos
penetraram o Espírito, fazendo-nos vê-lo como sempre o vimos: com um corpo
fluídico e o Espírito tão puro, tão grande, tão lindo, tão diferente de todos
nós, que nossa canhestra pena se sente incapaz de lhe traduzir a grandeza
imácula, a personalidade indescritível!
Depois da publicação daquele nosso
artigo, recebemos muitas cartas de vários confrades, uns aplaudindo-nos e
outros, em pequena minoria, criticando-nos e demonstrando-nos até o calor de
quem está contrariado com a nossa maneira de ver, sentir e traduzir o assunto.
Alguns irmãos chegam até a dizer-nos
que esta matéria é perigosa e que sua apreciação, mesmo em clima de elevação e
sem apaixonamento, desune os espíritas, fazendo-os desfraternizados ou
inimizados ...
E ficamos, deveras, num misto de
surpresa e de tristeza, para agora lhes perguntar, humilde e sinceramente: em
que mundo e época estamos que divergir
quer dizer desunir? opinar sobre a Doutrina, contrariando pontos de vistas de
terceiros, seja crime de lesa-união?! ...
A própria Natureza, diz um
evangelizado escritor, nos dá, diariamente, uma lição da diversidade na
unidade. Dessemelhança de cores e aspectos no mundo vegetal, principalmente, jamais
concorreu para desarmonizá-lo; antes, como nos demonstra, é uma vitória da unidade na diversidade, e com a mesma destinação de servir, isto é, de amar e
nem sempre ser amado...
O Espiritismo codificado por Allan Kardec e valorizado em sua
conceituação por outros enviados de Deus, à frente J.-B. Roustaing, para que, de vez, penetre e trabalhe o Espírito
dos que o buscam, precisa ser estudado e praticado, sem espírito de sistema.
Quem assim o fizer, olhando o Mestre
como o Modelo das Virtudes e o Grande Vitorioso do amor que sabe, alcançará o
espírito da letra das verdades cristãs e também sentir-se-á inundado daquela
luz que penetrou Saulo, tirando-lhe as escamas do orgulho para que ele visse e
sentisse Jesus, e o seu objetivo, descendo das Alturas para as trevas da Terra,
sofrendo e amando para nos trazer a salvação.
Por isso mesmo, em nossas palestras
e em nossos pequenos livros, sempre e sempre, nos
damos pressa de ressaltar lhe os ensinos, as parábolas, as lições do seu Grande
Livro, o Evangelho, concluindo que: não é verdadeiramente espírita quem não
procurar domar suas paixões e lutar por ser melhor hoje mais do que ontem e,
amanhã, mais do que hoje.
Porque, a nosso ver e com a nossa
experiência de 40 anos de Espiritismo, cultuando, no lar, o Livro da nossa
redenção, compreendemos que, ele, o Espiritismo, não é apenas uma Religião, mas
a própria RELIGIÃO, visto que é o único que, através de sua exegese, religa a
criatura ao seu Criador e consegue, espontaneamente, ou pelo benefício da dor,
tornar-nos menos orgulhosos e mais moralizados, mais caridosos, verdadeiros
filhos de Deus!
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