Zamenhof, seu filho Dr Adão e o poeta A Grabowski
A
Estranha Missão de Eliazar
Indalício
H. Mendes
Reformador (FEB) Julho 1978
Tendo diante de nós excelente livro
devido à mediunidade de D. Dolores Bacellar, pusemo-nos a
examiná-lo com profundo e desvelado interesse. O título, sugestivo e belo -- A Canção do Destino, espicaçou-nos a
curiosidade. Fomos ao índice e vimos nomes conhecidos de intelectuais
brasileiros, como Medeiros e Albuquerque, Monteiro Lobato, Coelho Neto,
Bernardo Guimarães e Artur Azevedo, além de Benedita Fernandes (que militou no
movimento espírita brasileiro) e outros, que, sem dúvida alguma, na
simplicidade de suas referências, possuíam a autoridade que o serviço cristão
confere aos obreiros verdadeiramente fiéis às suas responsabilidades
espirituais, como Alfredo, Estevina
Magalhães, Irmão Bernardes, Irmão Camilo, Irmão Herculano e Um Jardineiro.
A apresentação da obra já era, por
si mesma, uma afirmativa do seu enorme valor, pois trazia a assinatura do nosso
querido e sempre lembrado Ismael Gomes
Braga, hoje também integrando as turmas coesas de obreiros da
Espiritualidade. Diz ele, com a autoridade
que sempre revelou em seus testemunhos: "O valor educativo desta obra está ao alcance de todos. Sua finalidade é
Instruir, educar, orientar, pelo mais encantador dos processos: contando
histórias cativantes, das quais decorrem os ensinos. Serve para um sábio do
mesmo modo que para uma criança." Absolutamente exato.
Escolhemos para este artigo "A Estranha Missão de Eliazar",
porque se refere muito particularmente ao genial criador do Esperanto, Dr. Lazarus Ludwig Zamenhof, que
desempenha relevante atividade, no Plano Invisível, sob o nome de Eliazar. Uma nota da Editora
esclarece: "Na edição hebraica do
"Fundamento de Esperanto", o nome do Dr. Zamenhof aparece como Eliazar,
embora ele fosse mais conhecido como Lazarus, que é uma variante de Eliazar e significa igualmente o
"Ajudado por Deus". A médium não conhece sequer o alfabeto hebraico e
não poderia saber que Zamenhof se
chamava Eliazar. Devemos interpretar
neste conto o nome da personagem como sendo, real ou alegoricamente, o
iniciador do Esperanto. Outra informação preciosa que colhemos logo no início do conto
é que a missão de Eliazar - de
estabelecer a Fraternidade Universal - já é milenária. Existe já um trabalho
preparatório muito longo antes de chegar à fase da Língua Internacional, pela
qual trabalhamos hoje."
Desejamos fazer um reparo assaz
importante. Enquanto a nota acima diz e repete que se trata de "um conto",
o Espírito Alfredo, logo nas
primeiras linhas de sua mensagem, elucida significativamente: "O que escrevo não é propriamente
"conto"; é, sim, o relato de um momento
crítico vivido pelas nações terrestres e testemunhado por nós, discípulos de Eliazar, que o acompanhávamos sempre em
suas excursões à Terra, onde o esclarecido Espírito exerce, há milênios, a
missão de despertar as almas para os albores da Fraternidade Universal." (P. 249)
Por conseguinte, o trabalho
intitulado "A Estranha Missão de Eliazar"
não é ficção, mas produto real da observação feita por um grupo de Espíritos em
tarefas cristãs.
Tentamos resumir, nas linhas que se
seguem, o que se encontra no capítulo referido, com a preocupação de não
eliminar o que nos pareceu verdadeiramente essencial.
*
Multiplicavam-se, num Congresso
Internacional pela Paz, as negociações e artimanhas políticas dos homens,
presos a confusos e lastimáveis interesses pessoais e de grupos, para os quais
as guerras são sempre lucrativas, não lhes preocupando a miséria humana,
as lágrimas da viuvez e da orfandade. Enquanto isso, alguns poucos realizavam
inauditos esforços para evitar o pior, tentando fixar um denominador comum para
as controvérsias que dividiam os homens, em nome do nacionalismo ferrenho ou de
uma democracia que se lhes enquistava nos lábios, jamais descendo ao coração.
A minoria benévola, sem o saber,
recebia do Alto intuições maravilhosas, para que não desanimasse na defesa da
paz, buscando impedir que a Humanidade mergulhasse em uma grande e generalizada
chacina. A situação era angustiante; as perspectivas se apresentavam sombrias.
O medo torturava os mais sensíveis e espalhava no ambiente as vibrações
negativas que podem levar ao terror.
Entrementes, Angelo, um dos mentores dos planos evangelizados, que lutava,
juntamente com Eliazar, pela
implantação da paz, e seus discípulos foram convocados e instruídos para
presenciar, em tal Congresso, as discussões dos políticos de diversos países em
torno de problemas que envolviam a autonomia de povos fracos, acossados por
nações poderosas.
Os oradores se utilizavam dos
idiomas que lhes eram próprios, mas, na realidade, nem sempre as imediatas
traduções espelhavam o sentido real dos discursos, pois, insuficientes ou
deturpadas pela impossibilidade de uma reprodução fiel do pensamento de cada
um, criavam situações embaraçosas, ora cômicas, ora trágicas... Todos diziam
pretender a paz, mas a confusão dos idiomas gerava dúvidas, mal entendidos,
protestos, num clima evidentemente desfavorável à confraternidade, perdurando a
incerteza e a desconfiança recíprocas, justamente porque muitos simulavam nas
palavras os verdadeiros sentimentos que os animavam, comprometidos por interesses
subalternos.
Eliazar,
em absoluta concentração, projetava sobre a assembleia fluidos magnéticos,
vibrações de amor, para que os delegados a tal Congresso pela Paz Mundial se
entendessem. Foi quando o Espírito
Alfredo, diante da confusão estabelecida, perguntou-lhe:
- Por que as discussões destes
homens são tumultuosas, se todos eles visam ao mesmo fim - a Paz?
Por dois motivos fundamentalmente
contrários à boa harmonia entre os homens. Primeiro: muitos destes irmãos estão
dominados por um auto interesse. As suas palavras não condizem com os
pensamentos íntimos. Por isso estão imantados a influências espirituais as mais
negativas. Quando os homens - continuou Eliazar,
no caso Zamenhof -, se reúnem para
discutir em prol da Paz terrestre, comparecem em suas assembleias duas forças
contrárias, uma, negativa, adversa aos bons propósitos, e outra, positiva,
favorável ao Bem.
E Eliazar mostrou a Alfredo
falanges das trevas, que eram como que chefiadas pelo "gênio do Mal, visto
por Zoroastro - Ahriman". Seus fluidos atuam sobre os irmãos vencidos pelo
egoísmo, movimentando-os como se fossem marionetes. Adotam atitudes falsas,
enganosas, porque, na verdade, seus sentimentos abrem oportunidades ao trabalho
nefasto de entidades empolgadas pela sombra.
Eliazar
foi apontando a Alfredo cada um dos
elementos dominados por Espíritos trevosos. Um, senhor das mais ricas minas de
ferro do mundo; outro, detentor de patentes de inventos mortíferos; outro mais,
com sólidos interesses em indústrias de carvão e aço, fábricas de armamentos,
etc.
E Eliazar, penalizado, ponderou:
- Nas mentes desses senhores, o
interesse fala mais alto que o Direito e a Justiça... Enquanto suas vozes forem
ouvidas nos Congressos Pró-Paz, o fantasma da guerra assombrará a Humanidade
terrestre...
- Mas, por que, então - atalhou Alfredo -, as forças do Bem não lhes
interceptam as ações?
A resposta foi pronta e
esclarecedora. Para ela chamamos a atenção dos que estão lendo este relato
verídico de Eliazar:
- Porque o Bem não vai de encontro a
nenhuma Lei Divina. Isto seria ferir o livre-arbítrio das criaturas, violentá-las
em seus sentimentos.
Alfredo
insistiu, interessado:
- Entretanto, os gênios de Ahriman
impelem os seres ao Mal.. Não é isto uma violação das Leis divinas de
Fraternidade e Amor? E essa violação não é feita aos olhos de Deus.
Impunha-se maior esclarecimento. E Eliazar, com brandura, respondeu:
- Aos olhos de Deus, o Bem e o Mal
não existem a não ser em função da Sua Justiça. Deus não castiga nem
recompensa, porque Ele sabe que os seres erram não por maldade nata, mas por
ignorância das Leis de Causa e Efeito. Quando os homens sentirem que são réus
perante estas Leis que regem os destinos e se propuserem à corrigenda, então
contra eles nenhuma influência exercerá Ahriman, porque Ahriman existe em
função dos erros humanos. Todo aquele que encontra o caminho da Regeneração
traçado pelo Mestre está contribuindo para exterminar o Mal da face da Terra...
Se bem compreendemos a palavra de Eliazar, Ahriman é apenas uma figura
simbólica do Mal, e este não deixa de ser, de certa maneira, um instrumento
criado pela ignorância do Bem, destinado a despertar os Espíritos surdos ou
indiferentes à Lei Divina para o Bem, pois atingem preferentemente os que ainda
possuem antigos débitos a resgatar. Um dia, à
própria custa, os Espíritos empenhados na prática do mal sentirão a consciência
atormentada e serão os primeiros a desejar livrar-se das pesadas cargas que voluntariamente
puseram sobre si, compreendendo que o mal leva sempre à dor, à desgraça, ao
desespero. Cansados das perversidades perpetradas, experimentarão o desejo de
fuga e, então, "amadurecidos", se renderão à influência do Bem.
Considerado sob tal ponto
de vista, o Mal é, através dos remorsos das consciências inquietas, do
arrependimento que é o primeiro sinal de salvação à vista, um instrumento de
corrigenda de quantos ainda possuem saldos negativos de existências pregressas.
Ansioso por maior elucidação, Alfredo perguntou:
- Dissestes, no princípio, Venerável
Eliazar, que eram dois os motivos
básicos que obstavam à boa compreensão entre os homens, quando discutiam meios
de evitar a guerra, cancro que os extermina desde o aurorescer do gênero
humano. Falastes de um: do egoístico
interesse que os domina. Mas qual o outro motivo essencial que lhes dificulta a
fraterna compreensão?
- A falta de uma língua comum a
todos os povos. Uma língua internacional - completou Eliazar.
- Não compreendo...
- Logo compreendereis... Se os
homens discutissem, em linguagem conhecida de todos, os assuntos de interesse
geral, chegariam, sempre, a um acordo, economizando tempo e trabalho.
- Sim, tendes razão. Eles, porém,
não possuem já uma língua internacional - o Esperanto?
- Já a possuem - respondeu Eliazar -, mas não oficialmente aceita
pelos povos... Há países até em que o estudo do Esperanto é proibido por seus
governos.
- Por que, se essa língua conduz à
Paz?
- Por isso mesmo. É que ainda há
almas que somente sabem respirar numa atmosfera de terror e destruição. São
elas remanescentes daquela época em que certos espíritos vibravam de satânica
alegria diante dos corpos martirizados dos primeiros cristãos, queimados
nas praças públicas e nas arenas dos circos de Roma e Alexandria...
As repetidas encarnações para essas
pobres almas passam como as mudanças de peles nas serpentes: modificam lhes o
aspecto, não a ferocidade. As encarnações, nessas almas, não lhes aprimoram os
instintos, que em nada as diferenciam dos primitivos trogloditas.
Como chegasse o instrutor espiritual
Ângelo, apreensivo, o diálogo se
interrompeu. No Congresso, os líderes não chegavam a um acordo, embora lá
houvessem ficado, por determinação de Ângelo, devotados Espíritos com a função
de serenar os ânimos, através de
passes magnéticos adequados. As vibrações negativas, no entanto, recrudesciam. Ângelo externou a opinião de que a
guerra parecia inevitável. Eliazar,
porém, confortou-o:
- Não percamos a fé, amado Ângelo. Não nos esforçaremos
inutilmente ... Trabalhamos, não pela paz de um dia, mas por aquela Paz que há
de reinar por todo o sempre. Hoje lançamos as suas sementes; só amanhã
colheremos os seus frutos.
Em seguida, Eliazar entrou em prece e seu belo rosto resplandecia de Paz
interior.
O orador, que naquele momento
discursava, deixou de exaltar-se e adotou mais harmônico e comedido diapasão,
Profligava a guerra, lembrando as consequências gravíssimas de um novo
conflito. Apelou para que os mais intransigentes contribuíssem para favorecer a
paz que se buscava proteger. Chegara a ser patético. Embora seu país houvesse
sofrido inesperada invasão de um vizinho poderoso, sua palavra era serena e
conciliadora.
Mas o representante do país invasor,
cercado de entidades tenebrosas, perorava com arrogância. Persistia em dizer
que seu governo era "realista" e chegara à conclusão que se tornava
preciso orientar e guiar os povos "bárbaros":
- Povos, Senhor Presidente - dizia
ele -, distanciados séculos da Civilização. Não rompemos tratados, fomos, isto
sim, em socorro dos irmãos de ideais que nos estendiam os braços, escravos do
estrangeiro que os traz acorrentados ao seu poderio, explorando lhes as
energias gastas no trabalho, cujos maiores lucros vão favorecer os cofres de
certas organizações. Houve naquele protetorado, Senhor Presidente, uma
revolução e os seus bravos chefes, que lutaram pela independência da pátria
asfixiada, pediram ao meu país, além de armas e munições, o auxílio de nossas
brigadas, sempre prontas à luta em prol de ideias que defendam as classes
sacrificadas. Não invadimos fronteiras; socorremos, auxiliamos a irmãos.
Aparteado, o orador, enfurecido,
teve de ouvir estas palavras:
- Atendestes ao apelo dos agentes de
vosso governo, infiltrados nos organismos das pátrias, como cancros malignos!
As entidades trevosas exultavam com
a contenda.
Fizemos questão de reproduzir o
diálogo, ainda que sintetizado, para que se tenha uma ideia de como agem os
elementos perturbadores da Espiritualidade inferior, sempre que encontram
ressonância para as suas baixas vibrações.
Ninguém se iluda. Legiões de maus
Espíritos desceram à Terra, reforçando suas falanges, para que seus desígnios
maléficos possam triunfar mais depressa. Eis por que todos devemos usar o
recurso da prece, a fim de dar aos bons Espíritos a cooperação de
que, também sob esse aspecto, eles necessitam para a defesa da Humanidade.
Eliazar
e seus companheiros seguiram todos os trabalhos posteriores e cada vez mais se
assegurava ele de que a falta de confiança entre os homens, principalmente nas
reuniões de indivíduos de falas diferentes, se acentuava devido à inexistência
de um entendimento verbal direto. E comentou:
- A falta de uma língua comum se faz
sentir em momentos como este, de incontestável gravidade. Neste caso, onde os
interesses falam mais alto que o senso de justiça, seria necessário que uma voz
plena de altruísmo e saber - voz que se fizesse ouvir por suas virtudes e
compreender por todos - chamasse estas almas à razão, convocando-as ao dever de
amor ao semelhante. Estes homens não se compreendem: falam e pensam como
estranhos. Estão separados não somente pelas fronteiras terrenas, mas pelos
sentimentos e costumes, pelas crenças e ideais e, principalmente, pela muralha
das línguas... Pensam através de ouvidos alheios, na dependência de intérpretes
por vezes inábeis para traduzirem o sentido oculto das palavras, que se esconde
na inflexão.
Esperemos que o Homem compreenda,
premido por suas próprias necessidades, que a par do vocabulário pátrio deve
aprender o Esperanto, a língua trazida à Terra por inspiração divina. O
conhecimento desta língua daria asas à inteligência humana, que se alçaria a
alturas jamais sonhadas. O pensamento religioso e científico, todas as
aquisições intelectuais e morais - Política, Arte, Filosofia - tornar-se-iam
conhecidos dos homens, livres de deturpações, pois que em Esperanto seriam eles
expressos diretamente. A Humanidade sentir-se-ia uma só família, irmanada pelo
verbo comum a todos, pois quando falamos a mesma linguagem não nos sentimos
estrangeiros. Mas, enquanto aguardamos que a Torre de Babel seja demolida de
todo da face da Terra, oremos e trabalhemos pela
compreensão
universal.
Respondendo a outra pergunta de Alfredo, Eliazar disse que os homens ainda seguem o Mal porque lhes falta
aptidão para seguir o Bem. E frisou, com admirável precisão:
- Cada Humanidade tem o mundo que
merece; cada homem a vida correspondente aos seus sentimentos. O meio onde
estamos situados reflete a nossa alma. Quando vemos um campo cultivado,
sentimos que é habitado por homens operosos; se presa de ervas daninhas, que ali
imperam a negligência e a inatividade... O homem laborioso é o Bem; o
preguiçoso é o Mal. O Bem usufrui os benefícios do próprio esforço; o Mal vive
sofrendo a privação de bons frutos, em virtude de sua própria indolência. O Sol
nasce para todos, mas somente o veem, em todo esplendor, aqueles que cedo
despertam... O Mal não existiria se o homem não o criasse com as suas próprias
mãos... Como também o Bem só existe em função
do homem. Para Deus, estes sentimentos são estados d’alma de Suas criaturas. São
os reflexos das mentes sãs ou doentias que desaparecerão quando elas
compreenderem que o Amor é o natural estado dos seres e não acidente. O Mal
desaparecerá quando cessarem
as causas e os efeitos por ele provocados... "
Dava Eliazar, dessa forma, outra estupenda lição sobre a sabedoria
divina, sublinhando a infalibilidade da ação cármica:
- Os homens, através das ações,
determinam seus próprios destinos. Somos, pois, senhores de nossas vidas,
dependendo o bem-estar futuro do labor do presente. Quando o Homem tiver
capacidade de amar; quando souber vibrar em uníssono com as Leis divinas, justo
será e lógico que o seu mundo se eleve à condição de Céu, porque o mundo em que vivemos reflete as nossas ações e os nossos
sentimentos. Todo sofrimento tem suas raízes no passado. Ninguém sofre
inocente. Certamente, as ações de agora destes irmãos serão medidas e pesadas e
servirão de contrapeso na Balança da Justiça Divina quando forem avaliados os
seus méritos.
Entrementes, os delegados à Assembleia
das Nações, convocados para dirimir a questão já mencionada linhas atrás,
mantiveram seus pontos de vista, a maioria impelida por suas próprias
conveniências; a minoria sem perceber bem o que fazia... Somente um
pequeno número votou, conscientemente, em prol da Paz. A maioria,
cavilosamente, manifestou-se pela neutralidade...
Meditando sobre esses episódios, dos
quais ressalta o importante papel que os Espíritos do Bem desempenham para
beneficiar a Humanidade, voltamos o pensamento para as célebres reuniões
políticas que precederam o desencadear da II Guerra Mundial, em 1939, e,
depois, para a conferência de Yalta, cujos segredos mais íntimos ainda não
foram revelados, mas onde o temor e a tibieza transferiram, das mãos de um
déspota para as de outro, a influência de ideologias conflitantes em essência,
ambas, porém, igualmente prejudiciais ao equilíbrio social, político e moral do
mundo. A História já deixou claro que o medo de que um mal tangível se
expandisse, para desgraça da Humanidade, não deixou se visse que outro mal, de
igual potência nefasta, se fortaleceria logo que lhe atribuíssem função
predominante na política mundial. Os Espíritos trevosos estavam, nesse poker
sinistro, com dois jogadores portando trunfos idênticos, podendo blefar os
outros participantes quando a partida atingisse o clímax. E foi o que
aconteceu, para confirmar as profecias...
0s espíritas, porém, creem no poder
do Evangelho, sabem como se desenvolve na Terra a lei cármica (de ação e
reação) e confiam no futuro reservado à Humanidade. Pensam, portanto, como Eliazar, quando Alfredo, preocupado com a continuação da guerra, dele obteve estes
esclarecimentos:
- O conflito vai ferir apenas uma
pequena parte do globo. Mas, creiam: o mundo se aproxima da sonhada Paz. Os
caminhos que levarão o homem até ela vêm sendo delineados pelos séculos a
fora.. Citaremos três desses caminhos que, se trilhados, conduzirão à Paz, à
Felicidade, ao Céu: Evangelho, Espiritismo, Esperanto. Um, prolongamento do outro, porque o Evangelho conduz ao
Espiritismo e este ao Esperanto. Indicar estes três caminhos é a nossa missão,
o objetivo santo de todos os obreiros de
Jesus.
E Eliazar calou-se. Alfredo,
em silêncio, entregara-se a um solilóquio: " ... que importa uma fração do
Tempo aos Missionários de Deus? Mil anos na Terra são um minuto na Eternidade
... O Sol da Paz fulgirá! Hoje?.. Amanhã?.. Que importa o tempo? Aos olhos de
Deus não existe tempo nem espaço: tudo é Infinito.."
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