Rainha Angelical
Anália Franco
por Divaldo Franco
Reformador (FEB) Maio 1962
Mãezinha:
para coroar-te a cabeça já adornada
da luz do sacrifício, fiz-me garimpeiro de estrelas para tecer uma grinalda de
brilhantes com que pudesse expressar-te meu infinito amor.
Vendo-te encanecer, a pouco e pouco,
enrugando a face antes lisa e rosada, procuro compreender as inúmeras dores que
por mim sofreste, e sinto quantos tesouros de renúncia
e aflição foste constrangida a guardar nos cofres sublimes do coração.
Quantas noites de tormenta
suportaste, em silêncio, heroína do amor? Nem tu mesma poderias enumerar.
Há quem finja não conhecer tuas
dores, procurando ignorar as tuas vigílias glorificadoras. Nada reclamas,
porém. Sabes identificar, no filho ingrato, somente o espírito enfermo
e nunca descerras os lábios para reclamar.
Certa de que maternidade é
sacrifício, apagaste a luz que alimentava teus sonhos de
menina e moça para que toda a, vida se consumisse na felicidade dos rebentos
com que
Deus coroou tuas ansiedades....
Quando os filhos queridos se alçam
às culminâncias sociais, somente raros recordam das tuas aflições. No reduto de
solidão, porém, a que te acolhes, distendes o amor em cânticos de oração, fruindo,
esquecida muitas vezes, a felicidade que eles não desejam repartir contigo.
Mas se a ventania os arrasta, não
aguardas que te chamem. Vigilante, estás sempre de
pé, no campo de luta para os defender...
Rainha angelical do amor,
transformada em estátua de agonia, és a alma da vida construindo
a Eternidade, em nome do Supremo Pai.
Mensageira do Céu, és a vida da alma
em forma de estrela na Terra.
Deixa-me, agora, depois de tantas
lutas, coroar-te a cabeça com as fulgurantes estrelas do firmamento, perfumando
tua alma com os suaves aromas das rosas raras de Jericó,
que adornaram Maria, a Mãe de Jesus, rainha de todas as mães.
Mãezinha, no Dia de todas as mães,
eu te bendigo, rainha querida do meu coração.
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