Desvio de Milênios
por Antônio
Túlio
Reformador
(FEB) Jan 1956
Num precioso livro com o título “Heilung
durch den Geist” (Cura através do espírito), Stefan Zweig
estuda a arte de curar através dos tempos e demonstra que a medicina primitiva
achava-se estreitamente ligada à religião e à moral. Sentia-se que a doença era
consequência do pecado, castigado pelos deuses, e só os sacerdotes tinham poder
de curar, repacificar o pecador com os deuses ofendidos.
O tratamento do doente era sempre
ato religioso.
Depois de tal demonstração histórica,
o autor nos mostra o renascimento dessa velha convicção em três escolas
modernas, sem ligação entre si, que tratam os doentes por processos
espirituais, sem drogas nem remédios materiais.
A primeira citada por ele é de Mesmer,
de cura pelo magnetismo, por meio de passes e de sugestão. A segunda é de Mary
Baker Eddy, que surgiu nos Estados Unidos com o nome de “Christian Science;
(Ciência Cristã) e cura pelo estudo da Bíblia e do livro moral da autora. A
terceira é a do médico austríaco Sigmund Freud, Psicanalista, que atribui as
enfermidades a recalques morais e os trata por processos morais.
Segundo Stefan Zweig, esses três
processos diferentes de tratar doentes demonstram que o materialismo da
Medicina foi um desvio milenário, consequente do triunfo das ideias
materialistas no mundo científico, mas não deu resultados satisfatórios e a
Humanidade tende a regressar ao método primitivo de ligar medicina com moral e
atribuir as enfermidades a erros morais.
O novo livro de André Luiz – “Nos Domínios
da Mediunidade” - não só confirma essas suposições
de Stefan Zweig, como vai muito mais longe, porque, conhecendo a reencarnação,
pode explicar as doenças e deformidades de nascença as causas remotas das
enfermidades, sempre com base em erros morais ou pecados. É o regresso em cheio
à medicina primitiva, porém com inteira luz sobre os casos de enfermidades.
Não só as doenças como todos os
outros males que afligem a Humanidade são produtos do pecado, são maus hábitos
velhos ou novos que têm de ser corrigidos para que o homem entre no caminho da
saúde e da felicidade reais.
Quando toda a Humanidade conhecer
estes ensinamentos e os aceitar integralmente, como terá de ser um dia, mais
cedo ou mais tarde, medicina e moral se fundirão num só grupo de conhecimentos
práticos para criar a Humanidade nova do porvir.
Não importa que o materialismo
médico já tenha milênios de existência e que tenha feito belas e úteis
descobertas. O Materialismo tem que desaparecer, porque o futuro pertence ao
Espírito, como nos diz Emmanuel no prefácio do mesmo livro, e essas belas
aquisições da Ciência irão auxiliar a compreensão da parte espiritual das
enfermidades.
Não haverá a dualidade Ciência e
Religião de hoje, mas um só grupo de conhecimentos de aplicação prática na
vida. Moralidade será sinônimo de saúde e imoralidade terá o mesmo sentido de
doença. Sacerdote, médico, moralista, será o mesmo Mestre.
Quem aceite os ensinos de André Luiz
no livro “Nos Domínios da Mediunidade” não tem que esperar essa evolução da
Ciência para mudar sua conduta; ao contrário, tem que ser pioneiro da nova
ideologia e demonstrar que à transformação moral corresponde o melhoramento na
saúde, salvo quanto às fundas raízes no terreno escuro do passado que não
poderão ser removidas subitamente, porque terão ainda que produzir seus penosos
esforços. Por haver mudado de conduta, o criminoso não fica absolvido dos
crimes do passado, pelos quais já esteja condenado, apenas não cometerá novos
crimes para o futuro e poderá receber diminuição da pena, levada em conta sua
boa conduta na penitenciária. Isto na justiça humana. Na Justiça Divina se dará
coisa ainda melhor: o condenado cumprirá com perfeita resignação o resto da
pena, recebendo desde já alegrias novas e maiores energias pela perfeita
observância ativa da Lei.
O Espiritismo não é somente a
delícia de encantadores conhecimentos que nos levam à adoração, como a
Astronomia, é mais: é um Código de conduta obrigatório para todos.
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