Médiuns Católicos
José Monteiro da
Silva
Reformador (FEB) Agosto 1944
O fato que vou narrar foi tomado
da obra "O Mundo Invisível no Mundo Visível", do ilustre Rev. Padre
Anthelmo Goud, página 262 - Tipografia do "Apóstolo", rua Nova do
Ouvidor, 14, publicado em 1881. É caso típico de desdobramento da personalidade
seguido de transporte de objetos materiais, fatos já bem estudados pela ciência espiritista. O médium no caso é o próprio São Front,
primeiro bispo de Périgueux. O padre Anthelmo, depois de citar a obra
"Vida de Santa Marta", de Rabano Mauro, de onde extraiu o dito fato,
escreve:
"Front, bispo de Périguex, e Georges,
bispo de Puy-en-Veley, são perseguidos, expulsos de suas sés, e refugiam-se
perto de Marta. Ela reza por eles, e sendo as sedições acalmadas por suas
orações, os manda de novo às suas dioceses. Mas tomando a Front à parte,
diz-lhe: "Tu sabes que o dia de minha morte se aproxima; promete-me vir
assistir aos meus funerais?" - Hei de assistir a eles, responde o santo,
por pouco que Deus me deixe de vida.
Um ano mais tarde morre Santa
Marta. Consagram-se sete dias para a preparação de suas exéquias e acorrem de toda
parte as povoações avisadas por fogueiras acesas nas florestas - "accensis
ignibus per nemora". Estando tudo pronto, a grande e piedosa assembleia
acha-se reunida na igreja. Pois bem, naquela mesma hora, São Front estava a celebrar os santos ofícios na sua igreja de
Périgueux: adormeceu na sua sede esperando a chegada dos fiéis, e apareceu-lhe o
Cristo que lhe disse: "Vem, meu filho, cumprir a tua promessa de assistir
aos funerais de Marta."
No mesmo instante, e como em um
lançar de olhos ("pariter in ictu oculi") foram vistos na igreja de
Tarascon dois personagens misteriosos, tendo cada um livro na mão, colocarem-se
um ao lado da cabeça da defunta (era Jesus Cristo), outro ao lado de seus pés
(era o bispo) e ambos, depois de terem depositado o precioso corpo no sepulcro,
demoraram-se perto dele com grande admiração por parte do povo, e não se
retiraram senão depois de acabado o serviço fúnebre. Então, somente, um
sacerdote os segue, pergunta ao Senhor quem é e de onde vem, e o Senhor sem
responder lhe dá o manuscrito que tinha na mão. Esse sacerdote vai para o
túmulo e mostra a todos aquele livro em que se achava escrita em cada uma de
suas páginas a seguinte frase: "Marta, hóspede de Jesus Cristo, nada tem
que temer, e eterna será sua memória". Não havia mais uma palavrar em todo
o manuscrito.
No entanto, o que se passava em Périgueux,
sé episcopal, de São Front?
Um momento antes um sacerdote acordara
o bispo adormecido (São Front), prevenindo-o de que a hora de se principiar a
missa já tinha desde muito passado e que o povo começava a ficar Incomodado.
"Não vos perturbeis, respondeu o pastor, e não vos canseis de esperar,
porquanto neste momento estou em Tarascon (em
espírito ou em corpo; só Deus sabe), ocupado com meu Salvador nas
exéquias de Marta, como eu lho prometi." E um pouco mais tarde,
acrescentou: "Enviai agora a Tarascon um próprio que possa trazer meu anel
e minhas luvas, que acabo de remeter ao sacristão enquanto eu sepultava a
santa."
O povo escuta, admira e manda
imediatamente a Tarascon. Os desta cidade respondem sem demora, dando todos os
pormenores possíveis sobre o dia e a hora do ofício, sobre a personagem
venerável e desconhecida que acompanhava o bispo Front, por eles muito
conhecido há muito tempo; ao depois remetem aos enviados o livro, o anel e somente
uma das luvas confiadas ao sacristão, porque querem conservar uma em sua igreja
como testemunho do milagre, e efetivamente a guardam."
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