O
Decálogo
Rodolfo
Calligaris
Reformador (FEB) Janeiro 1973
O Decálogo ou os 10 mandamentos da
lei de Deus acha-se registrado duas vezes no Velho Testamento: a primeira, em
Êxodo, 20:2 a 17, e a segunda, com pequenas diferenças de redação, em
Deuteronômio, 5:6 a 21.
Quem o teria transmitido, para a
edificação dos terrícolas?
Durante muito tempo, enquanto se
concebia Deus como uma entidade antropomórfica (com formas humanas),
acreditava-se que fora ditado diretamente pelo Criador
a Moisés, no monte Sinai
A ideia que se faz atualmente da
Divindade torna inadmissível tal suposição, prevalecendo
a crença, muito mais verossímil, de que essa estupenda revelação nos foi
trazida não pelo próprio Deus, que jamais foi visto por qualquer mortal (como a
Bíblia nos instrui), mas sim por um Seu mensageiro (anjo, Espírito sublimado,
ou qualquer outro nome que se lhe queira dar). Isto, no entanto, carece de
importância.
Anjo
e Deus são termos usados com muita
frequência no Velho Testamento com a mesma significação. Assim, embora não seja
exato que "o Senhor falava a Moisés cara a cara, como um homem costuma
falar a seu amigo" (Êxodo, 33:11), não padece a menor dúvida de que esse
grande profeta (médium, na terminologia espírita) mantinha, mesmo, reiterados
colóquios com o Mundo Espiritual, especialmente com os guias e protetores do
povo judeu, do qual se fizera líder inconteste.
Aliás, já nos primórdios do
Cristianismo, os discípulos de Jesus não criam na comunicação
direta de Deus com Moisés, mas sim através das potestades espirituais.
Haja vista o discurso de Estêvão
perante o Sinédrio, em que, defendendo-se das acusações que lhe faziam, de
haver blasfemado contra Moisés, e reafirmando sua veneração por ele, assim se
exprime (Atos, cap. 7):
"A este Moisés, ao qual desprezaram, dizendo: Quem te fez a ti príncipe,
e juiz?A este enviou Deus
por príncipe e redentor, por mão do anjo que lhe apareceu na sarça... " (v. 35).
"Este é o que esteve na assembleia
do povo, no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, do qual recebeu
palavras de vida, para no-las transmitir" (v. 38).
É certo, ainda, que, ao ser ditado a
Moisés, o Decálogo constava de preceitos breves
e incisivos, que puderam ser gravados em duas tábuas de pedra, facilmente
transportáveis, sendo-lhe feitos, posteriormente, vários aditamentos, contendo
promessas de recompensas aos que o pusessem em prática, assim como ameaças a
quem deixasse de dar-lhe cumprimento.
Esses dez mandamentos, baseados na
lei natural, constituem um código de conduta e referem-se aos deveres da
criatura para com o Criador, para consigo mesma e para com o próximo.
São, pois, eternos, irrevogáveis, e
alcançam a Humanidade inteira, sem acepção de raça, crença, etc.
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